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quinta-feira, 7 de março de 2013

Museu da Inconfidência guarda peças históricas e obras de poetas árcades


Na praça onde a cabeça de Tiradentes ficou exposta após seu martírio, em 1792, está o Museu da Inconfidência. O prédio é o panteão de Ouro Preto, cidade onde ocorreram histórias feitas de ouro, amor, liberdade e traições.
Nele estão enterrados, numa sala decorada com a bandeira dos inconfidentes e atual símbolo do Estado de Minas Gerais, o alferes Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes), o poeta Tomaz Antônio Gonzaga e sua musa, Maria Doroteia Joaquina de Seixas (a “Marília de Dirceu”), e o poeta Inácio José de Alvarenga Peixoto e sua musa, Barbara Eliodora Guilhermina da Silveira, entre outros.

Ao conceber seu “Romanceiro da Inconfidência” (1953), Cecília Meireles deu voz aos fantasmas da liberdade que a cidade ecoa do seu passado grandioso e traumático.

“Concentrou entre estes muros de pedra, tão longe do convívio fácil dos lugares ilustres do século 18, um grupo de homens que estiveram, na sua época, tão ao corrente dos fatos e dos vultos seus contemporâneos – que puderam repercutir, neste pequeno recanto, as ideias mais avançadas da Europa, e foram murmurados nestes ares os nomes mais famosos do mundo, e lidos a esta luz os livros mais arrojados do tempo -, com uma naturalidade que impressiona, comove e quase assusta”, declara a poeta em sua conferência de 1955.

De fato, por Ouro Preto passaram as mais avançadas ideias democráticas do século 18. No Museu da Inconfidência há um livro que a isto atesta: a Constituição norte-americana numa edição em francês, de 1788, clandestina e de circulação proibida na colônia.

Estão também no museu edições raras dos poetas árcades: as “Obras de Claudio Manoel da Costa, Árcade Ultramarino, Chamado Glauceste Saturnio”, livro impresso em Coimbra, Portugal, em 1768, e a “Marília de Dirceu”, de Tomaz Antônio Gonzaga, impresso em Lisboa, em 1792 – quando a desgraça já se abatera sobre a vida dos inconfidentes.

O museu ainda guarda os “Autos da Devassa”, processo que levou Tiradentes ao patíbulo e à forca – cujos resquícios de madeira, expostos numa sala, são uma relíquia macabra em que, parafraseando versos de Cecília Meireles em seu “Romanceiro da Inconfidência, “Escuto os alicerces que o passado/ tingiu de incêndio: a voz dessas ruínas/ de muros de ouro em fogo evaporado”.


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