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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Abertos há um ano, museus blumenauenses comemoram 15 mil visitas

No segundo semestre deste ano, três museus blumenauenses - Museu da Hering, Museu de Hábitos e Costumes e Museu dos Clubes de Caça e Tiro - completaram um ano de funcionamento. Juntos, mais de 15 mil pessoas passaram pelos espaços. O resultado, na opinião dos coordenadores dos espaços, são animadores.

Entre os três museus, o que registrou o maior número de visitas de acordo com os livros de assinatura foi o da Hering: 8.643 em 12 meses, uma média de 720 pessoas por mês. A casa, que um dia foi o refeitório dos funcionários, hoje abriga da história da família e da empresa que leva o nome de Blumenau país afora. A justificativa para tamanho sucesso, segundo a coordenadora da instituição, Mariana Girardi Barbosa Silva, é a interatividade e a tecnologia aliadas à história:

- Por ser um museu diferenciado, semelhante aos de grandes metrópoles, provoca a curiosidade do público ao permitir a interação com o acervo, que é constituído de mídias digitais, peças de vestuário e de maquinários antigos.

Com o resultado, o Museu da Hering figura em segundo lugar em termos de visitação na cidade. No entanto, ainda está muito abaixo do tradicional Museu da Cerveja, inaugurado há 15 anos. Somente de janeiro a outubro deste ano, a instituição que abriga a história da cerveja recebeu 38 mil visitantes, uma média de 3,8 mil por mês. O número não assusta as coordenadoras dos outros museus. Diretora de Patrimônio Histórico-Museológico da Fundação Cultural de Blumenau e responsável pelo Museu de Hábitos e Costumes, Sueli Petry acredita que essa frequência não reflete a realidade.

- O Museu da Cerveja fica na Praça do Biergarten, ponto de parada de todos os ônibus de turismo que chegam a Blumenau. Mas eles ficam parados por 15 ou 20 minutos, tempo insuficiente para conhecer o museu de verdade. Muita gente só entra e sai. E, com o tempo reduzido, os turistas não conseguem atravessar a rua e visitar os outros museus - explica Sueli.

A diretora se refere ao complexo instalado na Rua XV de Novembro e na Alameda Duque de Caxias (como é conhecida Rua das Palmeiras), onde estão Museu da Família Colonial, o Mausoléu do Dr. Blumenau e o Museu de Arte de Blumenau (MAB). Entre eles, há também o Museu de Hábitos e Costumes, aberto no ano passado. Entre os mais recentes espaços voltados ao patrimônio histórico, inaugurados no ano passado, ele é o segundo com mais visitação: 362 visitantes por mês, ainda ficando atrás dos vizinhos mais antigos.

Com média de 133 visitantes por mês, o Museu dos Clubes de Caça e Tiro é o menos procurado entre os espaços inaugurados em 2010. Mas a coordenadora da instituição, Raquel da Silva Lindner, afirma que o número de assinaturas no livro de presença (único documento de registro de visitantes) não é totalmente verdadeiro.

- Nem todos os visitantes assinam o livro, entre 30% e 50% entram e saem sem se identificar. Mas isso não nos preocupa, pois conseguimos um bom número de visitantes e fizemos atividades culturais que envolvem todo o contexto histórico do clubes - complementa Raquel.

O que todas as coordenadoras têm certeza é que os museus nunca morrerão. Vão passar por modificações, se adaptar às novas tecnologias, procurar novas formas de divulgação e apresentação. Elas apostam nas crianças, um dos públicos alvos deste ambiente, que possuem a curiosidade de conhecer.

Interagir com o passado

Para a coordenadora do Museu da Hering, Mariana Girardi Barbosa Silva, o que faz a instituição ser a segunda mais visitada da cidade com apenas um ano de existência, completados em 30 de novembro, é o investimento em interatividade. E isto não quer dizer somente novas tecnologias, como telas touchscreen e vídeos.

Os visitantes que vão até a casa em estilo enxaimel no Bairro Bom Retiro, onde a Família Hering começou sua trajetória, podem movimentar um tear restaurado de 1889 e conhecer como funcionava um dos maquinários do final do século 19. Todas as visitas são monitoras, mesmo que por apenas uma pessoa. Mariana destaca ainda as atividades e ações educativas.

Além da exposição permanente, o espaço promove o Domingo no Museu, no qual proporciona ao público oficinas, mostras de vídeo e atrações culturais gratuitas. O projeto é divulgado durante as visitas semanais, em especial para os grupos escolares, que servem de multiplicadores e acabam trazendo pais, vizinhos e amigos para participarem:

- Museus sem alunos não são museus. O público escolar é de fundamental importância para que uma instituição museológica possa garantir sua função educativa e cultural.

