Ouvir o texto...

sábado, 14 de julho de 2012

Exposição de Modigliani no Masp tem obra suspeita e curador sob investigação



Um dos eventos mais importantes do Momento ItáliaBrasil, a mostra "Modigliani: Imagens de Uma Vida", em cartaz até amanhã no Masp, exibe uma obra que já teve a autenticidade questionada.


Em 2009, a tela "Grande Figura Nua Deitada - Celine Howard" foi o centro de uma discussão após ser exposta em Bonn, na Alemanha.

Já a obra "Retrato de Marevna" chegou a ser proposta pelo francês Christian Parisot, um dos curadores da mostra, mas os responsáveis brasileiros a rejeitaram por dúvidas sobre sua autenticidade -em 2011, um colecionador apontou o quadro como falso após exibição no museu Pushkin, na Rússia.

O nome de Christian Parisot está no centro de toda a polêmica.
Responsável pelo Institut Modigliani Archives Legales - Paris Rome, Parisot foi condenado em 2008 pela Justiça francesa por exibição de falsos desenhos atribuídos a
Jeanne Hébuterne, mulher do artista italiano Amedeo Modigliani (1884-1902).

Danilo Verpa/Folhapress
Homem observa a obra "Grande Figura Nua Deitada", de Modigliani
Homem observa a obra "Grande Figura Nua Deitada", de Modigliani

Sobre a condenação, Parisot diz que os desenhos passaram por processo errôneo de restauro e que ele pagou a multa estipulada. Atualmente, é investigado em três casos envolvendo falsificação e emissão de certificados indevidos de autenticidade.

"[Parisot] já não tem a confiança do mercado de arte. Se um expert faz exposições, negócios e emite certificados ao mesmo tempo, temos um problema. Isso não é mais aceito", afirmou à Folha Henrik Hanstein, diretor da casa de leilão Lempertz, a mais prestigiada da Alemanha.

"Nenhum grande museu faria uma exposição de Modigliani com Parisot", disse.
Imagens de quatro obras da mostra brasileira foram enviadas à casa de leilões Sotheby's para avaliação.

Em resposta, o vice-presidente de belas-artes, Thomas Denzer, disse com brevidade: "Esses trabalhos não são para Sotheby's. Espero que isso ajude [sua pesquisa]".
Parisot afirma que as casas de leilão ouvidas pela reportagem são ligadas, por interesse comercial, ao Instituto Wildenstein, que disputa com ele a autoridade sobre a obra de Modigliani.
DISPUTAS
"Madame, chame a polícia". Assim reagiu Marc Restellini, diretor da Pinacothèque de Paris, importante museu dedicado à arte moderna, ao ser questionado sobre o curador da mostra de Modigliani no Brasil. "Esse homem é um falsário, um criminoso".

Restellini, ligado ao Instituto Wildenstein, e Parisot são inimigos de longa data. A disputa passa pela realização do catálogo "raisonné" (reunião integral das obras que serve a conferir autenticidade a peças) do italiano.

MOSTRA
Com R$ 2,3 milhões captados via Lei Rouanet, a mostra foi trazida ao Brasil pela produtora Museu a Céu Aberto. Já passou pelo Palácio Anchieta, em Vitória, onde foi vista por mais de 36 mil pessoas, pelo Museu de Belas Artes, no Rio, e pelo Masp.

A exposição segue agora para o museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.

A curadoria é assinada por Parisot e por Olivio Guedes, diretor cultural do Museu a Céu Aberto e representante em um empresa de licenciamento de produtos com imagens do pintor (leia abaixo).

Em 2007, a produtora já tinha tentado trazer obras do pintor ao país, mas teve um pedido de captação negado pelo MinC por causa do alto valor (quase R$ 15 milhões).

Segundo Paulo Solano, sócio da produtora, a mostra traria ao Masp obras do acervo de grandes museus do mundo, como a Tate Gallery.

Como plano B, a produtora procurou Parisot já no ano seguinte. Segundo a assessoria da mostra, as pinturas expostas pertencem a colecionadores particulares de quatro países e ao próprio Institut Modigliani.

fonte:

Nenhum comentário:

Postar um comentário