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domingo, 22 de abril de 2012

Mostra de arte popular em São Paulo


A exposição Teimosia da Imaginação: 10 artistas brasileiros, no Instituto Tomie Othake em São Paulo, celebra a arte popular com obras de importantes artistas de várias regiões do Brasil, entre eles, sete nordestinos.

As peças que estão na mostra  já fazem parte do acervo de museus importantes — incluindo a Fundação Cartier em Paris. Juntas elas trazem à tona a questão: o que diferencia a produção artística popular e a erudita? Arte popular genuinamente brasileira, as peças são resultado da expressão de artistas que, mesmo sem educação formal para a arte, refletem sobre o seu meio de vida e sustento.

A produção, também chamada arte primitiva, vem ganhando novo status no mercado. Daí a exposição reunir 100 obras em um dos mais renomados espaços de arte contemporânea de São Paulo.

A exposição também é composta de livro e apresentação de documentário. A iniciativa é do Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro, entidade criada para preservar e promover a produção artística de origem popular brasileira. A mostra tem apoio da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.

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Sobre os Artistas:

Antonio de Dedé (Antonio Alves dos Santos) 1953, Lagoa da Canoa – AL
Filho mais velho de cinco irmãos, começou a acompanhar o pai no trabalho de carpintaria e roçado das fazendas da região aos oito anos de idade. Dedé atribui a sua arte a um “dom”, surgido a partir do olhar e vontade de recriar, da sua maneira, o trabalho do pai. Suas esculturas, conforme Naves “reproduzem a relação amorosa entre homens e animais, o lirismo entre todos os seres deste mundo”.

Aurelino (Aurelino dos Santos) 1942, Salvador, BA
Aurelino dos Santos trabalha com pintura. Suas paisagens surpreendem pela geometria singular de planos, formas e cores. Trabalha em sua casa nos arredores de Ondina, em Salvador. Em suas obras, a original geometria parece buscar ordenação no caos da vida da cidade grande. Caminha pelas ruas e recolhe materiais que inspiram a sua obra.

Francisco Graciano 1965, Juazeiro do Norte,CE
Brejo Santo, cidadezinha perto de Juazeiro do Norte, vive Francisco Graciano, também conhecido como Mozinho dos Bonecos, filho do artista Manuel Graciano. É na tranquilidade de um sítio onde mora, que ele transforma as formas dos bichos em esculturas. Hoje vive de sua arte, mas antes trabalhou na roça e em pedreira. Manuel Graciano consagrou-se escultor e Francisco, embora tenha iniciado pelo caminho do pai logo encontrou uma linguagem própria, autoral. Além de esculpir na madeira leva para a tela a mesma temática dos animais e do sertão.

Getúlio Damado 1955, Espera Feliz – MG
O mineiro chegou ao Rio no fim de 1970, aos 15 anos. Com o nome de sua cidade natal batizou o pedaço de calçada em Santa Teresa, onde ergueu seu mundo artístico, que transforma sucata em arte. No bairro carioca, Getúlio construiu sua oficina de trabalho, o conhecido bonde amarelo, que funciona como ateliê, loja e depósito. Além dos bondes em miniatura que viraram marca registrada, produz bonecos, caminhões, pássaros, cavalos, pinturas e poesias.

Dona Izabel (Izabel Mendes da Cunha) 1924, Itinga, Vale do Jequitinhonha – MG
Suas consagradas bonecas de barro, criadas desde 1978, alcançaram as exposições pelo Brasil desde a década de 80. Filha de paneleira e de pai lavrador, Dona Izabel confere fisionomias expressiva às mulheres caboclas, brancas ou negras que esculpe. Conhecida por compartilhar seu conhecimento, sua “escola” já foi assimilada por muitos, particularmente pelas filhas, Maria Madalena e Glória, e pela neta, Andréa Pereira de Andrade (1981).

Jadir João Egídio 1933, Divinópolis – MG
A grande repercussão da escultura de G.T.O., na década de 1960, estimulou outros artistas de Divinópolis, como é o caso de Jadir. Da meninice na área rural, transferiu-se em 1960 para a cidade, onde trabalhou como carroceiro até 1977. Desde então, exerce o ofício de escultor, especialmente criando, a partir da madeira, esculturas de santos, figuras da cultura regional e de pessoas próximas. Com autonomia formal, confere uma religiosidade própria em suas obras.

José Bezerra 1952, Buique – PE
Sua casa no Vale do Catimbau, no sertão de Pernambuco, é rodeada por um ateliê ao ar livre, com inúmeros totens e esculturas de madeira, encantando os viajantes que passam por lá. Bezerra interfere pouquíssimo em sua matéria-prima, pois segundo ele, nela já está revelada a imagem que deverá se tornar. Com a intervenção de um facão, grosa, formão e serrote em árvores caídas, pedaços de troncos e raízes, ele retrata as mais diversas figuras, desde cabeças de gente, carros de boi, animais, tudo que faz parte do seu universo.

Manoel Galdino de Freitas 1924, São Caetano – PE / 1996, Alto do Moura – PE
Em 1940, Galdino muda-se para Caruaru (PE), onde passa a trabalhar em olaria, fazendo telhas e tijolos. Nas horas vagas, se distrai modelando figuras de barro, entre elas a de Judas, para as brincadeiras de malhação da Semana Santa. Em 1974 volta para Alto do Moura onde se torna um dos mais fecundos ceramistas. Seu repertório é composto por monstros e personagens como Lampião-Sereia e São Francisco Cangaceiro. Manuel Galdino morre no Alto do Moura, em 1996.

Nilson Pimenta 1956, Caravelas – BA
O artista passa a infância em Mato Grosso e percorre várias localidades trabalhando como peão, lavrador e cortador de cana, antes de ir morar em Cuiabá, em 1978. Começa a desenhar com lápis de cor e, a partir de 1980 passa a pintar. A pintura levou-o a trabalhar, depois de guarda-vigilante, como supervisor do Ateliê Livre da Universidade Federal de Mato Grosso. Os temas que representa podem ir desde um casamento no Pantanal até os crimes em série do “motoboy” paulistano. Participou da Bienal Naïfs do Brasil (1988 e 2000) e da “Mostra do Redescobrimento” Brasil 500 (2000).

Véio (Cícero Alves dos Santos) 1948, Nossa Senhora da Glória – SE
De família de lavradores, Véio começou a esculpir em cera de abelha e logo depois em madeira, até hoje a sua matéria fundamental de expressão. Com um sentido de volume muito peculiar, ele equilibra em uma única escultura vários elementos. Na rodovia Engenheiro Jorge Neto, que passa em frente ao seu sítio, figuras em tamanho natural contam histórias do dia-a-dia no campo.

Teimosia da Imaginação – dez artistas brasileiros
Curadoria: Germana Monte-Mór e Rodrigo Naves
Até 13 de maio 2012 – de terça a domingo, das 11h às 20h – grátis
Instituto Tomie Ohtake – Av. Faria Lima 201, entrada pela Coropés 88 – Pinheiros – SP – Fone: 11.2245-1900

fonte
Posted: 21 Apr 2012 12:23 PM PDT - Babel das Artes

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