Porém, a coordenadora não descarta que o nome da empresa e sua história atraiam a curiosidade de quem vem a cidade, assim como a proximidade da Hering Mega Store, que fica do outro lado da rua:

- O aumento do público tendo em vista a proximidade da loja é uma consequência. Muitos já vêm da loja com uma camiseta branca, pois na loja ouviram falar de nossa sala de customização e querem estampar suas camisetas para levar para casa.

Mariana contou ainda que todos ficaram bem contentes com a quantidade de visitantes, pois consideram os dados bem expressivos. No entanto, para o ano vem, ela disse as ações devem crescer e se aperfeiçoar para levar cada vez mais visitantes ao acervo.

Museu da Hering (Rua Hermann Hering, 1790, Bom Retiro). Visitação: ter a sex, 9h às 18h; sáb, dom e feriado, 10h às 16h. Grátis Fone: 3321-3340. Site: www.ciahering.com.br/museuhering

Visitantes são especiais

Para a diretora de Patrimônio Histórico-Museológico da Fundação Cultural de Blumenau e responsável pelo Museu de Hábitos e Costumes, Sueli Petry, o mais difícil em aumentar o número de visitantes é a falta de políticas públicas e de incentivo ao turismo cultural na cidade. Ela cita como exemplo as agências de turismo que fazem roteiros ligados ao turismo comercial e esquecem, muitas vezes, de mostrar um pouco da história da cidade mais profundamente, ficando somente nos ambientes externos, como a Rua XV de Novembro.

- A culpa não é somente das agências, pois a maioria dos turistas não têm paciência para fazer visitas. Fomos atrás de monitores para tentar incluir os museus nas rotas, mas a adesão é bem pequena - lamenta Sueli.

Ela traçou, mediante acompanhamento dentro das instituições, o perfil do visitante que realmente quer conhecer o conteúdo dos acervos: não vem a Blumenau em excursões, é esporádico, chega em qualquer época do ano e vem para conhecer a cidade de verdade. Além, claro, dos estudantes, que chegam aqui trazidos pelas escolas.

- O envolvimento das crianças é muito importante. É necessário formar os futuros frequentadores, até porque são eles que vão trazer os pais, os parentes, amigos - destaca a diretora.

Mas para fazer com que as pessoas criem o hábito de visitar os museus, é preciso haver um trabalho de todos, de mudança de mentalidade. Sueli conta, lamentando, que o próprio blumenauense não é um frequentador assíduo.

Museu de Hábitos e Costumes (Rua XV de Novembro, 25, Centro). Visitação: ter a sex, 9h às 17h; sáb e dom, 10h e 16h. Fone: 3326-8049. Ingresso: R$ 3. Site: www.fcblu.com.br

Resgate das tradições

O Museu dos Clubes de Caça e Tiro foi inaugurado em junho do ano passado com o objetivo de mostrar uma das tradições mais antigas de Blumenau, com mais de 100 anos de existência. Localizado na Itoupava Central, não é somente um local para a exposição de medalhas, troféus, bandeiras e trajes típicos alemães. É um ambiente para conhecer o contexto histórico e as variáveis socioculturais de centenas de pessoas que a história registra, desde a fundação da cidade.

- Os visitantes que vem até aqui podem interagir com a história, inclusive influenciando as pessoas a irem conhecer um clube - destacou a coordenadora Raquel da Silva Lindner.

Por querer permanecer com esta característica cultural forte, de resgate da tradição, os números não importam muito para Raquel. Para ela, os 2.266 visitantes que passaram pelo espaço nesses 17 meses estavam preocupados em aprender, principalmente porque boa parte dessas pessoas eram estudantes.

Além das escolas estaduais e municipais, universitários dos cursos de arquitetura e museologia foram estudar características específicas do local. Na parte da arquitetura, os estudantes estavam interessados nas obras de restauro do prédio. Os de museologia foram ver as questões de acessibilidade, já presentes na estrutura. A ideia é ver o resultado do estudo e aprimorar ainda mais o acesso das pessoas.

E para aumentar ainda mais a curiosidade das crianças, este ano o museu fez uma Festa do Rei na Escola de Educação Básica Adolpho Konder, no Bairro da Velha, com tudo que a festa mais tradicional dos clubes tem: disputa de tiro, com medalhas para o rei, caminhadas para buscar e levar o rei em casa, além da explicar como tudo começou e a importância de perpetuar as tradições. Também foram promovidos eventos culturais, abertos à comunidade.

Museu dos Clubes de Caça e Tiro de Blumenau (Rua Dr. Pedro Zimmermann, 10377, Itoupava Central). Visitação: ter a sex, 9h às 17h; sáb, dom e feriados, 10h às 16h. Grátis. Fone: 3339-0590. Site: www.museuclubesdecacaetiro.com.br.

Leia terça-feira no Lazer como os museus se preparam para atrair o público em 2012.

fonte:
http://www.clicrbs.com.br/especial/sc/jsc/19,6,3593000,Abertos-ha-um-ano-museus-blumenauenses-comemoram-15-mil-visitas.html

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