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terça-feira, 26 de março de 2013

Novos museus prometidos nas eleições não terão verba própria

Prometidos na campanha eleitoral do agora prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), o Museu do Migrante e o Museu da Diversidade Cultural não serão novas instituições --caso realmente saiam do papel--, mas sim duas "unidades museológicas" incorporadas ao Museu da Cidade de São Paulo.
Segundo o filósofo e crítico de arte Afonso Luz, novo diretor da instituição que congrega 13 unidades (como a Casa do Bandeirante, no Butantã), as duas futuras estruturas terão acervos e espaços expositivos próprios, mas sem autonomia orçamentária.

"Não estamos falando algo contrário ao que está dito no programa de governo, já que os dois novos museus serão criados de fato", diz Luz.


Eduardo Knapp/Folhapress
Afonso Luz, novo diretor do Museu da Cidade de Sao Paulo, na sacada do edifício Copan, no centro da capital paulista
Afonso Luz, novo diretor do Museu da Cidade de Sao Paulo, na sacada de sua casa no edifício Copan, centro da capital paulista
O filósofo e colunista da Folha Vladimir Safatle, que participou da elaboração de propostas para a cultura do programa de governo de Haddad, afirma que a ideia durante a campanha eleitoral de 2012 era a de que fossem dois museus autônomos. Ele não quis comentar as mudanças.
Hoje, o Museu da Cidade de São Paulo é um conjunto de casas e sítios históricos administrados pelo Departamento de Patrimônio Histórico --ligado à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
O secretário municipal de cultura, Juca Ferreira, e Luz planejam atualmente a independência administrativa e orçamentária do Museu da Cidade de São Paulo.
"Parece que [Carlos Augusto] Calil [secretário municipal da Cultura entre 2005 e 2012] tentou criar caixinhas no orçamento para dividir mais racionalmente entre as áreas e garantir uma certa autonomia dos museus, mas o antigo prefeito [Kassab] vetou essa possibilidade", afirma Luz.
Atualmente, a área de patrimônio inteira conta com um "orçamento precário" -cerca de R$ 1 milhão por ano, segundo Luz. Ele ainda não sabe estimar quanto custarão as duas unidades museológicas. Como termo de comparação, o Museu da Língua Portuguesa tem um plano de trabalho para este ano estimado em R$ 7,8 milhões.

COMPETIÇÃO
Para Afonso Luz, a criação de novas instituições museológicas -nos moldes atuais- gera disputas cada vez acirradas por recursos públicos.

"Precisamos de um novo modelo de gestão que atenda todas as unidades museológicas da cidade. Para que vamos gerar competição entre elas? A gestão conjunta evita isso", pondera.

Ele não descarta a adoção do modelo de gestão via OS (organizações sociais) --adotado pelo governo de São Paulo--, no qual o poder público seleciona um ente privado sem fins lucrativos para gerir teatros, museus e orquestras, por exemplo.

As discussões sobre esse modelo administrativo derivam para o embate político e ideológico --ele foi criado pelo PSDB e é criticado pelo PT.

"Eu não creio que a organização social que está ao lado da instituição pública precise ser tratada como uma gambiarra ou uma usurpação de responsabilidades", diz.

Afonso Luz estima que o redesenho do Museu da Cidade de São Paulo, que deve ter ainda a criação de um fundo para a captação de recursos, fique pronto em três meses.
colaborou MATHEUS MAGENTA, de São Paulo 

fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1251667-novos-museus-prometidos-nas-eleicoes-nao-terao-verba-propria.shtml

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