Ouvir o texto...

terça-feira, 2 de abril de 2013

Museu Náutico exibe embarcação restaurada


 Quem visita a 15ª Festa do Mar, nos pavilhões do Porto Velho de Rio Grande, tem a oportunidade de conhecer o resultado da restauração e interpretação no novo item do acervo do Museu Náutico, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) - o veleiro "Rebôjo". Com 55 anos de idade, o barco tem 9,10m de comprimento, dois mastros, deslocamento de três toneladas e encanta pela beleza das formas.



Museu Náutico exibe embarcação restaurada
Embarcação foi construída há 55 anos


Trata-se de um veleiro utilizado não apenas como uma embarcação de recreio dos proprietários. Conforme o diretor do Complexo de Museus da Furg, Lauro Barcellos, o "Rebôjo" fazia mesmo as vezes, de fato, de um verdadeiro barco-escola de toda uma geração de navegadores da região.

A construção do "Rebôjo" teve início em 1958, por iniciativa de dois amigos navegantes - Carlos Hermes Lehn e Nésio Ferreira Martins. O projeto do argentino Manoel Campos era muito adequado à navegação na Lagoa dos Patos, dadas as similaridades com o Rio da Prata, para o qual o projeto fora originariamente desenhado, notadamente em função do pouco calado.

No início da construção, foi muito importante a participação de Mendes Neto, proprietário de estabelecimento comercial de materiais de construção, que possibilitou, para aquisição da madeira a ser empregada, prioridade na escolha de madeira selecionada do interior de três vagões de trem da Viação Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS). Assim, foi possível a obtenção de madeiras nobres nas medidas adequadas.

Para a quilha e escantilhões foi utilizada grápia; nas cavernas e sarretas, bem como no fundo, empregou-se louro. Costado e cabine foram feitos em cedro. Rodas de proa e popa de angico e, para o convés, compensado naval, este uma novidade à época.

Apesar de ambos os sócios terem experiência em carpintaria, não o tinham em construção naval. Por isto, foi indispensável a participação de outro amigo, Estevão Plana Martins Jr. - o Estevinho - grande mestre e carpinteiro da ribeira, que dominava a técnica de queimar as tábuas do costado, cujo emprego era necessário, dado o pronunciamento da curvatura das tábuas.

De acordo com Lauro Barcellos, dentre algumas das dificuldades, é digno de nota o fato de não se contar, à época, com brocas de aço rápido para a furação de aço inox, o que era feito mesmo com o emprego de brocas de aço carbono, à razão de uma broca para cada dois furos. Outro fato peculiar foi a adaptação de uma máquina de fabricar pregos pertencente à Leal Santos S/A, para possibilitar a confecção de rebites de cobre, tendo sido utilizados 3.600 deles apenas no costado, uma vez que no fundo foram usados parafusos de latão.

O "Rebôjo" teve de ir para a água em 1964, com o interior inacabado improvisado, por ocasião da mudança da sede do Rio Grande Yacht Club (RGYC), que da doca da usina elétrica, no final da rua 24 de Maio, cujo terreno tinha de ser entregue, passou para as atuais instalações do clube, ao lado de onde, atualmente, se situa o Museu Oceanográfico.

"Desde então", conta Barcellos, "até meados dos anos 1980 não foram poucos os velejadores que aprenderam, sob o comando do mestre Nésio, oriundo de uma família de navegadores das lagoas da região, acerca da náutica e da vida."

O projeto de adequação e remontagem foi executado pelo diretor do Complexo de Museus da Furg, Lauro Barcellos, acompanhado de Henrique José Vieira da Fonseca, Maurício Aresso e José Vernetti. Apoiaram o projeto e execução do restauro o Rio Grande Yacht Club, Indústrias Alimentícias Leal Santos  Ltda., Wilson Sons Agência Marítima Ltda. - Rio Grande, Tecon Rio Grande S/A - Rio Grande, Supermercados Guanabara - Rio Grande, V.F. Combustíveis Ltda ( Posto do Guto ) - Rio Grande, Pescal S/A - Rio Grande, Coninco Ltda - Santos e Praticagem da Lagoa dos Patos.

fonte:
http://www.jornalagora.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?e=3&n=41569

Nenhum comentário:

Postar um comentário