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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Peça leva público ao futuro e mostra desintegração da União Europeia



O ano é 2060. Em um museu, os visitantes se deparam com relíquias, mapas e reconstituições que contam a história da União Europeia (UE), desintegrada em 2018 após o ressurgimento de uma onda de nacionalismo em vários países do bloco, que veio à tona com a grave crise econômica. 






Essa visita ao museu é a experiência vivida pelos espectadores de A Casa da História Europeia no Exílio ("Domo de Europa Historio en Ekzilo" no original, em esperanto), uma "peça" sem atores na qual o público é levado ao futuro.

A ideia é do diretor de teatro belga Thomas Bellinck, que queria imaginar como a UE será vista no futuro.

"Como artista, sempre busco uma nova maneira de contar uma história. Tive essa ideia durante uma visita ao Museu do Teatro de Riga (Letônia). Eu era o único visitante. O edifício parecia estar em reforma há anos e havia coisas amontoadas que não estava claro se faziam parte da exposição ou não", contou em entrevista à BBC Brasil.

"Na minha ficção, estamos em 2060 e o museu, meio abandonado, está em constante reforma, em um prédio meio destruído depois da Terceira Guerra Mundial, quando ninguém mais está interessado na UE".

Relíquias da atualidade

Para transmitir essa sensação, Bellinck aproveitou a estrutura de uma escola abandonada em Bruxelas, um edifício dos anos 1960 com salas estreitas, escuras e empoeiradas. Ele escolheu o esperanto como língua para todas as sinalizações do local.

A visita é individual e os visitantes são obrigados a esperar sua vez em uma vetusta sala de espera. Na parede do vestíbulo, um amarelado mapa da União Europeia após sua última suposta ampliação, em 2017, quando a Escócia passou a ser o 33º membro do bloco.

No museu, relíquias que mostram como teria sido a vida, o modo de pensar e o funcionamento da "antiga UE": um típico quarto de imigrantes ilegais, cartazes extremistas, uma sala repleta de cartões de visitas de lobistas, um espremedor de cítricos na forma da cabeça da chanceler alemã, Angela Merkel, uma foto do último líder da extinta União Soviética, Mikhail Gorbatchev, como garoto-propaganda da grife de luxo Luis Vuitton.

Com exceção dos mapas, todos os objetos reunidos no local são reais ou uma reprodução caricatural da realidade.

Ao final da exposição, um cartaz explica que antes de sua dissolução, entre 2009 e 2015, a UE teria vivido uma onda de suicídios provocada pelas "medidas draconianas de austeridade que cobraram um pesado tributo" para salvar o bloco da crise econômica.

A mostra termina em um sala escura, onde a única luz que entra por uma pequena janela ilumina uma carta escrita pelo criador do museu fictício a um desses "suicidas da crise", uma pessoa real, pai de um grande amigo de Bellinck, falecido em 2012.

O texto lamenta que o homem tenha sido "vítima de uma sociedade que precisa ser reformada". O artista deseja que ele se esteja melhor, "em um lugar sem bancos ou empréstimos".

'Brincar com a realidade'

Desde sua concepção até a instalação dos objetos, o projeto levou um ano para ser concluído.

Bellinck mergulhou na leitura de livros sobre a UE e entrevistou deputados europeus, lobistas, cientistas políticos, historiadores e uma agência belga de prevenção de suicídios.

"Não quero dizer que eu sei tudo sobre a UE. Ao contrário: tenho muitas questões e quero compartilhar isso com os outros", afirmou à BBC Brasil.

É isso que ele faz de trás de um bar instalado ao final da exposição, onde recebe pessoalmente cada visitante.

"Dessa experiência, aprendi que nós, europeus, não recebemos educação sobre a UE, não temos certeza de como ela funciona. Por isso as pessoas saem dessa exposição sem saber o que é real ou não. É divertido brincar com a realidade", contou ao servir uma taça de vinho.




fonte:

http://noticias.terra.com.br/mundo/peca-leva-publico-ao-futuro-e-mostra-desintegracao-da-uniao-europeia,b8387de8df431410VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html

UNESCO confirma saque de museu no Egito; cerca de 600 artefatos sumiram








Especialistas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) confirmaram que quase todas as coleções do Museu Nacional do Malawi, no Alto Egito, foram saqueadas após os tumultos em agosto deste ano.

