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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Museu do Seringal conduz visitantes ao Ciclo da Borracha, em Manaus



Museu fica a 25 minutos de Manaus por via fluvial.
Local apresenta época áurea da economia amazonense.

Museu do Seringal Vila Paraíso foi construído para as filmagens da obra 'A Selva' (Foto: Tiago Melo/G1 AM)Museu do Seringal Vila Paraíso foi construído para as filmagens da obra 'A Selva' (Foto: Tiago Melo/G1 AM)
Construído especialmente para o filme 'A Selva', produção luso-brasileira de 2001, estrelada por Maitê Proença, o Museu do Seringal Vila Paraíso, localizado no Igarapé São João, a 25 minutos de Manaus, recebe centenas de pessoas todo mês. Com o objetivo de reproduzir com fidedignidade um seringal que existiu em Humaitá, município do Amazonas, distante 590 km da capital, o museu conta com uma visita guiada pelas instalações.

O passeio guiado dura cerca de uma hora. O roteiro inclui locais como o barracão de armazenamento das pelas de borracha, casarão do seringalista, barracão de aviamento, a capela de Nossa Senhora da Conceição, casa do seringueiro, tapiri de defumação da borracha, cemitério, entre outros locais que retratam a vida e os costumes em um seringal, construído durante os tempos áureos do Ciclo da Borracha.
Objetos pessoais do barão, bem como de sua filha e do escritor português, Ferreira de Castro, podem ser encontrados no museu (Foto: Tiago Melo/G1 AM)Objetos pessoais do barão, bem como de sua filha e do escritor português, Ferreira de Castro, podem ser encontrados no museu (Foto: Tiago Melo/G1 AM)
Marli Dias, guia de turismo e moradora do museu desde a construção no ano 2000, inicia a visita pela construção mais imponente: a casa do barão, com extensas varandas de onde se descortina a paisagem da floresta e do rio. O casarão conta com móveis e objetos de época, dispostos em uma sala ampla, com ambiente de jantar, sala de estar e canto de leitura e música. A cozinha, com fogão a lenha, dá acesso a dois quartos.

"Nesta casa, moravam o barão Juca Tristão, a filha, dona Iaiá, e o escritor português José Maria Ferreira de Castro, autor do livro 'A Selva', que mais tarde deu origem ao filme", informou a guia. "De acordo com relatos de Ferreira de Castro, ele teria vindo ao seringal de Humaitá para trabalhar como escrivão, porém, chegando lá, o barão Tristão o acolheu em sua casa, mas o colocou para trabalhar como seringueiro. A obra 'A Selva' é, portanto, um relato de sua passagem pelo seringal", completou Marli.
Barracão de aviamento era o local onde os seringueiros compravam seus equipamentos (Foto: Tiago Melo/G1 AM)Barracão de aviamento era o local onde os seringueiros compravam seus equipamentos (Foto: Tiago Melo/G1 AM)
Outra importante construção do museu, situada ao lado da casa do barão, do lado direito de quem chega, é o barracão de aviamento, local onde se comercializava equipamentos e onde era adquirida a alimentação para os seringueiros nordestinos que ali chegavam para trabalhar. "Eles precisavam produzir pelo menos 50 quilos de borracha por semana para poder retirar a comida. O problema é que nem sempre conseguiam e ficavam endividados", conta a guia de turismo. Detalhes, como os equipamentos utilizados na retirada do látex das árvores, também são mostrados aos visitantes, com destaque para a poronga, lamparina usada na cabeça dos seringueiros durante a colheita noturna.

Guia de turismo demonstra processo de defumação do látex, onde muitos morriam de tuberculose  (Foto: Tiago Melo/G1 AM)
Famosa pela cena do filme 'A Selva', em que a atriz Maitê Proença se banha, a casa de banho das damas é um dos destaques da visita, bem como a capela de Nossa Senhora da Conceição, onde os seringueiros rezavam por uma vida melhor, que dificilmente chegava. A partir deste ponto, a guia leva os visitantes por uma trilha onde é possível ver as belas seringueiras, de onde se extrai o látex para produção da borracha, além de um cemitério cenográfico. "Os seringueiros que morriam no trabalho eram enrolados em redes de dormir pelos seus colegas e enterrados de forma improvisada neste terreno", contou a guia.

Guia mostra as ferramentas de trabalho dos seringueiros, na cabeça carrega uma poronga (Foto: Tiago Melo/G1 AM)Mais adiante, pode-se conhecer a humilde casa do seringueiro de confiança do barão. A casa é de palha e de chão batido e conta com apenas uma cama. "Apesar de ser de um capataz de confiança, a casa mostra um alto contraste com a riqueza europeia que imperava na casa do barão", afirmou Marli. O passeio também leva o visitante ao tapiri onde era realizado o processo de defumação da borracha. O processo é demonstrado pela guia que informa: "a fumaça exalada da borracha defumada causava cegueira e tuberculose nos seringueiros que a inalassem constantemente".

O roteiro de visitação é concluído pela passagem à casa da farinha, onde era ralada e prensada a mandioca, e ainda conta com uma pequena demonstração da retirada do látex. Destinado a estudantes, pesquisadores, turistas e ao público em geral, o local é resultado do polo de cinema do Amazonas, e atrai visitantes que desejam conhecer de perto o modo de ser e viver do homem do seringal, conduzindo os visitantes aos tempos áureos do Ciclo da Borracha.

Este ciclo teve o seu centro na região amazônica, proporcionando grande expansão da colonização, atraindo riqueza e causando transformações culturais e sociais, além de dar grande impulso às cidades de Manaus, Porto Velho e Belém.
Ciclo da BorrachaO ciclo da borracha foi um momento econômico na história do Brasil que constituiu uma parte importante da história da economia e sociedade do país, estando relacionado com a extração e comercialização da borracha.
O ciclo da borracha viveu seu auge entre 1879 a 1912, tendo depois experimentado uma sobrevida entre 1942 e 1945 durante a II Guerra Mundial (1939-1945). Durante este período, cerca de 50% do Produto Interno Bruto do Amazonas era resultado da extração e comercialização da borracha.

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