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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Museu Ramis Bucair está fechado em Cuiabá


Criado e mantido pelo cientista Ramis Bucair, o museu que leva seu nome, no calçadão Galdino Pimentel, no centro de Cuiabá, não abre as portas há quase um ano.

Na fachada branca e azul, a placa que indica a presença de uma parte da história de Mato Grosso contada por meio de pedras está envolta a um plástico preto.

Vizinho ao imóvel, o comerciante Feiz Fares lamenta a situação, afirmando que o acervo, reunido pelo próprio Bucair durante suas “aventuras” pelo território mato-grossense, ainda permanece no local. As visitações, no entanto, não ocorrem desde a morte do agrimensor especializado em espeleologia – ciência que estuda o interior de cavernas -, em 20 de dezembro de 2011.

Filho primogênito de Bucair, o engenheiro Ramis Bucair Júnior, diz que o museu está passando por uma fase de reestruturação, que já era idealizada pelo seu pai. A expectativa é que o fruto da paixão do cientista possa ser reaberto ao público antes da Copa do Mundo de 2014.

Entre as mudanças que devem ocorrer está a criação de uma ala dedicada ao marechal Cândido Rondon, ídolo de Bucair, que chegou a refazer os passos do militar numa expedição por 760 quilômetros, entre Barra do Bugres, Mato Grosso, e Vilhena, Rondônia, em 1954.

Acompanhado de 32 homens, seis bois de carga, um burro e um cavalo cego de um olho, conforme relatou ao Diário numa entrevista concedida em 2001, Bucair seguiu o caminho trilhado 40 anos antes por Rondon. O objetivo era reerguer os postes da linha telegráfica instalados pelo marechal e que haviam se deteriorado com o tempo.

A história deve ser relatada na versão repaginada do museu de pedras, que também deve ser transferido para outro local. Uma questão de logística, segundo Júnior, para facilitar a chegada de ônibus escolares e outros veículos trazendo visitantes. Isso porque, ao calçadão, atualmente, chega-se apenas a pé e a oferta de estacionamentos no entorno é pequena.

A reorganização do acervo, que conta com aproximadamente quatro mil peças raras, - entre pedras preciosas, fotografias e mapas, oriundas da catalogação de 39 cavernas antes inexploradas pelo homem -, contudo, tem esbarrado na questão financeira.

Primeiro museu particular do gênero no país, o Ramis Bucair foi criado e mantido com recursos de seu idealizador, sem qualquer auxilio dos governos federal, estadual ou municipal, nem organizações não governamentais. Custo que foi transferido à família com seu falecimento.

Bucair morreu no final de 2011, vítima de um câncer na bexiga. Deixou viúva Elza Bucair, com quem era casado há 52 anos e teve quatro filhos. Além do museu, fundado em 8 de abril de 1959, deixou como legado a Associação dos Amigos de Marechal Rondon, hoje presidida por Ivan Pedrosa.


fonte:
http://www.odocumento.com.br/materia.php?id=411824

Gustav Klimt, um pintor do seu tempo


Neste ano de 2012 completam-se 150 anos do nascimento do pintor austríaco Gustav Klimt, um dos mais importantes nomes da arte moderna do começo do século 20. Uma de suas mais célebres obras é a pintura “O Beijo”, de 1908.



Gustav Klimt - beijo
Filho de ourives, Klimt usou ouro para envolver as figuras de suas telas, que levam hoje 6 mil pessoas todos os dias ao Museu Belvedere em Viena, Áustria. Este museu recebe anualmente a visita de 2 mlhões de pessoas. Desde o dia 13 de julho, esse museu - dono da maior coleção de obras de Klimt - está apresentando uma exposição com 23 de suas pinturas, incluindo “O Beijo”.

