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domingo, 5 de maio de 2013

Cientistas criticam falta dinheiro para caça aos fósseis no Brasil



Apesar dos avanços nas pesquisas, escassez de museus de história natural dificulta comunicação entre a sociedade e a paleontologia


O Brasil caminha em ritmo lento para divulgar as pesquisas na área da paleontologia, a ciência que estuda fósseis animais e vegetais. Cientistas avaliam que um dos principais problemas é a escassez de recursos destinados ao segmento. Mas este não é o único. O grande desafio, na opinião de quem estuda o tema, é atrair o público para os museus de ciências naturais, decisivos para o conhecimento da paleontologia brasileira.
O professor Alexander Kellner, do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) avalia que a sociedade brasileira demorou para conhecer as pesquisas no segmento. Ele lembra que, em 1999, uma exposição no Museu Nacional do Rio de Janeiro, intitulada "O Brasil no tempo dos dinossauros" chamou a atenção para o problema e garantiu maior interesse das agências de fomento e a multiplicação das pesquisas nesta área. O museu, fundado em 1818, se consolidou como a principal instituição na área pela riqueza do acervo de história natural do país.
"Este foi o grande marco. Houve uma repercussão fantástica e com ela a mídia descobriu o pesquisador brasileiro." Segundo ele, a partir daquele momento, aumentaram os recursos para a pesquisa. Como consequência desse processo, a sociedade passou a se inteirar da ciência, as agências financiadoras descobriram que o Brasil pode fazer pesquisa na área. O apelo popular do dinossauro e de outros animais extintos também contribuiu para tornar a paleontologia mais conhecida em todo o País, observa o professor.
Apesar do importante avanço, o Brasil ainda está muito atrás no cenário internacional, inclusive quando comparado à vizinha Argentina. "Do meu ponto de vista, o Brasil está pelo menos três gerações atrás da Europa e dos Estados Unidos. Quando comparado à Argentina, talvez sejam duas." Para ilustrar a opinião, ele cita como exemplo o número de dinossauros montados no Brasil: "não devem ter cinco, sendo que o primeiro surgiu apenas em 2006. A Argentina tem mais de 100 anos com dinossauros montados."
Valorização dos museus
A Sociedade Brasileira de Paleontologia lista em seu site oficial 29 museus espalhados pelo País. Especialistas consideram o número insuficiente, e a qualidade da maioria das exposições, inexpressiva. Na avaliação do professor Kellner, o mais importante para o desenvolvimento da pesquisa não são apenas os recursos, mas a valorização dos museus. "No que somos mais carentes no Brasil é em instituições com boas exposições e fósseis, onde crianças e adultos possam ver um pouco mais sobre o mundo que nos cercou."
Os museus de história natural são vistos por especialistas como uma maneira de dialogar com a sociedade de forma didática. Por isso, esses espaços funcionam como instrumentos de divulgação científica. "A maioria dos brasileiros não foi a nenhum museu de história natural no país, mas conhece as instituições da área em outros países", lamenta.
Potencial brasileiro
O vasto território brasileiro abriga rochas de um enorme intervalo de tempo geológico, muitas delas com fósseis, diz o professor Cesar Leandro Schultz, geólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A produção científica na área de paleontologia nacional é crescente e tem inclusive projeção internacional. "Porém, tanto o número de profissionais quanto o volume de recursos direcionados ao setor estão ainda longe de serem suficientes para as necessidades do país", avalia Schultz.
São muitas as descobertas científicas na área da paleontologia no Brasil. Embora passe despercebida pela população e pela grande mídia, um dos ramos da ciência que tem se desenvolvido é o dos chamados microfósseis, ou geologia do petróleo, explica Kellner. "O Brasil é hoje quase autossuficiente em petróleo, graças a esta ampla pesquisa feita com microfósseis, mas muitos estudos não podem ser publicados por razões econômicas."
Novas descobertas
Uma das pesquisas que ganhou destaque na área da paleontologia no Brasil conta com o trabalho do pesquisador Max Cardoso Langer, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Paleontologia e professor do Departamento de Biologia da Universidade de São Paulo (USP). Ele trabalha com material do período Triássico desde o doutorado, no final da década de 1990. Para o professor, o Brasil assume relevância no cenário internacional quando se trata de estudos de paleontologia do Triássico (250 a 300 milhões de anos atrás).
"Talvez o Brasil produza uns 20% ou 30% do conhecimento dessa área específica da paleontologia." Para ele, a fascinação pelos fósseis é um dos elementos responsáveis pela motivação dos pesquisadores. "Algo que está perdido há milhões de anos e a gente tem a oportunidade de resgatar. Falam que o paleontólogo é um caçador que não mata, mas sim ressuscita".

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Museu de Nova York devolverá estátuas 'roubadas'


Depois de 20 anos, o Metropolitan Museum of Art de Nova York concordou em devolver ao Cambodja duas estátuas que teriam sido roubadas do país, segundo autoridades cambojanas.

As estátuas, do século 10, são conhecidas com os "Serventes Ajoelhados" e durante essas duas décadas guardaram a entrada das galerias sobre o sudeste asiático.

Autoridades do museu decidiram devolvê-las depois que pesquisadores descobriram novas evidências nas investigações sobre como as duas peças chegaram a Nova York.

"Informações adicionais levaram o museu a reconsiderar fatos que não eram conhecidos na época da aquisição", disse Thomas P. Campbell, diretor do museu.

Segundo Campbell, as duas estátuas foram recebidas de diferentes doadores em 1987 and 1992. Autoridades cambojanas alegam que estátuas similares foram roubadas do templo Koh Ker.

