Ouvir o texto...

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Marta assume Cultura após gestão turbulenta de Ana de Hollanda


Marta assume Cultura após gestão turbulenta de Ana de HollandaDilma agradeceu os esforços da ex-ministra, mas não mencionou os motivos de sua saída e tratou de ressaltar as credenciais de Marta Suplicy para assumir o Ministério da Cultura. “O setor cultural está em festa”, disse militante do movimento Fora do Eixo.
Vinicius Mansur
Brasília – A presidenta Dilma Rousseff formalizou nesta quinta-feira (13) o fim da turbulenta gestão de Ana de Hollanda a frente do Ministério da Cultura e empossou a senadora Marta Suplicy (PT-SP) como chefe da pasta. Durante a cerimônia de posse, Dilma agradeceu os esforços da ex-ministra, mas não mencionou os motivos de sua saída e tratou de ressaltar as credenciais de Marta para o posto.
“A ministra Marta tem, pela sua experiência, mas sobretudo pela sua força e pelos seus compromissos mais diversos, pelo seu olhar não preconceituoso, seu olhar capaz de acolher diferentes manifestações da civilização e da sociedade brasileira, [ela] tem condições plenas de levar a frente essa tarefa”, disse.
Segundo Dilma, os princípios que norteiam a gestão da área desde o início do governo Lula são a democratização do acesso da população à produção cultural, a ampliação da produção e a garantia do financiamento contínuo e ampliado do setor. A presidenta ressaltou que o orçamento da Cultura previsto para 2013 ultrapassa os R$ 3 bilhões, um aumento de 65% em relação ao orçamento de 2012, e podem ser acrescidos por mais R$ 2,2 bilhões mobilizados via leis de incentivo.
Em seu discurso, Marta Suplicy saudou a aprovação, nesta quarta-feira (13), pelo Congresso Nacional da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Cultura – que estabelece princípios e recursos progressivos para o Sistema Nacional de Cultura – e elogiou o legado deixado por seus antecessores e, inclusive, pelo senador José Sarney (PMDB-AP) que, quando presidente da República, criou o ministério, nomeou Celso Furtado para a pasta e sancionou a primeira lei de incentivo à cultura do país.
Marta ainda listou feitos protagonizados na área da cultura durante sua gestão na prefeitura de São Paulo e deu indícios da concepção política que norteará seu ministério. “O ministério não faz cultura, ele proporciona espaços, oportunidades e autonomia para que a cultura se produza. Nós não podemos aceitar a lógica devastadora do mercado, a pasteurização de atividades e obras pautadas pela globalização. Ao mesmo tempo, nossos artistas tem que poder viver de sua arte”, apontou.
Em rápida coletiva à imprensa, a nova ministra negou que sua indicação ao cargo tenha sido moeda de troca por seu apoio ao candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad: “Eu disse que ia apoiar desde o começo, eu falei pra ele ‘Haddad, eu vou entrar na campanha na hora que eu fizer a diferença, no começo vai você’”. Marta também afirmou que não iria se posicionar sobre temas polêmicos da gestão Ana de Hollanda porque ainda estava estudando o ministério.
Gestão polêmica e perspectivas
Em cerca de um ano e meio de gestão, a ex-ministra Ana de Hollanda recebeu diversas críticas de segmentos sociais simpáticos às gestões de seus antecessores Gilberto Gil e Juca Ferreira, sendo acusada de romper com o projeto para o setor iniciado no governo Lula.
“Ela inviabilizou a continuidade das conferências municipais, estaduais e nacional de cultura, travou o Sistema Nacional de Cultura, travou a política de cultura digital, travou a discussão do PNBL [projeto Nacional de Banda Larga], travou a discussão da Lei do Direito Autoral, travou o diálogo com a classe, então tivemos um ano e meio de uma gestão travada”, disparou Pablo Capilé, militante do movimento Fora do Eixo, que considera Marta Suplicy uma ministra forte politicamente, capaz de e disposta a retomar o diálogo com o Congresso e com a sociedade civil, com capacidade de fazer interface com outros ministérios e com currículo exitoso na gestão da cultura em São Paulo. “O setor cultural está em festa”, disse.
A troca de ministras motivou até mesmo a ida à cerimônia no Palácio do Planalto de um opositor do governo Dilma, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). “A ministra anterior afastou-se muito do diálogo com a sociedade. Nenhuma pasta precisa mais de sensibilidade do que a da Cultura. E a Marta tem essa sensibilida. Minha vinda é um reconhecimento à Marta”, disse.
O diretor teatral José Celso relevou as críticas à Ana de Hollanda, considerou-a “maravilhosa, mas tímida” e disse ser muito difícil avaliá-la por sua gestão, que teve grande corte de verbas. Porém, admitiu que a expectativa com Marta Suplicy é muito maior. “É uma mulher mais atirada”, comentou.
Fotos: Wilson Dias/ABr



fonte:
http://correiodobrasil.com.br/marta-assume-cultura-apos-gestao-turbulenta-de-ana-de-hollanda/515148/#.UFNFhbJlRq8

Nenhum comentário:

Postar um comentário