Artista australiano Stuart Ringholt guia pessoas comuns durante 'visita naturista' ao Museu de Arte Contemporânea de Sydney
As pessoas reunidas para uma visita ao Museu de Arte
Contemporânea da Austrália na noite de sexta-feira (27) sorriam sem
jeito em meio a estranhos diante dos quais tiveram de se despir. Mas era
exatamente para isso que estavam ali.
Stuart Ringholt, o artista que serviria de guia durante a visita, deu
início aos procedimentos. "Quem é da comunidade naturista?", perguntou.
Alguns homens mais velhos e mais redondos ergueram as mãos.
"Quem está nervoso?"
Uma dúzia de outros mal conseguiram erguer o braço.
O Museu de Arte Contemporânea da Austrália tem desfrutado de um
grande aumento no número de visitas desde a sua reinauguração em 29 de
março - a instituição permaneceu fechada por 18 meses para uma renovação
que custou cerca de US$ 56 milhões.
Estes visitantes teriam o local apenas para si. Eles chegaram ao
museu depois do horário de fechamento para uma visita que poderia ser
considerada uma instalação de arte. O convite alertava: "A visita será
guiada pelo artista Stuart Ringholt. O artista estará nu. Aqueles que
desejam participar também deverão estar nus. Apenas para adultos".
Ringholt, 40, é um artista conceitual e foi recentemente
escolhido um dos dez artistas mais importantes da Austrália pelo jornal
The Age.
Ele guiou excursões deste tipo em três outras cidades australianas no ano passado e sabia o que esperar.
"É muito bonito", ele explicou à plateia. "Somos sexualizados com nossas roupas, mas sem elas somos naturais".
Nem todos tiram a roupa durante a visita, explicou. "Alguns
funcionários do museu acompanham o grupo por razões de segurança e
precisam estar vestidos", disse ele.
Ele pediu desculpas pela presença de câmeras que iriam gravar a
visita do grupo, brincando que "o filme vai ser conservado durante três
meses, para a diversão do pessoal da segurança”.
Ringholt levou o grupo formado por 32 homens e 16 mulheres a uma sala de conferências, onde as roupas foram retiradas.
"Todos pareciam se concentrar muito no que estavam fazendo", disse
Lance Barton, 57, que estreou como nudista naquela noite. "Fantasiava
sobre isso, mas nunca tinha tido coragem de fazer algo semelhante",
acrescentou.
A primeira parada foi diante de uma obra da artista escocesa Katie
Paterson, "Terra-Lua-Terra", de 2007. Diante do quadro, Ringholt apontou
para arquitetura minimalista do museu, o revestimento dos pisos, as
janelas e os adornos, quase sempre pretos para destacar a arte.
"Há um certo processo de redução acontecendo", explicou. "Me questiono o motivo de a comunidade da arte contemporânea ter parado ali, usando preto. Por que não reduzir ainda mais e extrair a roupa do visitante?"
Este passeio terminou com um copo de espumante no terraço aberto com
vista para a Ópera de Sydney. Questionado se tinha o plano de realizar
excursões nudistas em museus no exterior, como o Metropolitan, em Nova
York, Ringholt ficou animado.
"Imagine andar por aqueles corredores cheios de armaduras sem roupas", ele disse.
Quanto aos visitantes, eles pareciam divididos sobre a questão de a
arte ter ou não sido reforçada pela ausência de roupas. "Acho que não",
disse Barton.
Mas outra participante, Tracey, que preferiu não informar seu
sobrenome porque trabalha para "uma organização cristã", disse que
"houve mais foco na arte”.
"Achava que seria difícil evitar os corpos dos outros, já que estávamos todos nus, mas vi apenas a arte", disse ela.
Depois, quando os visitantes voltavam para o vestiário, uma multidão
na rua em frente parecia observar curiosa o desfile de pessoas nuas
pelas vidraças da escadaria do museu. Mas ninguém no grupo pareceu se
importar.
Por Mark Whittaker
fonte:
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/nyt/2012-05-05/visitantes-tiram-a-roupa-durante-tour-por-museu-da-australia.html
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