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Museu Hombroich: cultura em harmonia com a natureza


Desfrutar da paisagem e observar obras de arte: a Ilha de Museus Hombroich, localizada perto de Düsseldorf, possibilita ao visitante as duas coisas. Fundado há 30 anos, o local é mais que mero espaço de exposições.
Animais compõem a paisagem e há água por todos os lados. Várias pontes ligam os caminhos que cruzam um conjunto de prados tão originalmente selvagens quanto detalhadamente planejados. De ambos os lados, há prédios geometricamente edificados: são os pavilhões nos quais a arte é exposta. E o visitante tem que se orientar sozinho, já que não há placas indicativas.
Especialistas em arte apontam o Museu Hombroich como um dos dez mais singulares do mundo. Trata-se, de fato, de um lugar peculiar e experimental. O corretor de imóveis e colecionador de arte Karl-Heinrich Müller, morto em 2007, foi quem teve a ideia genial de expor obras de arte em meio à natureza.
Passeio em meio à arte
Natureza atrai público a Hombroich
Baseado nesta crença e inspirado no pintor francês Paul Cézanne, Müller quis criar possibilidades de contemplar a arte de forma diferente. Para isso, ele comprou um terreno de 72 hectares, a fim de expor ali sua coleção de obras de arte – em meio à paisagem natural e em diálogo com o ambiente. Müller conseguiu entusiasmar artistas, escultores e políticos com sua ideia. Erwin Heerich, na verdade professor de Escultura em Düsseldorf, construiu uma série de dez pavilhões para a ilha.
São obras autônomas, uma espécie de esculturas penetráveis, que abrigam obras de arte de mais de dois milênios e de origens culturais diversas: de tesouros da Antiguidade, passando por objetos peculiares ligados a etnias específicas, até pinturas do Modernismo clássico e obras contemporâneas.
Um dos pavilhões, de nome Portaria, permanece vazio. As janelas altíssimas do prédio de tijolos aparentes deixam entrar a luz do dia, permitindo um olhar livre e direto para a natureza. Em outro pavilhão, há obras dos Khmers, grupo étnico majoritário do Camboja, ao lado de quadros de Gotthard Graubner, Hans Arp e Jean Fautrier.
Casa de Gotthard Graubner em Hombroich
As obras ficam expostas a uma altura mais baixa do que do que em museus tradicionais. Não há placas com indicação sobre a autoria das obras, quanto menos explicações sobre elas. Gotthard Graubner, pintor e ex-professor de Artes, é o responsável pela apresentação das obras expostas: o artista, hoje com 83 anos, era amigo próximo do colecionador Müller. Há 15 anos, ele passou a morar numa casa com um amplo ateliê construída especialmente para ele dentro da ilha de museus.
A intenção de Graubner é abrir os olhos dos visitantes para a arte. "Muitas pessoas passam ao largo de obras de arte, não sendo capazes de decifrar sua linguagem visual", diz ele. Para o artista, a mediação da arte deveria se concentrar em abrir os olhos das pessoas. É essa a razão pela qual ele optou por pendurar os quadros a uma altura menor. "Quem baixa o olhar, torna-se mais pensativo", explica.
A intensidade com a qual Graubner reflete acerca da apresentação da arte é transferida para o visitante, que não se interessa, por sua vez, apenas por arte, mas também se abre à beleza da natureza, já que o ar puro inspira o espírito.
Arte no lugar de mísseis
O colecionador Karl-Heinz Müller era um mecenas que não oferecia aos artistas apenas recursos suficientes, mas também um lar e um lugar para trabalhar. Hoje, 11 artistas de diversas áreas vivem no espaço do Museu Hombroich, que não inclui somente a ilha, mas também dois outros locais.
Um dos dez pavilhões do complexo
Müller, por sua vez, não se interessava apenas por artes plásticas, mas também por literatura e música. Em 1994, ele comprou uma antiga base da Otan, localizada a poucas centenas de metros da Ilha Hombroich. Trata-se de um lugar carregado de história: durante 23 anos, estiveram estacionados ali mísseis Cruise, bem como mísseis Pershing e de defesa aérea.
Depois do fim da Segunda Guerra, o terreno ficou abandonado. Karl-Heinz Müller era fascinado pela área militar, com todos os seus saguões, diques, torres de vigilância e bunkers – espaços que ele mandou transformar em locais para exposição. Uma torre alta de vigilância foi transformada em Arquivo do Espólio do poeta Thomas Kling, que viveu ali até morrer, há oito anos.
Reinício
Ulrike Rose, diretora artística e comercial do Museu desde outubro de 2011, planeja abrir mais, e gradualmente, o espaço ao público. O terceiro ponto do Museu é composto pelos prédios do escultor dinamarquês Per Kirkeby. Eles lembram capelas e são conhecidos como "o campo de Kirkeby". Nos fins de semana, são abertos ao público com exposições de obras de arte contemporânea. Além disso, diz Rose, "a área dos mísseis de Hombroich quer se desenvolver mais no sentido de ser um laboratório".
Torre de vigilância da antiga base de mísseis
Os artistas que vivem no local oferecem oficinas, palestras e simpósios. A longo prazo, tanto a biblioteca quanto o arquivo deverão ser abertos ao público. Em meados de 2012, uma série de designers, performers e especialistas em literatura se reuniram na ilha para um programa internacional de estudos durante 14 dias.
No local, há espaço para o passado, o presente e o futuro interagirem. "O maior interesse dos participantes do evento era pela história da base de mísseis e pela sua transformação de lugar de uso militar em local voltado para a arte", finaliza Rose.

DW.DE