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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Desafios de um museu

Desde os anos 1970, os museus se tornaram populares e, com seu sucesso, são hoje parte da indústria cultural, como diz o diretor técnico da Pinacoteca do Estado, Ivo Mesquita. “É extremamente positiva essa popularidade que trouxe recursos para as instituições museológicas”, continua Mesquita, que em abril deste ano deixou o cargo de curador-chefe da Pinacoteca para dirigir o museu, considerado um dos principais do País. Com um orçamento de R$ 26 milhões previstos para 2012 e um cronograma de exposições e projetos em parceria com a Tate de Londres e MoMA de Nova York, entre outros, já definidos para até 2016, a instituição se prepara para aumentar ainda mais suas ações.

São muitos os desafios para o futuro da Pinacoteca do Estado, mesmo que seja um museu com estrutura estável, com programa de aquisições e que sempre “aparece bem na fotografia”, como brinca Ivo Mesquita. Mantendo três espaços – o prédio central na Praça da Luz e a Estação Pinacoteca no Largo General Osório, que também abriga o Memorial da Resistência de São Paulo –, a instituição está trabalhando na criação de uma filial em Botucatu, no interior do Estado paulista. Há três anos a prefeitura da cidade teve a iniciativa de fazer uma parceria com a Pinacoteca e criar um espaço museológico em um de seus prédios, criado pelo arquiteto Ramos de Azevedo (1851-1928). O local será reformado e vai abrigar exposições de longa duração com obras do acervo do museu de São Paulo. “A Pinacoteca viu com bons olhos a possibilidade de mostrar sua coleção lá”, afirma Mesquita.

A instituição, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura e administrada pela organização social Associação Pinacoteca Arte e Cultura (Apac), terá também como “prioridade para os próximos cinco anos” construir outro edifício, na cidade de São Paulo, para exibir apenas suas obras de arte contemporânea (desde 2007, foram adquiridos cerca de 2 mil trabalhos). É um projeto que vem se arrastando há tempos – o museu apresenta, como um todo, menos de 10% de sua coleção. “Ainda não está definido um lugar, mas sem dúvida não queremos sair desta região (da Luz), que tem potencial e espaço”, diz Ivo Mesquita. “Existe a história de que o novo prédio possa ser no espaço da escola (Prudente de Moraes), que pertence à Prefeitura, mas é necessário que ocorra a transferência dela para um outro edifício a ser reformado. É uma coisa complexa, a ser feita com a Secretaria de Educação da cidade, e você conhece o País em que vive, não é?”

Mudanças
A Pinacoteca vem reestruturando sua diretoria e corpo administrativo desde abril, quando Marcelo Araujo, que dirigia o museu desde 2002, deixou o cargo para se tornar secretário de Estado da Cultura. Optando por um modelo de continuidade, a Apac transformou Ivo Mesquita, de 61 anos, de curador-chefe da instituição (desde 2007) em seu diretor técnico; manteve Miguel Gutierrez, de 60 anos, como responsável pela área financeira, e nomeou, no dia 15, Paulo Vicelli, de 32 anos, que trabalhava no Itaú Cultural, para o cargo de diretor de relações institucionais e captação de patrocínio. “As coisas foram crescendo de tal forma na Pinacoteca que minha vinda vem para fortalecer as relações com os patrocinadores e comecem a ser perenes”, afirma Vicelli. Valéria Piccoli tornou-se curadora-chefe do museu.

A Pinacoteca realiza 33 exposições por ano, mas Mesquita quer desacelerar essa produção e incrementar parcerias com instituições estrangeiras “numa parte mais complexa”, a de “troca de técnicos”, como a que foi firmada com a Tate, há dois meses. “Eles estavam interessados no nosso setor educativo e nós na sua área de conservação”, lembra. “A Tate mesmo, supermuseu, faz 12 exposições anuais; o MoMA, 16 mostras; e a gente faz 33. É muita loucura, quero fazer pelo menos 20 por ano”, compara o diretor. “O William Kentridge (artista) veio ver o espaço onde será sua exposição e quando olhou o trabalho do Artur Lescher (no octógono), perguntou se a obra ficaria ali por um ano. Disse que não, que ficaria exposta por 92 dias”, diz Mesquita.

Em 2013, ainda não será possível diminuir o número de exposições e aumentar a duração das exibições, mas a Pinacoteca se prepara para fazer isso em 2014. “O desafio é sustentar todas essas estratégias, entre elas, ampliar o programa de patronos do museu. Para você ter ideia, soube que o MoMA tem 566 brasileiros como sócios. Desculpa, e na Pinacoteca?”, pergunta Mesquita. ::




fonte: CAMILA MOLINA
http://blogs.estadao.com.br/jt-variedades/desafios-de-um-museu/

Aberta seleção de organizações para atendimento em museus de Recife para a Copa 2014


Organizações vão presta serviços de adequação da infraestrutura tecnológica e de atendimento turístico

O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), em conjunto com a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), divulgou edital de seleção de projetos de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) para realizar prestação de serviços destinada à adequação da infraestrutura tecnológica e de atendimento turístico dos museus da região metropolitana de Recife, capital de Pernambuco.


