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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Memoriais e museus de terreiros de candomblé se reúnem para formação de uma rede



Com o objetivo de unir forças para fortalecer as instituições museais de terreiros de candomblé como espaços de preservação e valorização das religiões de matriz africana, nesta quarta-feira, 29 de maio, o Memorial Kisimbiê, situado no Terreiro Mokambo, recebeu representantes de oito instituições para discutir a formação de uma rede de memoriais de terreiros de candomblé.
















Além do próprio Memorial Kisimbiê, participaram do evento o Museu Ilê Ohum Lailai (Terreiro Ilê Axé Opô Aonjá), Memorial Lajoumim (Terreiro Pilão de Prata), Museu Comunitário Mãe Mirinha de Portão (Terreiro Joãozinho da Goméia), Centro de Caboclo Sultão das Matas, Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia (MAFRO/UFBA), Núcleo do Museu do Terminal Turístico Mãe Mirinha do Portão, da Secretaria de Cultura de Lauro de Freitas, Solar Ferrão, Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (DIMUS/IPAC) e Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI).



Cada um dos presentes expôs suas especificidades, a exemplo da Mãe Conceição, do Centro de Caboclo Sultão das Matas, que enxergou na criação da rede um ponto de apoio para a concretização do projeto de resgatar as tradições dos caboclos na Bahia por meio da fundação de um espaço de memória em seu centro. As dificuldades também foram abordadas por Valmir Francisco de Sousa, filho do Terreiro Pilão de Prata, casa equipada com biblioteca e escola que não funcionam por falta de parcerias. Célia Silva, gestora do Museu Ilê Ohum Lailai, optou por estudar Museologia para dar um tratamento adequado às peças que compõem seu acervo e percebe que, muitas vezes, os próprios frequentadores desconhecem o valor dessas obras.



Nesse sentido, Arany Santana, diretora do CCPI, pontuou que “a grande tarefa é fazer com que os próprios povos dos terreiros entendam como sua história é importante e como cada objeto utilizado nas casas guarda essa memória”. Para ela, “isso passa por um trabalho de fortalecimento da autoestima destas pessoas que não enxergam sua cultura como relevante por serem alvo constante de preconceitos”.



Já em seu primeiro encontro a rede se estendeu para além dos terreiros e contou com as contribuições de Graça Teixeira, diretora do MAFRO, que se ofereceu para realizar em parceria cursos de gestão de espaços de memória em terreiros e de conservação preventiva para as pessoas que atuam nessas casas. Osvaldina Cezar, coordenadora do Solar Ferrão, unidade vinculada à DIMUS, ressaltou que independente da terminologia usada, museu ou memorial, estes espaços devem ter em mente porque e para quem estão preservando a memória. “A institucionalização também é fundamental e nesse sentido a DIMUS atua como apoiadora e fomentadora ao prestar assessoria técnica e promover o Edital Setorial”.



O evento foi encerrado com a definição de um cronograma de trabalho. A partir do dia 15 de julho, serão realizados encontros voltados às demandas identificadas pelas instituições participantes. Dentre os temas que serão discutidos, figuram as noções de museus, memoriais e espaços de memória, seus limites e aproximações, captação de recursos através de editais, o empreendedorismo nos terreiros e as possibilidades de inserção destes espaços nos roteiros turísticos, em destaque no período da Copa de 2014. A rede será mantida pelos terreiros com o apoio técnico da DIMUS, CCPI e Fundação Pedro Calmon (FPC), unidades da Secretaria de Cultura do Estado (Secult/BA).


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