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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Palmeirense inaugura museu na região e sofre com risco de queda do time


 
Local com mais de dez mil itens referentes ao Verdão será aberto no domingo, mesmo dia em que time pode retornar à Série B
 
 
 
 
Globo Esporte

Desde que ganhou um pequeno chaveiro do Palmeiras, em 1981, o representante comercial Edson Alexandre Novas não imaginava que um dia lançaria um museu só com coisas vinculadas ao Verdão. São mais de dez mil itens, que vão desde simples ímãs de geladeira até camisas históricas e recortes de jornais desde a fundação, em 1914.

Edson também não imaginava que a inauguração do museu poderia acontecer bem no dia em que o clube poderá cair novamente para a Série B do Campeonato Brasileiro.
Após 30 anos juntando itens do Verdão, alguns que nem o próprio Palmeiras deve ter, o representante comercial, que mora em São José do Rio Preto, inaugura o museu neste domingo, em um churrasco que contará com presenças de estrelas do clube como Ademir da Guia, César Maluco e Leivinha.

No local, haverá um telão para acompanhar o confronto entre Palmeiras e Fluminense, que pode decretar o rebaixamento.

– Eu e vários amigos meus queríamos fazer um evento desse tipo para inaugurar o museu. Começamos a planejar antes do título da Copa do Brasil e quando ganhou, pensamos que seria o momento certo realmente. Mas nunca imaginaríamos que o time iria brigar para não cair – afirmou o palmeirense, hoje com 46 anos.
Em sua casa, Novas conta com um cômodo especialmente feito para receber o museu.

A entrada já mostra como será o local. Uma porta de vidro, desenhada com todos os símbolos do Palmeiras e escrito “Spazio Palestrino”, ou, espaço palestrino. No local, ele tem fotos históricas do clube, de ídolos e todas as camisas do clube desde a fundação, além de modelos de treino e comemorativos. Curiosamente, a ideia de montar o museu começou em 2002, em outro ano triste para os palmeirenses, o do rebaixamento.

– Comecei a pensar no museu mesmo em 2002, mas era uma coisa simples. Eu tinha apenas dois armários com várias coisas do Palmeiras. Com o tempo fui comprando e ganhando de amigos tudo que era relacionado ao clube. Minha ideia inicial era inaugurar em 2009, com o título do Brasileiro que o técnico Muricy Ramalho fez questão de perder.
Daí surgiu a ideia de inaugurar este ano, mas para a nossa tristeza há o risco do rebaixamento – disse.

Raridades

Dentre as relíquias alviverdes, o representante comercial tem recortes de jornais com notícias do Palmeiras desde 1914 até hoje, além de pôsteres com diversos times da história do clube, e não apenas os times campeões. Um dos itens nem mesmo o clube tem: um livro contando o dia a dia do Palmeiras, de 1914 a 1951.

– Esse livro foi um presente de um falecido diretor do Palmeiras e conta a história não só do futebol, mas de vários outros esportes do clube, até de bocha, além dos bailes que eram feitos do clube. Vários diretores do Palmeiras já vieram falar comigo para conseguir o livro, mas não dou e não vendo para ninguém - afirmou.

Um dos xodós do palmeirense em seu acervo é um vinil em comemoração ao cinquentenário do Palmeiras, de 1964, que traz narrações dos jogos importantes do clube, como a campanha do título da Taça Rio de 1951, título considerado como Mundial pelos palmeirenses.

– Acho que esse vinil nem o acervo do Palmeiras deve ter. É uma das peças que mais tenho carinho aqui, dentre outras também. Tem narrações além da Taça Rio de outros jogos importantes contra São Paulo e Santos. É uma peça que, para um palmeirense, não tem preço.

Resignação

Mas se verde é a cor da esperança, não é mais para Novas. O palmeirense fanático já vê o rebaixamento como certo já há um bom tempo, desde a derrota para o Coritiba por 1 a 0, em Araraquara, no mês passado.

– Tirando o lado emotivo, de torcedor, e também o lado da matemática, o Palmeiras caiu quando perdeu para o Coritiba. Era a chance que tínhamos de diminuir a diferença para começar a reação para se livrar da queda. Depois daquele jogo passei a acreditar que o time não tinha mais chances de permanecer na primeira divisão – falou.

E se para ele o Palmeiras não tem mais chance de se livrar da queda, Novas acredita que o Sport e o Bahia devem permanecer, caindo a Portuguesa, além do Palmeiras, Figueirense e Atlético-GO.
– Além de jogar a segunda divisão no ano que vem, o Palmeiras deve jogar uma das piores edições da Série B, porque não haverá nenhum outro clube grande. Os clubes de tradição que estão lá, como Vitória, Atlético-PR e Goiás, vão subir, e em 2013 só haverá o Palmeiras. Por isso devemos priorizar a Libertadores no ano que vem.

Culpados

Para Edson Novas, a culpa maior pela situação do Palmeiras e do possível rebaixamento cabe aos dirigentes. Ele acredita que há pelo menos 10 anos o clube está "jogado às traças". Mas deixa uma parte da responsabilidade ao técnico Luiz Felipe Scolari.

– O Felipão tem uma parcela de culpa, mas não é o maior culpado. O principal culpado é a diretoria, que contrata jogadores que não servem para o Palmeiras, e, além de errar nas contratações, insiste no erro de mantê-las. A direção deveria fazer um contrato com jogadores considerados apostas de seis meses, e, se vingar, prolongar o contrato. Agora temos jogadores ruins no elenco e com contratos de três, quatro anos, que acabam se tornando problema ao clube – disse.

Novas acredita que esta situação faz com que o Palmeiras se torne cada vez menos um clube grande, que, a cada temporada, vai perdendo a credibilidade que conquistou ao longo da história. Para ele, o fato de alguns jogadores optarem por não vestir a camisa do Verdão mostra bem isso - o que, aliás, pode prejudicar a campanha do time na Libertadores do ano que vem.

– Não podemos nos apequenar, nos tornar, com todo respeito, uma Portuguesa. Nos últimos anos tivemos vários jogadores, como Thiago Neves, Carlinhos Bala, Ronaldinho Gaúcho e, recentemente, o Alex, que preferiram não vir para o Palmeiras. Isso mostra que tem algo errado no clube. Por isso acho que não teremos um elenco muito bom na Libertadores e não devemos passar da primeira fase.

E se o Palmeiras não quiser se apequenar cada vez mais, segundo Novas, é preciso uma reformulação completa na diretoria e também no próprio elenco. Jogadores como Márcio Araújo, Maurício Ramos, João Vítor, Obina, Betinho e Juninho, para ele, não têm condições de vestir a camisa palmeirense.

– Os diretores têm de ter coração palmeirense, mas também ter conhecimento para administrar. Se você for para várias cidades grandes do Estado de São Paulo você vai encontrar uma loja e uma escolinha oficial do Corinthians, do São Paulo e de outros clubes. Mas gostaria de saber da diretoria por que não temos nada disso do Palmeiras. Isso traz receita e torcedores para o clube. No ano que vem, teremos uma das arenas mais modernas do mundo com um time na Série B. É lamentável.

fonte:
http://www.regiaonoroeste.com/portal/materias.php?id=42424

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