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domingo, 25 de novembro de 2012

Museu do Plantio Direto é inaugurado no Paraná


A implantação da técnica que revolucionou a agricultura será contada através de objetos e máquinas em Mauá da Serra


Editora Globo
Herbert Bartz, pioneiro na implantação do Sistema de Plantio Direto, doou a primeira máquina agrícola usada na técnica ao acervo do Museu do Plantio Direto
 A história da agricultura nacional já pode ser conhecida através de fotos, objetos, máquinas antigas e equipamentos no primeiro museu dedicado ao tema “Plantio Direto”. O local foi inaugurado nesta sexta-feira (23/11), em Mauá da Serra, cidade distante 75 quilômetros de Londrina, no Paraná. 

No espaço, os visitantes poderão conhecer as primeiras máquinas agrícolas e implementos utilizados na implantação da técnica que mudou os rumos da agricultura nacional. 

A iniciativa é da Cooperativa Integrada, de Londrina, e foi idealizada pelos cooperados que moram em Mauá da Serra. “A comunidade de Mauá da Serra foi a primeira do país ausar de forma coletiva o sistema, conseguindo mostrar claramente os seus benefícios para o solo e para a produtividade”, conta o cooperado Sérgio Higashibara, produtor integrante do Grupo de Desenvolvimento de Tecnologias, que encabeçou o projeto de construção do Museu junto com a Associação Cultural e Esportiva de Mauá (ACEM) e a Prefeitura do município. 

Carlos Kamigushi e Ademar Uemura, cooperados e membros do grupo, lembram que hoje o plantio direto está espalhado por todo o país e adotado em todas as atividades agropecuárias. “A técnica ajudou a controlar a erosão, recuperou o solo, proporcionou o aumento da produção e produtividade, viabilizou a agricultura em larga escala no Cerrado, levou mais renda ao pequeno e médio produtor, conciliou a atividade econômica com a preservação do ambiente e a viabilidade da agricultura familiar”, destacam. 
História
No museu do Plantio Direto está uma das primeiras máquinas utilizadas na implantação da técnica no Brasil, uma semeadora Allis Chalmers, doada pelo produtor Herbert Bartz, pioneiro da técnica. Bartz comprou a máquina nos Estados Unidos durante uma viagem técnica para conhecer o sistema “no-tillage” (sem preparo do solo) no início dos anos 1970. 

Hoje, o produtor vive em Rolândia, cidade vizinha a Londrina, e conta que na época, ele estava desesperado com a situação agrícola da região. Ele diz que, a cada chuva, via a terra correr rio abaixo, levando consigo todo o investimento em sementes, adubos, herbicidas e, principalmente, o solo fértil. “Era preciso fazer alguma coisa”, diz ele. 

Com o auxílio dos pesquisadores do Instituto de Pesquisa de Experimentação Agropecuária Meridional (Ipeame), e sobretudo de Rolf Derpsch, Bartz soube que nos Estados Unidos, produtores plantavam sobre a palha. 

Em maio de 1972, ele foi até lá conhecer a técnica. 
Conhecimento
Na Universidade de Lexington, em Kentuchy, Bartz foi recebido pelo pesquisador e extensionista Shirley Philips, que o levou até o produtor rural Harry Young, em Herndon, Virgínia. Ele trabalhava com o sistema no-tillage. 

Após a visita, ele fez o pedido, nos EUA, de compra da semeadora Allis Chalmers, com oito linhas de soja e seis linhas de milho. Com ela começou o plantio de soja em uma pequena área de sua propriedade, e aos poucos, o sistema avançou, tomando toda a fazenda. 

Máquinas como o protótipo da FNI de 100 polegadas que deu origem à Rotacaster 80, a primeira semeadora fabricada no Brasil especificamente para o plantio direto, também foi doada ao museu. 
Adaptações 
A falta de máquinas e implementos foi uma das maiores dificuldades dos pioneiros do plantio direto brasileiro. Segundo Kamigushi, tudo que existia no campo era adaptado para o trabalho da terra sem cobertura. “Esses equipamentos não abriam a palha e não atingiam profundidade suficiente para plantar a semente”, lembra. “Então, os produtores começaram a adaptar o que já existia com a ajuda de oficinas, da pesquisa e depois, das indústrias”. 

Além da Rotacaster 80, máquinas como a Semeato TD300, o implemento chamado de ‘entrelinhas’ para aplicação doherbicida Gramaxone, surgiram. 

Kamigushi lembra que outro grande desafio foi enfrentado pela indústria química na busca de novos conceitos de conservação de solos. 

No início, o Gramoxone, da ICI (atualmente Syngenta), era o único herbicida disponível no mercado. Era importado e aplicado com dupla finalidade: no manejo, para dessecação de ervas antes do plantio, e na eliminação de ervas entre as linhas de soja. “Não existiam os herbicidas pós-emergentes”. 

As limitações do Gramoxone estavam no fato de ser um herbicida de contato não seletivo e na resistência de determinadas ervas à sua atuação. Assim, as plantas daninhas que sobravam após a aplicação tinham que ser eliminadas na enxada. Em 1978, o Roundup, da Monsanto, começou a ser comercializado no Brasil, como uma alternativa de combate ao mato. Sua ação era sistêmica, matando completamente as ervas. “O problema era o preço”. 

Entre os anos de 1977 e 1978 vieram os herbicidas seletivos, como o Basagran e o Poast, da Basf, sem os quais o sistema de Plantio Direto teria se inviabilizado no Brasil. 

A quebra de patente do Roundup viabilizou a chegada do similar glifosato, que era mais barato. “Com o museu, nós queremos preservar essa importante História e mostrar a luta de toda uma classe de trabalhadores para recuperar o solo e preservar sua atividade”, comenta Uemura.



fonte:
http://revistagloborural.globo.com/Revista/Common/0,,EMI324770-18078,00-MUSEU+DO+PLANTIO+DIRETO+E+INAUGURADO+NO+PARANA.html

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