As inscrições vão até 9 de novembro. O edital faz parte do programa Legado Cultural para o Setor Museal, que compreende estratégia específica de investimentos voltados para o setor nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. Acesse o edital pelo Portal de Convênios (Siconv).
Durante o campeonato, são esperados no Brasil cerca de 600 mil turistas estrangeiros e, além disso, a previsão é de que haja uma movimentação de mais de 3,1 milhões de pessoas em todo o território nacional.

Legado
O objetivo do programa Legado Cultural para o Setor Museal é formalizar e implementar uma agenda de investimentos públicos e privados no setor, com vistas a desenvolver a modernização, a qualificação, a promoção e a atratividade dos museus para os megaeventos esportivos.
De acordo com o Ibram, a expectativa é de que o esforço realizado deixe como legado uma infraestrutura de equipamentos e serviços no setor museal que interajam com o patrimônio cultural das cidades-sede.

fonte:


De portas fechadas, Museu Ferroviário e Biblioteca aguardam por restauração



Mais um importante passo rumo à preservação do patrimônio histórico de Lafa­iete pode ser dado em breve. Por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado entre o Ministério Público e a MRS Logística, a cidade poderá ver restaurado o Centro Cultural Maria Andrade de Resende, que há alguns anos abrigava a Biblioteca Pú­blica Muni­cipal e o Museu Ferroviário.



De acordo com o promotor de Justiça e cu­rador do Patrimônio Público de Conselheiro La­faiete, doutor Glauco Peregrino, a MRS já contratou um escritório de arquitetura para elaboração do projeto de restauro do museu. “Esse projeto foi submetido à apreciação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que já o aprovou. Agora estamos aguar­dando o parecer da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que também tem que se manifestar sobre o projeto, já que abrange a malha ferroviária. Somente após essa última manifestação é que poderemos passar à fase de execução das obras”, explicou.


O prédio cedido pela união ao município, a Estação Ferroviária, onde funcionava a biblioteca municipal, foi erguido em 1833, por ordem de Dom Pedro II. A edificação pertenceu à Ferrovia Pedro II, depois Central do Brasil e à extinta RFFSA, estando hoje sob concessão da MRS Logística. No ano de 2000, foi inaugurado no local o Centro Cultural Maria Andrade de Resende, pelo então prefeito Vicente Faria. O prédio de 11 cômodos abrigava além da biblioteca o memorial do Con­selheiro Lafayette Rodrigues Pereira, e o Mu­seu Ferroviário, que conta com dezenas de pe­ças, e também uma Maria Fumaça, a principal atração do Museu. 

De portas fechadas 
O patrimônio, que deveria ser de utilidade para toda a população da cidade e seria uma opção de lazer, turismo e cultura, encontra-se de portas fechadas desde 2009, quando foi interditado por apresentar problemas em sua estrutura. A biblioteca, que chegava a atender 1.500 pessoas por mês, conta com um acervo de aproximadamente 26 mil exemplares, e boa parte desse acervo está encaixotada e guardada na antiga estação, correndo o risco de serem danificados e ficarem inutilizáveis. Na época do fechamento, foram detectados problemas no telhado, infiltrações e falhas nos sistemas elétricos e hidráulicos, e também problemas no piso, além da ação de roedores.


Muitos ainda não sabem, mas parte do acervo municipal, que ficava no Centro Cul­tural Maria Andrade Resende, está no Museu An­tônio Perdigão, o antigo prédio da cadeia. Uma sala foi cedida para que a biblioteca não ficasse sem um local de atendimento. Os então 19 mil leitores cadastrados podem fazer uso das obras no novo local, porém nem todos os livros que lá se encontram podem ser locados, por causa do pouco espaço, apenas algumas obras estão disponíveis, livros técnicos, por exemplo, podem ser consultados no local, mas não levados para casa. 

Locomotiva Orestein Koppel 
A locomotiva a vapor 6561 da Orestein e Koppel, po­pularmente conhecida como “Ma­ria Fu­maça”, permanece no Centro Cultural “Maria An­drade de Resende”. No tempo em que o espaço era aberto à visitação, ela foi a principal atração do Museu Ferroviário na antiga Es­tação Lafayette, inaugurada em 1883 e reativada com a finalidade de visitação turística em maio de 2000.


