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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Museus apostam na nudez para atrair público

Nas últimas semanas, o programa cultural mais popular da capital francesa tem sido uma exposição no Museu d'Orsay que confronta os espectadores com imagens de um homem nu sobre uma laje fria numa morgue e do rapper Eminem nu a segurar um foguete diante do sexo.

Museus apostam na nudez para atrair público

As multidões estão a acudir, mais de 4.500 pessoas por dia em média, o triplo de uma exposição na mesma época no ano passado, segundo números do museu.

A exposição - que inclui obras de Picasso e Edvard Munch, assim como nus mais contemporâneos de David Hockney, Andy Warhol e Robert Mapplethorpe -, provocou um amplo leque de reacções dentro e fora da França.

«Uma exposição confusa», avaliou o jornal francês Le Monde, «despida de qualquer reflexão histórica». A revista de beleza feminina Marie Claire declarou-a o «evento mais quente» do Outono.

O Museu Jacquemart-André também está a provocar os viajantes de comboio em Paris com cartazes de um nu feminino nebuloso, rotulado «desejo». Ele apresenta uma exposição de pinturas inglesas intitulada «Desejo e Prazer na Era Vitoriana».

Do outro lado do canal, o Museu Britânico organizou uma exposição inédita de shunga japonesas do século XVII, antes proibidas: xilografias eróticas de homens e mulheres a copular.

A exposição, «Shunga: Sexo e Prazer na Arte Japonesa», adverte os visitantes: «Aconselha-se orientação parental».

Durante anos, os objectos ficaram escondidos num armário secreto de artigos provocantes, mas hoje o Museu Britânico considera-os tão rentáveis que criou uma linha de mercadorias «shunga»: creme para as mãos Kabuki, velas de soja e brilho para lábios de chá verde. As exposições tiveram ingressos esgotados no primeiro fim-de-semana de Outubro.

O Museu d'Orsay, como outras instituições culturais com subsídios estatais cada vez menores, quis expandir a sua base para pessoas mais jovens e visitantes além de Paris com exposições mais arriscadas. Além dos cartazes no metro, o museu contratou um director para criar vídeos.

A direcção do museu ficou surpresa quando soube que o seu vídeo promocional da exposição tinha-se tornado tabu para alguns espectadores a milhares de quilómetros de distância. O YouTube colocou o equivalente a uma proibição para 18 anos, e os espectadores menores que tentaram vê-lo através das suas contas no Google não tiveram acesso.

Gareth Evans, porta-voz do YouTube, escreveu num e-mail: «Temos de obter um equilíbrio delicado com os espectadores mais jovens para que eles não consigam aceder a vídeos que possam ser inadequados».

Mais tarde, o YouTube abrandou a sua posição e tornou o vídeo, que atraiu mais de 110 mil visitas, acessível a todos. (Ele inclui uma mensagem sobre imagens potencialmente ofensivas.)

Quanto à exposição em si, «o nosso objectivo não é provocar, ser militante ou gerar um escândalo», disse Amélie Hardivillier, porta-voz do Museu d'Orsay. «Temos de procurar pessoas de maneiras diferentes e começamos com 'Masculin/Masculin'. É uma exposição arriscada.»

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