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domingo, 3 de novembro de 2013

Universitários participam de aula de campo em sítios arqueológicos



A ideia é fazer com que o grupo conheça o patrimônio e, assim, multiplique as ações de preservação e pesquisa

Tauá. Estudantes universitários tiveram uma experiência única. Eles conheceram os sítios arqueológicos deste município. Em aula de campo da disciplina de História, do curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), os alunos visitaram in loco monumentos e registros históricos primitivos existentes, e foram conduzidos pelo professor João Álcimo Viana.

Orientados pelo professor João Álcimo Viana, os estudantes conhecerem in loco os monumentos e registros históricos primitivos, entre eles as inscrições rupestres nos matacões, existentes no município de Tauá fotos: Silvania Claudino

O objetivo da aula foi para que os discentes do oitavo semestre conhecessem o patrimônio, valorizassem e pudessem ser defensores e multiplicadores de ações de preservação e pesquisa. O Museu dos Inhamuns e quatro sítios - sendo dois arqueológicos e dois paleontológicos - foram visitados pelo grupo.

"Como Tauá apresenta toda essa riqueza histórica e cultural, não poderíamos dispensar de aula de campo, instrumento metodológico importante na compreensão e aprendizado dos alunos. Aproveitamos o potencial deles como multiplicadores e defensores desse patrimônio e quem sabe se interessem para no futuro trabalhar na área da pesquisa", explica Viana.

Segundo ele, há a necessidade urgente no município de aprofundar as pesquisas no campo da arqueologia e paleontologia para que os sítios sejam preservados e recebam estrutura adequada para o recebimento de visitas. Seria uma espécie de um "geopark" reunindo todos os sítios e riquezas existentes na cidade.

"Tauá tem potencial enorme para o turismo científico: os sítios paleontológicos e arqueológicos já são mapeados e georeferenciados. É necessário o aprofundamento das pesquisas por especialistas e um programa de estruturação destes locais para a realidade turística. Os alunos estão conhecendo os belos locais e se conscientizando também dessa realidade", destaca.

Visita

A aula iniciou pelo Museu dos Inhamuns, localizado no Centro de Tauá, e onde estão guardados artefatos fósseis e etnográficos dos povos indígenas e colonizadores. No local, presidido pela Fundação Bernardo Feitosa, há o registro e materiais significativos da presença primitiva na região. Os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer documentos históricos preciosos arqueológicos e também paleontológicos.

Mais de três mil peças estão disponíveis no Museu para o conhecimento e visitação de alunos, turistas e público interessado. Por cerca de uma hora o professor explicou e mostrou aos 13 alunos a história primitiva, de maneira praticamente real e concreta, ação possível somente graças às peças coletadas e preservadas ao longo de mais de meio século, pelo historiador, já falecido, Joaquim Feitosa e sua esposa Dolores Feitosa.

A Fundação foi criada oficialmente em 1992 e o Museu em 1993. Eles reúnem esse material com afinco e cuidado, a fim de garantir a preservação do material e o registro histórico para as gerações atuais e próximas.

Além do Museu dos Inhamuns, um parque com 20 sítios georeferenciados completa a vasta área arqueológica encontrada em Tauá. Segundo informações da Fundação, desde 1998 o trabalho de pesquisa e mapeamento vem sendo realizado pela entidade, que entende a importância da instituição para preservação do acervo e utilização dele como atrativo turístico, juntamente com as várias inscrições rupestres já identificadas no município.

No decorrer dos últimos anos, a Fundação foi acumulando informações sobre a existência de inscrições rupestres em matacões nas proximidades dos sítios paleontológicos Caldeirões do Jatobá I e II, e nos sítios arqueológicos no distrito de Santo Antônio do Carrapateiras, com mapas plotados por técnicos de renome internacional e nacional. O material coletado está sob a responsabilidade do Museu Regional dos Inhamuns.

Localizados a 6km da sede do município de Tauá, no Perímetro Irrigado Várzea do Boi, os sítios Caldeirões do Jatobá I e II foram objetos de estudo na aula de campo. Sob a orientação do professor Viana, os alunos conheceram parte da riqueza científica existente na cidade.

Descobertos e mapeados no ano de 2001, os sítios estão em bom estado de preservação graças ao empenho do proprietário, que desse período para cá preserva o local, e ainda reúne novos materiais que porventura vai encontrando.

O professor João Álcimo Viana reportou que o escritor Antônio Gomes de Freitas já havia relatado em sua obra "Inhamuns Terra e Homens", de 1973: a existência da riqueza arqueológica e paleontológica na região.