Sua primeira dona da locomotiva foi a em­presa Trajano de Medeiros, fabricante de material rodante, bondes etc. Após a falência, a má­quina passou para o Banco do Brasil e foi repassada à Central do Brasil em 1951, rodou até 1968. Um bem tombado pelo município no ano de 1999, a locomotiva foi doada a nossa cidade após passar 31 anos em um depósito na cidade de Três Rios.



Nos trilhos de Lafaiete

Hoje interditado, o espaço que abrigava o Museu Ferroviário e a Biblioteca Municipal já foi, um dia, a estação de “Conselheiro Lafayet­te”. Construída em 1928, no km 462,583, MG-0409 (localização ferroviária), a estação faz parte da primeira linha da Estrada de Ferro Dom Pedro II, que, a partir de 1889, passou a se chamar Estação Ferroviária Central do Brasil. O primeiro trecho foi concluído em 1858 e partia da estação Dom Pedro II, alcançando Barra do Piraí em 1864. Do Rio de Janeiro, a linha seguiria para Minas Gerais, atingindo Juiz de Fora, em 1875. A intenção era chegar ao rio São Francisco, e, dali, partir para Belém do Pará.


Sua extensão seguia até Pirapora, às margens do São Francisco, em 1910. Já em 1948, a ferrovia foi prolongada até Monte Azul. Pela linha do centro, passavam os trens para São Paulo (até 1998) e para Minas Gerais (até 1980), até Joaquim Murtinho. Antes, porém, havia mudança de bitola, de 1,60m para métrica, na estação de Conselheiro Lafayette.


Em Gagé, compondo a mesma estrada de ferro, havia a estação na linha do centro (km 473,523 (1928), MG-0410). O prédio, outro importante marco da história local, foi demolido. Os trilhos ainda existem, fazendo-nos lembrar que, naquele local, já existiu uma estação, onde nossos antepassados embarcaram e desembarcaram, enquanto a cidade de Lafaiete se desenvolvia.


Filha de Anton Smetak afirma que obras do artista podem ser despejadas do Solar Ferrão Fonte: Boainformacao.com.br http://www.boainformacao.com.br/2012/11/filha-de-anton-smetak-afirma-que-obras-do-artista-podem-ser-despejadas-do-solar-ferrao/



O acervo de instrumentos - esculturas do músico suíço, naturalizado na Bahia, Anton Smetak (1913-1984), corre o risco de ser despejado até o próximo ano, quando se comemora o centenário do artista. As obras estão em exposição desde 2010, no museu Solar Ferrão, em Salvador, após acordo com a família que determinava a locação por tempo indeterminado. A notícia foi divulgada na última terça-feira (30), em carta enviada por e-mail a alguns conhecidos pela filha mais velha de Smetak, Bárbara, responsável pela curadoria da obra.





Segundo a publicação, a mostra O Alquimista do Som deve ser retirada até setembro, quando o museu passará por reformas e buscará novas licitações. Bárbara contou, em entrevista ao Bahia Notícias, que compareceu à reunião na Diretoria de Museus, nesta terça-feira (30), para tratar de projetos concernentes à comemoração do centenário do músico, no ano que vem, mas foi surpreendida pela notícia de que deveria procurar um novo espaço para as obras. 

“Se a gente soubesse que as peças só restariam por dois anos lá, não teríamos aceitado. Dá muito trabalho desencaixotar tudo.” Antes de chegarem ao Solar Ferrão, os instrumentos estiveram em exposição nos museus de Arte Moderna da Bahia e de São Paulo. 

“Essa obra foi desalojada de caju em caju, estava encaixotada desde 2008”, relatou. Já que o acervo não pertence ao estado, Ana Liberato, diretora de Museus, informou à família que eles devem determinar qual finalidade será dirigida ao material: venda, doação ou retirada. 

Segundo Bárbara, existe um projeto aprovado no Ipac para a venda integral do acervo, mas ainda não foram captados recursos. Ela deixou claro que os cinco herdeiros não têm intenção de fazer doações. Lançamentos de livros e CDs inéditos, a publicação de uma peça escrita por Smetak e um site novo estavam entre os planos da família para a comemoração do próximo ano. “Mas como é que vamos comemorar centenário sem a obra ter onde ficar?!”, indagou, com pesar.






Em nota, a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, por meio da Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Dimus) informou que “não existe a menor possibilidade de despejo do acervo do músico suíço Walter Smetak”. A Dimus também diz que planeja uma homenagem ao centenário do músico e que a Coleção Walter Smetak “está exposta adequadamente e passa por constantes procedimentos técnicos de conservação”. 

A nota do órgão não esclarece a questão da remoção do acervo, tampouco aborda a reunião onde Bárbara foi informada do despejo, mas diz que “possíveis intervenções ou alterações no espaço que abriga a coleção só serão realizadas mediante o consentimento e aprovação da família e com todo o cuidado que o acervo deste músico, que vem inspirando gerações de artistas, merece”.