Os nazistas queriam mostrar algo que o mundo ainda não tivesse visto. E
isso se aplicou também aos atletas. A Vila Olímpica, a 14 quilômetros de
Berlim, levou dois anos para ficar pronta. O arquiteto foi Werner
March, que também projetou o Estádio Olímpico. A intenção era criar uma
Vila Olímpica que aliasse um conforto até então pouco conhecido a uma
ideia de mundo aparentemente perfeito para os propósitos da propaganda
nazista.
Percursos pedestres terminavam num lago artificial, para onde tinham
sido trazidas aves aquáticas do Zoológico de Berlim. Numa colina, também
artificial, havia uma esplanada de café. A frente do edifício onde
ficava a piscina aquecida tinha um vidro que descia automaticamente, uma
sensação para a época.
Havia 140 casas de um andar e cinco prédios de dois andares. O prédio do
refeitório era dividido em 40 salas. O local onde funcionava a recepção
abrigava também um banco e os correios. Havia ainda um centro cultural,
onde aconteciam espetáculos de dança e a exibição de filmes de
propaganda.
De ruínas a museu
"O esforço para a construção foi enorme", diz Siegfried Schreiner.
"Foram plantadas centenas de árvores - e, a pedido da Finlândia,
construiu-se até um prédio para saunas". Schreiner parece conhecer tudo:
os números e a história da Vila Olímpica - quantos metros cúbicos de
terra foram movimentados ou qual era o cardápio oferecido aos atletas.
Ele é um dos guias turísticos que informam os visitantes entre abril e
outubro, em alemão e em inglês.
Até pouco tempo, a Vila Olímpica de 1936 era apenas ruínas. Nos tempos
da República Democrática Alemã (a Alemanha de regime comunista), o
terreno foi utilizado pelo exército soviético. Posteriormente, ficou ao
abandono.
Os diversos planos de investimento falharam, até que a Fundação alemã
DKB assumiu o terreno, em 2006, e o progressivo declínio da área foi
interrompido. Nos 540 hectares do local, será construído agora um museu
ao ar livre. Também já foram removidos os animais selvagens que haviam
tomado conta dos espaços reservados aos treinos dos atletas. Painéis
informativos orientam agora os visitantes e as construções tiveram
telhados e janelas consertados.
O terreno ainda mantém uma certa beleza, apesar de há muito tempo o
lago artificial ter secado e de a sauna e o café serem hoje apenas
ruínas. Os visitantes ainda são poucos. A Vila Olímpica ainda não faz
parte do programa habitual dos turistas que vão a Berlim.
O percurso guiado pela antiga Vila Olímpica dura 90 minutos. Sem os
guias, o passeio assemelha-se a uma caminhada entre ruínas. Graças a
Schreiner, aprende-se muito sobre a encenação nazista nos Jogos de 1936,
pensada em todos os detalhes.
A "Vila da Paz" - uma mentira
Nos Jogos, Adolf Hitler queria mostrar ao mundo uma Alemanha favorável
à paz. A Vila Olímpica fazia parte desta encenação: A propaganda
nazista a chamou de Vila da Paz - uma mentira. "Já estava decidido desde
o início que, depois dos Jogos, o exército alemão iria utilizar o
terreno", diz Schreiner. Bem ao lado ficava o campo de treinamento
militar.
Os 4 mil atletas de 49 nações sabiam pouco sobre isso. Eles
aproveitaram um nível de conforto pouco comum na época. Cada uma das
acomodações dispunha de um terraço e até de um telefone. Havia água
quente e aquecimento central. Diariamente, tocava uma banda militar. Até
a Filarmônica da cidade e a companhia de balé da Ópera de Berlim
chegaram a se apresentar. A partir do centro cultural aconteceu a
primeira transmissão televisiva ao vivo em nível mundial.
Onde ficou Jesse Owens
O ponto alto da visita é a acomodação de um andar da estrela absoluta
dos Jogos Olímpicos de 1936, Jesse Owens. Numa pequena mesa de madeira
em um quarto renovado, fiel ao original, está a sua fotografia e, em
redor, uma coroa de louros dourada. Uma pequena exposição conta a vida
do atleta norte-americano, que em Berlim conquistou quatro medalhas de
ouro e se tornou o maior atleta do seu tempo - e que, entretanto, os
nazistas desprezavam por ser negro.
Não muito longe fica a "cantina das nações", em forma de elipse, que,
apesar da sua grande dimensão, se encaixa de forma harmoniosa na
paisagem. Mais tarde, o edifício serviu como um hospital para o
exército. Há muitas janelas bloqueadas, o revestimento da parede está
caindo. Ainda há muito a ser feito até que este local se torne
verdadeiramente um museu ao ar livre.
Londres 2012 no Terra
O Terra, maior empresa de internet da América Latina, transmitirá
ao vivo e em alta definição (HD) todas as modalidades dos Jogos
Olímpicos de Londres, que serão realizados entre os dias 27 de julho e
12 de agosto de 2012. Com reportagens especiais e acompanhamento do dia a
dia dos atletas, a cobertura contará com textos, vídeos, fotos,
debates, participação do internauta e repercussão nas redes sociais.
fonte:
http://esportes.terra.com.br/jogos-olimpicos/londres-2012/noticias/0,,OI5752552-EI19410,00-Vila+Olimpica+em+Berlim+sera+transformada+em+museu+ao+ar+livre.html