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sexta-feira, 27 de julho de 2012


Um museu abandonado
 
Sim, nós o temos, e é o nosso cemitério municipal. Ali estão expostos à visitação pública um conjunto variado e notável da "arte tumular" em forma de belos jazigos, capelas, mausoléus e esculturas pétreas de uma grandiosidade que devem ser observadas, apreciadas, conservadas, guardadas e respeitadas. São belas obras de "artes sacras tétricas" com expressões de saudade, lamento, amargura, dor, tristeza, oração, pesar e o vazio do silêncio profundo. Feitas pelos maiores entalhadores (italianos) de então, estes escultores da arte da saudade deixaram sua obra imortalizada em mármores, granitos e bronze. 

Na avenida principal ficam os principais mausoléus e capelas requintadas e chiques de famílias tradicionais, mas a também os grandiosos de mortos anônimos. Observamos tanta a exuberância e opulência de túmulos de famílias ricas como a pobreza e falta de bom gosto de quem não podia ter jazigo. E outros conjuntos de belos monumentos melancólicos e funestros estão situados próximo do eixo central. 

É típico de todo cemitério a exaltação e a valoração da principal entrada. Podemos admirar belos conjuntos arquitetônicos da arte neoclássica, neogótica, art decó, art nouveau e eclética nos mais belos mármores italianos de Carrara e Parro da Grécia. Há granitos de variadas cores e de toda parte do mundo. Também, interessante para se observar, pensar e guardar são as transcrições nas lápides, pensamento que o morto ou a família deixaram imortalizado no tempo. 

Alguns túmulos recebem muitas visitas, outros mais orações, outros mais pedidos, outros mais flores e muitos esquecidos e abandonados ao léu. Apesar de não ser hábito uberabense visitar o "park" da última morada dos que já se foram, a não ser em finados, admirar e observar relíquias da arte da saudade, da estética, dos monumentos frios e silenciosos e da história de muitos que construíram este mundo. Turistas também visitam cemitério, para saber como foi o passado de uma cidade, de um povo, de uma época e de uma cultura que não morreu, passou. 

O cemitério é hoje, além de ser a lembrança da saudade, aonde a população preza pelos seus entes passados, é também um lugar verdadeiramente notório para apreciação das esculturas de arte sacra tumular. Engenheiros, arquitetos, escultores e geólogos, amantes da engenharia, arquitetura, e do talhe na pedra dura e fria das rochas variadas, poderão apreciar os seus ofícios neste museu a céu aberto que afinal é de todos nós. 

Só clamo e espero para que o prefeito, responsável "constitucionalmente" por este bem público, o nosso "campo santo", providencie imediatamente, que cesse o abandono, as depredações, o vandalismo e o roubo, que estão mutilando e desfigurando este patrimônio de valor histórico, turístico, social, inestimável e único para nós uberabenses.


Lauro Juarez Prata~
Sabino Lóes

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