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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Pesquisa quer manter línguas indígenas

No mundo existe cerca de seis mil línguas. Só nas Américas, são mil línguas. No Brasil, são 238 povos e cerca de 160 línguas. Estima-se que no ano de 1500 eram mais de 1200 línguas no território brasileiro. “Dessas seis mil línguas no mundo, hoje, pelo menos 43% estão ameaçadas.

Estima-se que, se nada for feito, mais da metade desse total irá desaparecer em 100 anos. Com isso, a humanidade perde não apenas riqueza cultural, mas também importante conhecimento ancestral embutido em especial nas línguas indígenas”, relata Antônia Fernanda Nogueira, bolsista do Programa de Capacitação Institucional (PCI), ao iniciar sua apresentação na Semana dos Povos Indígenas 2012 do Museu Paraense Emílio Goeldi.

Mestra em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP), Antônia Fernanda alertou sobre o declínio da diversidade linguística dos índios na mesa redonda sobre Documentação: estratégia de fortalecimento linguístico e cultural, realizada no dia 18 de abril, no Auditório Alexandre Rodrigues Ferreira, no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi.

Participaram também Ana Vilacy Galúcio, linguísta, responsável da Coordenação de Ciências Humanas do Museu Paraense Emílio Goeldi (CCH/MPEG), e Suzana Primo, índia Karipuna do Oiapoque, formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará (UFPA), técnica em atividades museológicas da Reserva Técnica de Antropologia do Museu Goeldi, local com vasto acervo de cultura material dos povos indígenas.

A UNESCO classificou as línguas indígenas brasileiras a partir do grau de Transmissão Intergeracional, ou seja, transmissão para as novas gerações. “Os critérios mostraram que as línguas são vulneráveis, quando a maioria das crianças fala a língua, mas isso se restringe a certos ambientes como a casa. As línguas estão ameaçadas quando as crianças não aprendem a língua como primeira língua em casa. Estão sob perigo severo, quando a língua é falada pelos avós e pelas gerações mais velhas e, embora a geração dos pais entenda a língua, não a usa com as crianças. As línguas estão sob perigo crítico quando os falantes são idosos e falam a língua com pouca frequência e apenas parcialmente”, explica.

REVITALIZAÇÃO

No Brasil, o maior caso é de língua vulnerável (97 casos), ou seja, quando a maioria das crianças fala a língua, mas isso se restringe a certos ambientes. Logo depois vem a língua em perigo crítico (45 casos), quando apenas é falada por idosos. “Essa situação põe o Brasil entre os países com maior número de línguas ameaçadas. Os países que apresentam maior perigo de desaparecimento de suas línguas indígenas são Estados Unidos, Brasil e Índia. O declínio da diversidade linguística implica na redução de formas específicas de pensamento e expressão uma vez que a língua é uma parte central da cultura e da identidade étnica”, ressalta a pesquisadora.

Mas o que de fato significa diversidade linguística? – “A diversidade linguística é o leque das possibilidades linguísticas humanas, tanto em termos de estrutura linguística, ou seja, de fonologia, de semântica, de sintaxe como em termos de comportamentos comunicativos”, explica Antônia.

A bolsista, durante sua apresentação, lembrou que todas as línguas têm vogais e consoantes. “Porém as línguas diferem em quais consoantes e vogais selecionam, e também como organizam as consoantes e vogais dentro dos seus sistemas linguísticos”. Por exemplo, a língua Djeoromitxi (falada em Rondônia) apresenta a consoante africada bilabial [bz], como em bzieko ‘jabuti’, que não existe no sistema consonantal do português.

Para ocorrer a morte de uma língua, são necessários vários fatores como a perda populacional, poucos falantes remanescentes, pressões sociais, políticas, econômicas, línguas vistas como inferiores, línguas consideradas como um empecilho para ascensão social, falta de programas educacionais e a não valorização das línguas indígenas.

Porém, o fator mais grave para a morte de uma língua é a ruptura de transmissão intergeracional. Antônia explica que, quando as crianças de uma determinada etnia não falam mais a sua língua, ela está destinada à morte. “Foi o que acontece com a língua Wayoro, no estado de Rondônia. As crianças não falam mais a língua. Então, se projetos de documentação, de revitalização da língua não entrarem em ação rapidamente, ela possivelmente desaparecerá”.

Para revitalizar uma língua já considerada morta, o processo é mais difícil. É preciso fazer uma documentação do que foi deixado, procurar material que exista para que possa ser adequadamente armazenado e, futuramente, usado por projetos de revitalização. “O processo deve ser feito com o material que exista na língua. Sem material linguístico não há como realizar documentação e aspirar por uma revitalização da língua”, finaliza Antônia.

DOCUMENTAÇÃO

A documentação e o arquivamento de aspectos linguísticos e culturais permitem salvaguardar o conhecimento das etnias documentadas, possibilitando a disponibilização deste material para as futuras gerações. A documentação consiste em coleta de arquivos em áudio e vídeo, tanto de aspectos culturais, como festas, músicas e narrativas tradicionais como também de documentação especificamente linguística: lista de palavras, gêneros variados de textos e conversas.

Para isso, o Museu Goeldi, financiado pelo Ministério da Justiça, por meio do seu Conselho Federal Gestor do Fundo de Direitos Difusos (CFDD), e pelo CNPq, implementou entre 2009-2011, no setor de linguística da Coordenação de Ciências Humanas (CCH), o Centro de Documentação Permanente de Línguas e Culturas Indígenas da Amazônia. O acervo conta com mais de mais de 1,2 mil mídias que guardam registros de 78 línguas indígenas. Esse acervo inclui desde material gravado em equipamentos já defasados como fitas cassetes, transferidos para um computador mais seguro para preservar com maior segurança o patrimônio linguístico e cultural, até os materiais gravados atualmente em mídias já digitais.

