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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Arqueólogos encontram ruínas de edifício da Romanização em Alcoutim

Uma equipa arqueológica luso-austríaca encontrou as ruínas de um edifício do período da Romanização, do século II a I antes de Cristo (A.C), construído na margem do rio Guadiana, em Alcoutim. 

As escavações foram iniciadas em 2008 e concluídas no verão deste ano, estando o local atualmente coberto com plásticos para proteger as paredes do piso térreo, as únicas que subsistiram após mais de 2.000 anos e que têm quase 2,5 metros de altura, disse a arqueóloga Alexandra Gradim, da Câmara de Alcoutim, que integrou a equipa internacional com investigadores da Universidade de Innsbruck, da Áustria.

«Estamos a falar de um edifício que as escavações colocaram à vista com mais de 2,35 metros de altura dos seus muros e estamos a falar apenas do nível térreo, porque o edifício teria mais dois patamares, ou seja, mais dois andares, e seria algo que se veria como colossal para quem vinha do rio, com 10 metros de altura e uma largura que atingia os 13,5 metros», explicou.

Localizado no cimo de um cerro de difícil acesso, perto aldeia das Laranjeiras, onde existe já um núcleo arqueológico da época romana, o edifício apresentava ainda muros exteriores com 1,60 metros e «era algo que se impunha na paisagem», mas por via do «poder económico do senhor [proprietário]», segundo a investigadora portuguesa.

«O próprio edifício foi construído de forma paralela ao rio, as fachadas principais são paralelas ao Guadiana, e está na parte mais sinuosa que abrange o concelho de Alcoutim. Seguramente que este edifício está aqui localizado devido a uma relação comercial que chegava pelo rio Guadiana», afirmou.

Os investigadores chegaram a esta conclusão porque não foram encontrados muitos vestígios de materiais metálicos utilizados militarmente e a arquitetura do edifício «não permitiria uma utilização em termos de defesa e ataque que fosse útil para o sistema bélico, porque nem havia ângulo de balística».


«Não conseguimos encontrar qualquer tipo de objeto que indiciasse esse uso militar, aliás, os objetos metálicos são escassos e, em compensação, o que encontrámos foram uma série de elementos de peças cerâmicas, que não estão completas, mas temos as formas, que eram as tais ânforas que vinham de fora deste espaço, da zona do Mediterrâneo, quer de Itália, quer da bacia de Cádis, e aqui estão as provas de que havia algum relacionamento comercial», precisou Alexandra Gradim.

Apesar da sua antiguidade, a investigadora apontou vários obstáculos para que esta descoberta possa ser vista pelo público, como a zona de difícil acesso ou os elevados custos que seriam necessários para a sua conservação e musealização.

Por isso, esta descoberta irá permanecer coberta, protegida dos elementos, de forma a tentar conservar o máximo do que ainda resta de um dos edifícios mais antigos identificados no concelho de Alcoutim.

fonte:
http://pam-patrimonioartesemuseus.com/forum/topics/arqueologos-encontram-ruinas-de-edificio-da-romanizacao-em-alcout  

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