Rio -  Uma parte preciosa da identidade brasileira paira, silenciosamente, nos 22 andares do edifício A Noite, na Praça Mauá. Construído em 1929 na região portuária do Rio,o prédio abrigou até outubro de 2012 as instalações da mitológica Rádio Nacional, lugar onde conviveram artistas como Ari Barroso e Francisco Alves e radialistas como César de Alencar. Seu tombamento, ocorrido por intermédio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na última quarta-feira, abre possibilidades para que a memória cultural do país não se perca, graças a um projeto de museu vinculado à história da emissora.

Localizado na Praça Mauá, o prédio aguarda pelas reformas e pela adequação às normas de segurança | Foto: Divulgação
Localizado na Praça Mauá, o prédio aguarda pelas reformas e pela adequação às normas de segurança | Foto: Divulgação
“Queremos que o prédio tenha uma função mais nobre do que a simples utilização dos andares”, afirma Eduardo Castro, diretor-geral da Empresa Brasileira de Comunicação, gestora da Nacional. No elenco da rádio, ainda permanecem nomes veteranos como Daisy Lúcidi e Gerdal dos Santos. “Temos muita história aqui, inclusive os acetatos da final da Copa de 1950. Com o museu da rádio, o Museu de Arte do Rio e o Museu do Amanhã, a região da Praça Mauá se torna a joia da coroa do Rio”, diz Castro.
Não há data certa para que as reformas se iniciem e os transmissores deixem o prédio da TV Brasil, na Avenida Gomes Freire, Lapa — onde estão provisoriamente instalados — e retornem ao A Noite. Estão na pauta a impermeabilização do edifício e sua adequação às atuais normas de segurança — algo imprescindível para programas de auditório como o infantil ‘Rádio Maluca’ e o musical ‘Época de Ouro’.
“O tombamento é um prêmio, já que torna mais fácil atrair recursos para reformas no edifício”, alegra-se Cristiano Menezes, gerente da Rádio Nacional do Rio. Ele recorda que a rádio era transmitida para todo o país. “Hermeto Pascoal, Caetano Veloso e Tom Jobim a ouviam quando jovens. Foi a emissora que mostrou a sanfona de Luiz Gonzaga para o Brasil”.
Na memória do rádio e da arquitetura
O nome do edifício vem do jornal ‘A Noite’, cuja redação funcionava no prédio. E lá também abrigaram-se sedes de empresas multinacionais e agências de notícias. Atualmente, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) ocupa 18 dos 22 andares do edifício. A importância arquitetônica do prédio — o primeiro arranha-céu da América Latina, construído em estilo art déco — fez com que o tombamento fosse lavrado em dois livros: o Histórico e o de Belas Artes.  

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