A
comparação dos genomas de diversas populações humanas actuais revela
que, há 4230 anos, houve uma migração da Índia para a Austrália. E levou
com ela o dingo.
Até
aqui, pensava-se que a Austrália tinha permanecido praticamente cortada
do resto do mundo entre a sua primeira colonização pelos seres humanos,
há uns 40 mil anos, e finais do século XVIII, aquando da chegada dos
europeus. Mas uma análise genética revela agora que houve populações que
desembarcaram naquele continente, vindas do subcontinente indiano, há
uns 4000 anos, trazendo com elas novas tecnologias, novas espécies
animais – e misturando-se com os aborígenes australianos.
Irina Pugach e colegas, do Instituto Max Planck, na Alemanha, publicam esta conclusão na edição desta semana da revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Os cientistas analisaram perto de meio milhão de mutações genéticas
pontuais distribuídas pelos genomas de pessoas que vivem hoje na
Austrália, Nova Guiné, ilhas do Sudeste asiático e Índia.
Encontraram,
por um lado, uma origem comum entre as populações da Austrália, da Nova
Guiné e das Filipinas (mais precisamente os mamanwas), que coincide
temporalmente com uma migração ancestral, para sul, dos primeiros
humanos a partir de África. Estas populações ter-se-ão diferenciado
geneticamente há cerca de 36 mil anos.
Mas
a análise também revelou que houve contactos entre nativos da Austrália
e da Índia há 141 gerações, que somam 4230 anos, explica a PNAS,
se se considerar que uma nova geração surge de 30 em 30 anos. Esta
migração, que é, portanto, muito mais recente do que a migração
ancestral – e ao mesmo tempo muito mais antiga do que a dos europeus –,
permite explicar uma série de mudanças que surgiram, precisamente há
vários milénios, nos achados arqueológicos do continente australiano.
“É
provável que as mudanças, que incluem uma modificação repentina das
técnicas de processamento das plantas, das ferramentas de pedra
utilizadas e ainda o aparecimento dos primeiros fósseis de dingo [uma espécie de cão selvagem] estejam relacionadas com essa migração”, diz Pugach em comunicado da sua instituição.
fonte:
http://www.calameo.com/link?id=45688222
Nenhum comentário:
Postar um comentário