“A presença da comunidade em todo o processo de documentação, desde a escolha do que se quer que seja gravado ou não seja gravado, as transcrições do material, até a elaboração dos produtos finais, é fundamental. O fortalecimento linguístico e cultural é uma consequência de todo esse trabalho e da disseminação de produtos úteis para a comunidade. Então, CD’s e DVD’s de história tradicionais, músicas e festas podem ser rapidamente disseminados pela comunidade”, explica Antônia.




fonte
(Diário do Pará)

Manuscrito de Napoleão é vendido em leilão

Museu de Letras e Manuscritos de Paris pagou € 325.000 por documento em inglês


"It is two o'clock after midnight, I have enow sleep..." (São duas da manhã, dormi o bastante). O curto texto em inglês redigido pelo imperador Napoleão I, descoberto na ilha de Santa Helena, foi arrematado em leilão, neste domingo, pelo Museu de Letras e Manuscritos de Paris, que pagou 325.000 euros por ele.

Escrito de próprio punho por Napoleão, esta carta de uma página, datada de 9 de março de 1816, era destinada ao conde de Las Cases, seu colega de desterro e futuro redator das memórias do imperador deposto.

Segundo a casa de leilões Osenat, que a cada ano organiza, no Palácio de Fontainebleau, perto de Paris, vendas dedicadas ao império napoleônico, esta carta de Napoleão é "uma das três únicas conhecidas no mundo".

Seu valor era estimado entre 60.000 e 80.000 euros, muito abaixo da cifra paga no disputado leilão.

Em seu "Memorial de Santa Helena", Las Cases relata como, no mês de março de 1816, Napoleão escreveu a ele cartas em inglês, principalmente para exercitar o idioma de seus carcereiros, que decidira aprender semanas antes.

Las Cases menciona a carta vendida neste domingo: "o imperador não dormiu a noite toda: em sua insônia, se divertiu escrevendo-me uma nova carta em inglês; a mandou a mim selada; corrigi os erros, e ele respondeu, também em inglês, quando me devolveu o correio. Compreendeu-me muito bem; o que o convenceu de seus progressos, e provou que poderia, com todo rigor, escrever em sua nova língua".

fonte:
http://www.band.com.br/noticias/mundo/noticia/?id=100000509407

A Barca Russa

Viajar, através das imagens, pelas cidades russas… Outrora, um génio da sétima arte fê-lo com um único plano-sequência, num museu de São Petersburgo (“A Arca Russa”, de Sokurov). Agora, propomos uma viagem a Moscovo, com a câmara na proa.

Descobrir a capital russa a bordo de um barco é a opção favorita de muitos turistas. Os monumentos desfilam nas margens e os passageiros poupam os esforços para outras andanças.

“Foi o Rio Moscovo que deu o nome à cidade construída no século XII. Hoje, o rio oferece algumas das melhores vistas panorâmicas que resumem a história e a modernidade da capital russa”, descreve o jornalista da euronews,

veja o vídeo... nolink abaixo


Denis Loktev.
Na margem sul, fica o centro do poder político da Rússia. O Kremlin foi construído em 1156 para ser a fortaleza central de Moscovo. Trata-se de uma página incontornável da história da arte, que combina os estilos bizantino, barroco e o neoclássico. Lá dentro, uma série de edifícios majestosos, como o Grande Palácio ou a torre do sino de Ivan o Grande.
As cúpulas douradas das catedrais ortodoxas decoram as margens do rio. É o caso do convento Novodevichy. Classificado pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade, o monumento manteve-se praticamente inalterado desde o século XVII.

Durante a era soviética, os edifícios do convento foram transformados em museus e apartamentos. Nos anos 90, as freiras puderam regressar e a vida religiosa retomou o seu rumo. É o que conta a abadessa Margarita: “Depois de décadas difíceis para o nosso país, houve uma altura em que o povo russo teve a oportunidade de repensar a vida, de olhar para a história, tirar as conclusões adequadas e recomeçar a rezar.”
Um local de recolhimento e meditação, mas também um espaço para descobrir algumas relíquias do barroco.

A viagem de barco continua até à Universidade de Moscovo. A instituição académica mais conhecida da Rússia atrai dezenas de milhares de estudantes de vários países. A universidade é um dos sete arranha-céus construídos sob as ordens de Estaline. A torre atinge 240 metros e tem 36 andares.

Outro exemplo, deste estilo sumptuoso, é o Hotel Ucrânia, agora gerido por uma cadeia de hotéis de luxo. O Ucrânia tem uma coleção de arte de mais de mil quadros de artistas soviéticos da primeira metade do século XX e um diorama, ou seja, uma representação muito realista da cidade de Moscovo, elaborado em 1977.

A herança cultural espreita a cada esquina. Os restaurantes rivalizam pelos melhores pratos de gastronomia russa. As composições variam em torno de uma grande variedade de peixes, aves, cogumelos, bagas e mel.

O maior “pulmão” da cidade é o Parque Gorky que se transformou num dos locais favoritos da juventude moscovita. Nos anos que se seguiram à era soviética, o parque foi usado para feiras populares e outras atrações. Os tempos são outros e o jardim é agora palco de aulas de Yoga, de partidas de petanca e de sessões de cinema ao ar livre

“Antigamente só se podia usufruir das atrações, comer pipocas e doces e era tudo”, relembra a diretora do parque, Olga Zakharova. “Agora, o parque está completamente diferente. Tem um programa cultural rico que atrai um público muito diferente”, conclui.

fonte:
http://pt.euronews.com/2012/06/11/a-barca-russa/