Mas em outras cidades do mundo, mais exposições estão na programação de museus e galerias. Em Nova York, a Neue Galeria abriu uma mostra com desenhos, pinturas e fotografias de Gustav Klimt. Entre essas obras, o “Retrato de Adele Bloch-Bauer I”, de 1907, que ele decorou ricamente com ouro. Também desde 16 de maio deste ano o Museu de Viena faz uma mostra das obras do início de sua carreira em 1880, até sua morte em 1918. Outros dois museus de Viena também apresentaram mostras.

Gustav Klimt nasceu no dia 14 de julho de 1862 em Baumgarten, na periferia de Viena, Áustria. Era o segundo entre os sete filhos de Ernest Klimt, que exercia a modesta profissão de ourives. Sua mãe, Anna Finster, era cantora lírica. Contam seus biógrafos que, desde muito pequeno, Gustav Klimt demonstrava interesse pelas artes e por decoração. Em 1876, ele entrou na Escola de Artes Decorativas de Viena, onde aprendeu as primeiras lições de pintura.

Em 1880, com 18 anos de idade, ele e seu irmão Ernst e mais um amigo, Frantz Matsch, criaram um atelier de decoração. Rapidamente seu trabalho prosperou e começaram a receber numerosas encomendas para decorar paredes e tetos de casas, assim como teatros e outros edifícios públicos. Em 1890, apenas dois anos depois, Gustav Klimt já era famoso por sua pintura decorativa e executava obras que eram encomendadas pelo governo austríaco.

Mas internamente, Klimt se sentia atraído por uma arte mais livre do que as que executava por encomenda. Nesse período ele namorava uma moça que tinha uma casa de costura, Emilie Flöge, e tinha se aproximado dos escritores Arthur Schniltzer, Hofmaansthal e Hermann Bahr, bastante interessado no simbolismo e no impressionismo francês. Em 1895, após uma exposição em Viena, ele descobre a pintura do alemão Max Liebermann, assim como Félicien Rops, Klinger e Auguste Rodin, o escultor francês.

Com alguns amigos, ele funda, em 1897, o jornal “Ver Sacrum”, com a intenção de criar um instrumento consagrado à arte. No mesmo ano, ele participa da fundação da União dos Artistas Figurativos, denominada de “Secessão”, com dezenove outros artistas vienenses. Ele foi o presidente dessa associação que tinha por objetivo interferir na vida artística da época, além de produzir obras de arte que levassem a arte austríaca ao reconhecimento internacional que ela merecia. Tratava-se também, para aqueles artistas, de diminuir a distância entre a arte e as artes ditas menores, de aproximar objetos utilitários dos objetos de arte, e de transformar o mundo por meio da arte. A arte, para eles, deveria despertar a consciência, de forma diferente do que vinha sendo praticado pela arte acadêmica. O jornal “Ver Sacrum” era o porta-voz dessa vontade de mudar o mundo.

Enquanto isso, o arquiteto e também pintor Joseph Marie Olbrich construía um espaço dedicado às artes, como desejvam Klimt e seus amigos da “Secessão”: um lugar para permitir aos jovens artistas figurativos um lugar permanente de exposição para suas obras.

Em 1898 Gustav Klimt pintou a obra “Pallas Athena” que marca o início do seu afastamento da chamada arte oficial. Sob uma forma irônica, ele reinterpreta a representação tradicional da deusa grega, apresentando-a com traços de “femme fatale”, sensual e moderna. Essa pintura foi usada como ilustração para o cartaz da primeira exposição da “Secessão” em 1898.

Durante o ano de 1900, após a sétima exposição do seu grupo, Klimt apresenta a tela “A Filosofia”, a primeira de três que foram encomendadas para ilustrar o teto abobadado onde acontecia a Aula Magna da Universidade de Viena. Esta pintura foi destruída pelos nazistas em 1945. Os outros dois eram “A Medicina” e “A Jurisprudência”. Ele escolheu pintar a filosofia sob a forma de uma esfinge, com contornos fluidos, a cabeça perdida nas estrelas enquanto em torno dela se desenrolavam todos os ciclos da vida, do nascimento à velhice, passando pelos tormentos do amor. Essa tela sofreu duras críticas das autoridades universitárias que esperavam uma representação clássica do tema. Consideraram essa obra uma provocação, apelo à libertinagem e um atentado aos bons costumes. A crítica foi violenta também por parte da imprensa (sempre a velha mídia...) que acusou Klimt de querer perverter a juventude. Alguns questionaram sua sanidade mental ao avaliarem o erotismo de suas pinturas. Os críticos dos jornais atacavam até o fato de Klimt sofrer de depressão.

