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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Museu de miniaturas resgata memória dos patrimônios históricos do Ceará





Andar pelos corredores de um galpão e ainda poder viajar na história do Ceará, conhecendo um pouco mais dos prédios históricos erguidos, ou existentes no século 19. E tudo isso, em miniatura. Essa é a proposta educativa de um museu que muitos cearenses (e turistas) desconhecem: O Siará em Miniatura.

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Theatro José de Alencar foi recriado entre as 1,5 mil peças em miniatura
Foto: Leonardo Heffer / NE10 Ceará

Leonardo HefferDo NE10/Ceará


A busca pela história do estado e sua cultura já nasce no nome do equipamento. Siará, assim era grafado o nome do território que, de capitania, veio se tornar autônomo no séculos 18 (despois de subordinado ao Maranhão e a Pernambuco) e virar o estado do Ceará.

No acervo do museu, todas as peças são miniaturas. Elas representam os principais equipamentos do Ceará, passando pela Igreja Matriz, Praça e Museu Sacro do município de Aquiraz, cruzando pelos sítios de escravos e sua libertação no município de Redenção, até os prédios da então Fortaleza afrancesada do final dos século 19 e início do século 20, quando a moda e arquitetura de Paris eram uma coqueluche na sociedade fortalezense e extremamente copiada.
Theatro José de Alencar
Miniatura do Theatro José de Alencar e a Casa Juvenal Galeno
Entre as miniaturas dos prédios é possível encontrar a Estação Engenheiro João Felipe (erguido entre 1873 e 79), o Theatro José de Alencar (de 1896, porém inaugurado em 1910), a Santa Casa de Misericórdia (inaugurada em 1861), todos ainda de pé e funcionando em Fortaleza. Além do Forte de Nossa Senhora Assunção (1812) e a Igreja Pequeno Grande (construída entre 1898 e 1903).

Estação João Felipe
Miniatura da Estação Ferroviária João Felipe, no Centro de Fortaleza

Também é possível resgatar prédios que nem existem mais, como o Cinema Majestic (1917), luxuoso cinema que pertencia ao Grupo Severiano Ribeiro e que ficava na Praça do Ferreira, mas que na década de 50 foi abaixo depois de um grande incêndio.
Outro prédio que já não existe mais é o palacete Plácido de Carvalho, erguido entre 1919 a 1921, a mando do comerciante Plácido de Carvalho para a italiana Pierrina Rossi, por quem era apaixonado. Ela se recusava a sair da Itália e vir para o Brasil, mas Plácido prometeu a ela a construção de um palácio igual ao que eles tinham conhecido em Veneza, na Itália. Com a promessa, Pierrina veio para o país no ano seguinte. O prédio ocupava uma quadra inteira, onde hoje existe a praça Luíza Távora e o complexo conhecido como "castelinho", construído a mando a italiana para serem alugados após a morte do esposo.
Cinema Majestic
Miniatura do Cinema Majestic, construído em 1917 e que não existe mais em Fortaleza
O museu conta com 1.500 peças em miniatura, entre janelas, balcões dos prédios, os próprios edifícios construídos e personagens nas ruas. Todas as peças foram construídas pela artesã Eliete Dantas. O que impressiona é a riqueza de detalhes em todas as peças. Desde as grades da Igreja Pequeno Grande ao detalhamento dos vitrais nos prédios como o Cine Majestic, até mesmo o altar dentro da primeira catedral de Fortaleza, com direito a pequenos oradores dentro da igreja; ou a escadaria montada dentro do prédio do Cine Majestic.

Palacete placido
Palacete Plácido Carvalho e os detalhes do prédio
Eliete Dantas era responsável pelo Museu há alguns anos, porém não teve condições para mantê-lo funcionando. Para não deixar o equipamento se perder, procurou uma ONG que pudesse dar continuidade ao trabalho educativo. Foi quando entrou em cena a ONG Intervalo.

Com 15 anos de existência, a Organização já tinha um trabalho de cunho educativo e de formação profissional para crianças e jovens. O museu continuou ainda no mesmo espaço até o início de 2012, quando os custos de manutenção do aluguel se tornaram complicados para manter.

Em uma parceria com o Condomínio Espiritual Uirapuru, no bairro Castelão, em Fortaleza, o museu mudou de casa. Agora ocupa um galpão, que segundo Tiago Silva, coordenador do museu, já recebeu aprovação da própria Eliete. "Ela já visitou o espaço e gostou e já disse que vai trabalhar na restauração das peças", diz Tiago.
Igreja pequeno grandre
Miniatura da Igreja Pequeno Grande e outros prédios históricos de Fortaleza
Atualmente o museu funciona apenas para visitas agendadas. "É aberto pra quem quiser visitar, mas é preciso agendar antes de vir", avisaTiago, que também marca os agendamentos. Para escolas particulares e público em geral, o ingresso custa R$ 12. Já as escolas públicas, que representam o maior público do local, podem levar os alunos gratuitamente.

Durante a visita, ao som de músicas francesas (resgatando a Fortaleza Belle Époque), um ator encarna o poeta Pilombeta, clássico personagem boêmio que explica a época e o período para os visitantes, situando os prédios na história da cidade naquele período.

O equipamento é mantido pela ONG, que de acordo com o superintendente, Alencar Lage, não recebe apoio cultural de nenhum poder público. "Os projetos da ONG, que vão muito além do museu, são mantidos através de parceria com empresas", comenta.

SERVIÇO

Museu Siará em Miniatura
Condomínio Espiritual Uirapuru: Av. Alberto Craveiro, 2222 - Castelão
Visitas de segunda a sábado, com agendamento pelo (85) 8583.1033
Entrada: R$ 12 (individual) // gratuito para escolas públicas

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