Segundo Viana, fósseis e marcas no solo presumem a existência milenar de animais como preguiça, tatu e elefante gigantes no local, registrados em estudos realizados por geólogos em 2007. Além disso, inscrições rupestres nos matacões do Caldeirão revelam a existência de vida primitiva na região.

ENQUETE


O que achou das visitas?

"É muito Importante essas inscrições e registros que vimos aqui nessa aula de campo. Se surgir oportunidade aprofundarei meus conhecimentos nesta área, que considero de muito valor para todos nós"

Alneri Soriano
Estudante universitária

"Interessante demais a aula aqui em campo. Aqui tem essas grandes riquezas. Sou daqui e não conhecia. Temos que valorizar. Despertou-me o desejo de contribuir com a valorização e pesquisa futuramente"

Jeanne Amorim
Estudante universitária

Mais informações:

Fundação Bernardo Feitosa
Museu dos Inhamuns
Praça Duque de Caxias, S/N
Centro - Tauá
Telefone: (88) 3437.2115Workshop sobre turismo científico visa expandir potencial da cidade

Tauá. Com o objetivo de expandir o potencial arqueológico e paleontológico do Sertão dos Inhamuns, especialmente deste município, a Fundação Bernardo Feitosa realizará o 3º Workshop sobre Turismo Científico, em maio de 2014. A informação é da presidente da Fundação, Maria Dolores Feitosa. A instituição já realizou as duas primeiras edições do evento, nos anos de 2004 e 2006, respectivamente. Agora resgata a proposta que beneficiará toda essa região, possuidora de vasto patrimônio arqueológico e paleontológico.

O município abriga ainda um importante e vasto acervo histórico, exposto no Museu dos Inhamuns, sob a responsabilidade da Fundação Bernardo Feitosa

"Por ser Inhamuns uma região com poucas oportunidades de trabalho para a juventude que estuda nas faculdades e para os proprietários das áreas rurais onde estão localizados os sítios arqueológicos é necessário que o turismo científico e o de lazer sejam fontes de renda para quem souber e quiser participar delas. E hoje, temos a comprovação de que é urgente realizarmos ações que sejam fontes de trabalho remunerado que ajudarão a conviver com as secas da região", destaca Feitosa.

Para a presidente, esse é um trabalho permanente da Fundação, que agrega um valioso acervo histórico no Museu dos Inhamuns. "A Fundação sempre esteve atenta em participar de eventos ou em realizá-los, visando o estudo dos sítios paleontológicos e arqueológicos que compõe nossa província, fotografando, mapeando, georeferenciando, identificando a enorme fauna encontrada e esse trabalho poderá facilitar um programa de Turismo Científico Paleontológico e Ambiental aqui no município, que resplandeceria em toda a região", frisa.

Para a terceira edição do Workshop, a Fundação mobilizará especialistas nacionais e internacionais a fim de que as discussões, estudos, debates e encaminhamentos sejam de grande qualidade. "A meta é que seja um evento com amplitude integradora do setor turístico, estudando, quantificando e avaliando as interrelações entre os fatores naturais existentes. Essa região tem muito potencial e pode vir a ser um grande corredor turístico científico. É necessário recursos e muita luta para tornar isso realidade e favorecer a guarda de registros turísticos e o povo dessa região com oportunidades de trabalho e geração de renda".

Para o secretário executivo do Pacto Ambiental dos Sertões de Crateús e Inhamuns, Jorge de Moura, o evento traz a marca do desenvolvimento ambiental, cultural e turístico para a região.

"O potencial arqueológico e paleontológico de Tauá é um dos maiores do País e o evento resgata as discussões já realizadas nas duas primeiras edições e com certeza trará valiosos frutos para a preservação e valorização de todo esse patrimônio", avalia.

Descoberta

O evento é resultado de um trabalho que vem sendo realizado desde de 2000, quando o município ficou conhecido no mundo inteiro, após a descoberta dos fragmentos de uma preguiça gigante. Os ossos foram estudados no Canadá, que reconheceu a data e a importância destes fragmentos para os estudos sobre a origem do ser humano.

Com a divulgação desta descoberta, o município começou a receber a visita de pesquisadores e curiosos, que queriam conhecer melhor o potencial arqueológico de Tauá. Por iniciativa da Fundação Bernardo Feitosa, foram realizados, em parceria com o Sebrae/CE, cursos de capacitação de formação de guias de turismo. Os participantes receberam orientações sobre paleontologia, arqueologia e patrimônio histórico. Desse período para cá, a Fundação já realizou várias capacitações em torno da temática.

SILVANIA CLAUDINO
REPÓRTER 



fonte:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1334384

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