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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Temporada da Bienal de São Paulo também imupulsiona exposições no Rio


Programação dos museus e galerias chega ao auge neste mês

Quando os convidados de Ernesto Neto começarem a “escalar” e caminhar por sua escultura suspensa por cabos de aço e cordas de crochê na Estação Leopoldina, nesta segunda-feira à noite, a galeria da qual ele é sócio, A Gentil Carioca, estará mobilizada na preparação de seu aniversário de nove anos, marcado para amanhã com exposição de José Bento e performance de Arto Lindsay. Ainda na noite de hoje, mas já longe do Centro da cidade, na Gávea, o público poderá ter acesso a duas esculturas inéditas da paulistana Elisa Bracher, na galeria Mercedes Viegas. E Raul Mourão, em Botafogo, na Lurixs, dará início à sua mostra, também de esculturas, “Homenagem ao cubo”.

Se na semana passada era a abertura da 30ª Bienal que puxava o turbilhão de exposições em São Paulo (foram pelo menos seis mostras em galerias abertas no mesmo dia), no Rio, é a ArtRio, com início para convidados nesta quarta-feira, que faz girar o circuito de arte. Aqui, porém, há menos inaugurações de mostras institucionais — em São Paulo, o Museu de Arte Moderna (MAM) e o Itaú Cultural fizeram coincidir com o início da 30ª Bienal as aberturas das grandes panorâmicas de Adriana Varejão e Lygia Clark, respectivamente.

No Rio, o MAM mantém em cartaz sua principal mostra do ano, a retrospectiva de Alberto Giacometti (que termina no domingo, junto com a feira de arte) e a individual de Angelo Venosa. Já o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) exibe a exposição com as esculturas em ferro do inglês Antony Gormley. A vizinha Casa França-Brasil mostra as instalações em cores vibrantes de Waltercio Caldas.

Fora das instituições, nas ruas da cidade, o projeto OiR (Outras ideias para o Rio), já tem inauguradas cinco das seis grandes obras de arte pública de artistas internacionais que trará à cidade até outubro. No Cais do Porto, há a gruta de argila do inglês Andy Goldsworthy; na Praia do Diabo estão as projeções do japonês Ryoji Ikeda; na Enseada de Botafogo, a grande cabeça de “Awilda”, escultura do catalão Jaume Plensa; no Parque de Madureira, o túnel em madeira de Henrique Oliveira; na Cinelândia, enfim, o público já pode se perder à vontade no labirinto de vidro de Robert Morris.

Mas dentro das instituições (as não comerciais) são poucas as novidades nesta semana: só inauguram exposições o Paço Imperial (na quinta, com retrospectivas de Luiz Aquila e Roberto Magalhães), a Casa França-Brasil (no sábado, com instalação inflável de Susana Queiroga na área externa) e o Museu do Açude (no domingo, com 18 artistas que farão obras para homenagear a artista inglesa Shelagh Wakely).

E, se em São Paulo as galerias convidaram curadores internacionais para criar mostras (como o novo espaço de Nara Roesler, que tem seleção de obras assinada pelo mexicano Patrick Charpenel, ou a Mendes Wood, cuja mostra tem curadoria da britânica Carly McGoldrick e da holandesa Carolyn Drak), as cariocas parecem ter optado por mostras mais convencionais, com nomes de seus elencos em individuais. Há quem já tenha aberto sua programação desse período antes da semana, como Anita Schwartz, que expõe instalações de Carla Guagliardi.


"Nossa luta é para aumentar o mercado de arte no Rio", afirma Brenda Valansi, idealizadora da ArtRio, que, para a empreitada, conta com sócios que são empresários do entretenimento, Alexandre Accioly e Luiz Calainho, além de Elisângela Valadares. — Nós entendemos que qualquer evento paralelo agrega. É ótimo que galerias estejam dispostas a fazer eventos.

A disposição não é casual: a feira, que já ocorre em setembro para coincidir com a Bienal, direciona para o Rio o fluxo de colecionadores (ou seja, compradores) internacionais. Embora muitas já viajem para feiras internacionais (A Gentil Carioca, por exemplo, já é habituée de feiras como a Art Basel, a Miami Basel e a Frieze), têm aqui a chance de aproveitar não só o burburinho internacional em torno da arte brasileira, mas vender arte com isenção de ICMS. A estimativa é que a ArtRio chegue a R$ 150 milhões (a feira costuma divulgar que, em 2011, vendeu R$ 120 milhões). O público, de 46 mil pessoas no ano passado, pode chegar a 60 mil.

"A exposição (de Elisa Bracher) foi maracada nesta semana justamente por causa da ArtRio e desse momento que o Brasil está vivendo nas artes plásticas. Faz a maior diferença inaugurar uma mostra numa semana como essa, porque o público, brasileiro e estrangeiro, que circula pela galeria é muito maior. Já tem gente ligando para saber as obras da Elisa que vamos expor, pessoas querendo agendar visitas. Ano passado vendi peças aqui da galeria para estrangeiros.... Vale muito a pena", afirma Mercedes Viegas, que também terá estande na feira.

Fora da ArtRio, galerias menores, como a Graphos: Brasil, também têm seus eventos nesta semana. Além de exposição, o galerista Ricardo Duarte aproveita para inaugurar, amanhã, mais um espaço expositivo da Graphos, com 220m² e outros 80m² para a reserva técnica. Duarte, porém, diz que a decisão de inaugurar justamente em tempos de Bienal e ArtRio é pura coincidência. O real motivo, diz ele, é a reforma do espaço, um antigo bordel que agora está em ruínas e, assim, ideal para receber o videoinstalação da portuguesa Susana Anágua. Na Graphos já existente, também no Shopping dos Antiquários, em Copacabana, ele abrirá uma coletiva com obras de Mr. Brainwash e inéditas de Waltercio Caldas e Carlos Vergara, entre outros.

Os olhos da semana, no entanto, talvez se voltem em especial para a gigante Gagosian, que participa de uma feira brasileira pela primeira vez e chega ao Rio com obras de cânones como Alberto Giacometti (dele, por exemplo, a galeria tentará vender uma obra de US$ 6 milhões), além de Andy Warhol, Picasso e Richard Serra.

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