A exposição vai mostrar os tapetes de parede com o tradicional São João do Carneirinho e Luas, feitos pela goiana Dona Benícia Pereira; a roupa de couro de vaqueiro confeccionada pelo cearense Seu Expedito Seleiro e muitos objetos de Luiz Gonzaga que foram pesquisados desde Exú, em Pernambuco, sua terra natal, até aos quatros cantos do Brasil onde Gonzagão, além de um dos maiores interprétes da música brasileira, era visto como um herói do povo nordestino retratado em suas músicas.
Caetano – Na Bahia, em particular, lembra Bené Fonteles, “a presença de Luiz Gonzaga é primordial na obra compositiva de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tomzé e na força das vozes de Gal Costa, Xangai e Maria Bethânia” E continua: “ Os mais jovens, sabem menos, dos desdobramentos comportamentais e musicais provocados por Gonzaga na cena cultural brasileira nas últimas quatro décadas que vão de Alceu Valença a Chico Science e Nação Zumbi, destes, Mestre Ambrósio ao Cordel do Fogo Encantado e Lirinha”.
A partir dos anos 40 Gonzagão ganha o Brasil de norte a sul com a difusão dos ritmos da música do povo nordestino. O mestre sanfoneiro, professor de tantos talentos brasileiros ,comparado aos nossos maiores músicos, Villas-Lobos, Noel, Pixinguinha, Dorival Caymmi e Tom Jobim, soube com maestria assimilar os ritmos que a migração lhe apresentou, misturá-los etransformá-los numa música que representa a sonoridade e a sofisticação dos sons brasileiros.Junto com Carmem Miranda, Luiz Gonzaga é o segundo artista no país a transformar com originalidade os costumes e símbolos de sua Região.
Livro - O livro de Bené Fonteles ”O Rei do Baião “, com apresentação de Gilberto Gil, é um trabalho magnífico de pesquisa sobre os 100 anos de Luiz Gonzaga , em 377 páginas, onde foram registrados imagens belíssimas e preciosos textos de viés poético do autor, os ensaios arrebatados de Antonio Risério, do próprio Bené, de Hermano Vianna e Sulamita Vieira , trabalhos de profunda imersão nas águas da antropologia, da sociologia, da linguística, da musicologia e da mitologia do novo mundo, escorado nas obras de autores como Euclydes da Cunha, Guimarães Rosa, Gilberto Freyre, Câmara Cascudo, Darcy Ribeiro e Ariano Suassuna.
A edição é ilustrada pelas xilogravuras de Francorli & Carmem, Elias Santos, Arievaldo Viana, João Pedro do Juazeiro, José Lourenço, Francisco de Almeida, a pintura de Ciça Fittipaldi e o ensaio fotográfico de Gustavo Moura e evidencia o talento de
Luiz Gonzaga na mistura e recriação dos ritmos do baião ao xote, do xaxado à toada, para se tornarem, com o samba, as matrizes musicais e poéticas da nova música popular no Brasil.
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