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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A função social dos museus



Mais de dois mil profissionais do setor de museus do mundo todo estão reunidos até o próximo sábado (17/8) no Rio de Janeiro, para a 23ª Conferência Geral Trienal do Conselho Internacional de Museus (ICOM), principal encontro do setor.

Entre eles, estão David Fleming, diretor do Museu Nacional de Liverpool, e Richard Sandell, orientador da pós-graduação da Universidade de Leicester, que vieram a convite do British Council, através do programa Transform de Museus.

Richard Sandell, que falará sobre a relação entre os museus e a transformação da cidade pelo Comitê Internacional para Museus de Cidade, afirma que há um interesse considerável e crescente dos museus ingleses em estreitar relações com o Brasil. “Desde que eu soube que iria ao Rio de Janeiro, me deparei com vários museus com os quais já começamos a desenvolver laços. Sinto que há muito interesse e agenda em comum e que, através de intercâmbios e de um diálogo aberto, há potencial para muitos conhecimentos compartilhados”, afirma o orientador.

Para Sandell, a crise financeira está impactando muitos museus britânicos – em particular, os que são dirigidos pelos governos locais. No entanto, ao mesmo tempo, eles estão experimentando novos modelos de negócios, procurando trabalhar em parceria com uma gama maior de entidades no setor cultural e também indo além. “Há um interesse crescente no impacto social dos museus – a Associação dos Museus do Reino Unido acaba de lançar uma nova visão para museus (Museus mudam vidas), que defende o impacto que os museus podem ter nos indivíduos (por exemplo, em termos de conhecimento vitalício, criatividade, saúde e bem estar); comunidades (ambientes melhorados e comunidades mais coesivas) e em sociedades (fornecendo oportunidades para visitantes debaterem uma série de questões contemporâneas; para promover um diálogo intercultural e assim por diante)”, explica o orientador.

David Fleming, diretor do Museu Nacional de Liverpool, concorda com seu conterrâneo. “Os museus britânicos estão mais populares do que nunca, com públicos mais diversos e maiores. Isso acontece por termos adotado abordagens mais inclusivas para o nosso trabalho, comparadas com as abordagens mais elitistas adotadas no passado e esta aproximação deve continuar”, explica o diretor, que também relata certas frustrações causadas pela crise financeira.

Sobre o tema geral desta edição do ICOM, que é “Memória + Criatividade = Mudança Social”, David Fleming declara que as pessoas envolvidas com museus hoje em dia são mais jovens e têm uma formação melhor do que no passado, por isso estão também mais conscientes das necessidades sociais. “Mesmo assim, as pessoas envolvidas com museus há mais tempo ainda são muito tradicionais. Então, sempre há uma tensão entre os que acreditam que o público e o impacto são as coisas mais importantes para pensarmos – como eu acredito – e aqueles que defendem que devemos voltar os olhos para coleções e realizações acadêmicas, que seriam mais importantes. Basicamente, museus modernos são muito criativos e diferentes do que os museus costumavam ser”, diz o diretor do Museu Nacional de Liverpool. Para ele, o diálogo internacional, assim como o que acontece entre os membros da Federação dos Museus Internacionais de Direitos Humanos , é cada vez mais importante para o entendimento internacional e intercultural.



“No meu departamento da Escola de Museologia da Universidade de Leicester, nosso propósito é encorajar a criatividade e inovação, levando informação e pesquisa de ponta. Nós gostamos de ser a unidade mais diversa internacionalmente em nossa universidade, dando as boas-vindas a estudantes de museologia de todo o mundo e permitindo conversas verdadeiramente globais sobre este assunto”, conta Sandell. “Mas nem todos no setor têm acesso a essas fontes e nós estamos sempre explorando formas de abrir oportunidades para mais a mais pessoas nesta área. Uma forma que fazemos isso é disponibilizando gratuitamente em nosso site toda a pesquisa realizada pelo nosso Centro de Pesquisa para Museus e Galerias (RCMG). Mas sempre há mais que podemos fazer”, acrescenta o orientador.

fonte:
http://www.culturaemercado.com.br/destaque/a-funcao-social-dos-museus/

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