Mas ele não se deixou influenciar pelos críticos e defensores do conservadorismo. Em suas outras duas pinturas seguintes, “A Medicina” e “A Jurisprudência”, continuou pintando como gostaria e o resultado foi que as críticas se ampliaram ainda mais. “A Medicina” foi representada por uma moça sensual, como em outros quadros, ao lado de representações sobre o sofrimento e a morte. “A Jurisprudência” é representada por um criminoso preso a seus instintos enquanto que a Justiça encontra-se fixa e impassível enquadrada numa espécie de mosaico de inspiração bizantina. Suas pinturas obviamente não foram aceitas para decorar a sala das Aulas Magnas da universidade...

Em 1902, após a décima quarta exposição da “Secessão”, consagrada à música de Beethoven, Klimt apresenta um afresco dividido em sete paineis representando a Nona Sinfonia, destinada a decorar um monumento em memória do compositor, que foi concebido pelo arquiteto Josef Hoffmann. Essa obra foi incentivada por um outro músico, Gustav Mahler, e ela representava a aspiração à felicidade por parte da humanidade sofredora que busca apaziguar seu sofrimento através da arte. Mais uma vez, Gustav Klimt sofreu duras críticas, bastante violentas, em nome da moral.

Os anos 1902-1903 foi um período de intensa produção criativa de Gustav Klimt. Ele inicia o uso do ouro em suas obras com as pinturas “Serpentes de Água” e “Retrato de Adele Bloch-Bauer”, além de “Danaé”.

Em 1904, um rico banqueiro, Adolphe Stoclet, encomenda a ele um mural feito em mosaicos para a sala de refeições de um luxuoso palácio que ele iria construir em Bruxelas, na Bélgica. Mais uma vez ele mostra a riqueza decorativa de suas obras, com “A Espera” e “”Cumprimento”.

O famoso quadro “O Beijo”, sua obra mais conhecida e que continua sendo reproduzida sob diversos materiais decorativos em todo o mundo, foi pintado em 1905. Após 1908 ele abandona o grupo “Secessão”, acompanhado de vários amigos. Para ele, essa associação de artistas já tinha cumprido seu papel e corria o perigo de “se esclerosar”. A partir daí ele se consagra à pintura de paisagens ou de cenas alegóricas, cada vez mais estilizadas e com cores cada vez mais vivas. 

Também passa a pintar retratos e realiza retratos de mulheres de grandes dimensões com composições ricamente decoradas, para atender a uma clientela rica e burguesa que lhe enchiam de encomendas. Pinta numerosas cenas com mulheres nuas e em poses eróticas. 

Em 1910, Klimt participa da Bienal de Venesa, onde ele obtém muito sucesso. Passou a ser conhecido como o representante na pintura da intelligentsia austríaca e como inventor da arte decorativa.
Ele morreu em 1918, após um ataque de apoplexia, deixando diversas obras inacabadas.

Pintor denegrido por mais de dez anos em sua terra, seu trabalho foi, no entanto, a expressão de um período histórico de mudanças que aconteciam pelo mundo e por isso ele é uma referência na história da pintura. Gustav Klimt é o exemplo e a expressão de um pintor de seu tempo, corajoso, ativo, altamente criativo e que participou ativamente das profundas transformações pelas quais o mundo passaria a partir do começo do século 20, em todos os ramos da vida human, incluindo as artes.

fonte:
http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=4978&id_coluna=74