"O Estado ouviu as considerações da
sociedade a respeito do prédio histórico, datado de 1862, analisou
estudos de dispersão do estádio e concluiu que é possível manter o
prédio no local", diz nota divulgada pelo governo estadual
O museu, que pertence ao governo, está fechado
há seis anos, período em que o local passou a ser ocupado por tribos de
diversas etnias que criaram a chamada "Aldeia Maracanã".
A área, na zona norte do Rio, ia ser demolida
como parte da modernização da arena para o evento futebolístico. Agora, o
governo recua da decisão, mas mantém a intenção de desocupar o local.
"O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo
Paes vão agora tomar a iniciativa de fazer o tombamento do imóvel",
afirma o comunicado oficial. "O governo está tomando as devidas
providências para que o local seja desocupado dos seus invasores."
'Inegociável'
A secretaria estadual de Assistência Social
informou à BBC Brasil que a proposta feita aos índios é de criar um
conselho de cultura indígena e um centro de referência para os atuais
moradores da Aldeia Maracanã. Até que estes espaços ficassem prontos, os
índios morariam em abrigos temporários.
O defensor público federal Daniel Macedo disse
que levou o comunicado aos índios, mas que eles rejeitam abandonar o
local e têm amparo legal para isso.
"É inegociável", diz Macedo à BBC Brasil. "O
prédio é um repositório de memórias. Não confiamos (na oferta do
governo), que pode voltar atrás no tombamento. E os índios não são
invasores, como diz o comunicado. Pela posse prolongada (desde 2006),
eles adquiriram o usucapião (direito à posse do imóvel) coletivo."
Ele ressaltou, porém, que está discutindo com os
índios - ele estima que cerca de 65 ocupem a aldeia - a proposta da
criação de um centro de referência feita pela Assistência Social.
O que desde já não é aceito, segundo ele, é a
proposta de levar os índios a um abrigo e pagar-lhes bolsa moradia.
"Isso é incompatível (com seu estilo de vida), é um tiro na cabeça do
índio, que tem uma relação intrínseca com a terra", diz Macedo. "Isso
desagregaria famílias e amigos."
Destino a ser discutido
No que diz respeito ao tombamento, o restauro do
prédio do Museu do Índio ficará a cargo do concessionário vencedor da
licitação do Complexo do Maracanã, cujo edital sairá em fevereiro, diz a
nota oficial do governo.
E o destino do local após esse processo "será discutido entre o governo do Estado e a Prefeitura do Rio de Janeiro".
Na semana passada, a BBC Brasil informou que
técnicos de órgãos das três esferas de governo (federal, estadual e
municipal) ligados à preservação de patrimônio público haviam
manifestado objeções à demolição, defendendo o tombamento do Museu do
Índio.
Na quarta-feira passada, nota no site do
Ministério da Cultura informava que a ministra Marta Suplicy também
manifestou apoio à preservação do local, seguindo recomendação do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/01/130128_museu_indio_tombado_pai.shtml