“As construções não foram muito danificadas, mas 600 dos 1.080 artefatos da coleção do Museu não estavam mais lá”, disse a UNESCO em comunicado após a visita de um dos seus especialistas ao local.

A missão foi organizada com o Ministério de Antiguidades do Egito e as autoridades locais após a declaração feita em 18 de agosto sobre os saques do museu pela diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova. A destruição constitui “danos irreversíveis para a história e a identidade do povo egípcio”, disse ela.

Bokova se comprometeu a dar apoio técnico e mobilizar as organizações parceiras da Convenção contra o Tráfico Ilícito de Bens Culturais, – adotada em 1970 – a Organização Internacional de Polícia Criminal e a Organização Mundial das Aduanas.

Outros museus e locais de importante valor cultural foram visitados pelo especialista e consultor internacional da UNESCO, o arquiteto Pierre-André Lablaude, e um perito da UNESCO a pedido dos ministérios egípcios de Antiguidades e da Cultura.




Um display quebrado no Museu Nacional de Mallawi, em Minya, no Alto Egito. Foto: UNESCO/P.A. Laublaude


Um display quebrado no Museu Nacional de Mallawi, em Minya, no Alto Egito. Foto: UNESCO/P.A. Laublaude 






fonte:

http://www.onu.org.br/unesco-confirma-saque-de-museu-no-egito-cerca-de-600-artefatos-sumiram/
 

A dinâmica dos percursos da arte


SÃO PAULO - A intensa movimentação de mostras que se revezam nas galerias, nos espaços oficiais como museus e locais alternativos possibilita ao espectador um espectro das tendências da arte com suas linguagens multifacetadas que compõem a complexidade da criatividade estimulando reflexões.

A mostra “Work” de Klaus Mitteldorf no Museu de Arte Brasileira da Faap (Rua Alagoas, 903, Higienópolis) cobre 30 anos do percurso de um dos fotógrafos mais atuantes com suas fases representativas que formalizam um olhar estreitamente vinculado ao valor do estético, propulsor de linguagens requintadas onde o elemento água marca presença com transparências que se lançam na luz natural. Reunindo 300 fotos numa montagem grandiosa que empolga o visitante deve-se observar que a carreira de Klaus começou bem cedo, sua paixão pela fotografia começou aos 12 anos com uma câmera Yashica, mas o surfe também teve presença marcante ao realizar um documentário sobre o tema. Como surfista foi um dos pioneiros do litoral brasileiro. Badalado por suas fotos publicitárias teve uma de suas séries “O Último Grito” como ganhadora do Festival de Higashikawa do Japão.

O uso das cores na obra de Mitteldorf é predominante, um visual extremamente pop que chega a dialogar com mestres da fotografia do começo do século XX como Lartigue e com a pintura de Francis Bacon.

Uma das imagens, talvez mais marcantes, possui raízes surrealistas incontestáveis ao visualizar uma menina com os dois olhos encobertos por uma borboleta azul. A modelo foi a atriz Ana Paula Arósio, aos 12 anos, com uma máscara de teatro Nô. Destacam-se no belíssimo rosto os lábios vermelhos sensuais que seduziram quatro anos depois o ator Ben Gazzara no filme “Forever” (1991) do diretor Walter Hugo Khouri.

Utilizando vários artifícios para conseguir os efeitos da deformação fotográfica, como lentes, lupas, óculos entre tantos recursos, acaba penetrando na intimidade das pessoas retratadas, descobrindo a sua própria identidade, uma projeção do seu próprio ego.

A distorção formal e a saturação cromática se aliam em certo sentido com o modernismo brasileiro captando a alma tropical do Brasil na exuberância de um colorido constante, existente na natureza e no cotidiano das pessoas.

A série Introvisão exibida anteriormente na Pinacoteca em 2006 reúne um grupo de imagens de corpos transformados em composições abstratas totalmente envoltas por um ritmo cromático atraente. O realismo das imagens é estruturado na deformação numa tendência que lida com as distorções causadas pela refração e reflexão da luz na água. Utilizando todos os artifícios possíveis para conseguir criar efeitos de um mundo essencialmente surrealista.

Sendo um esteta na sua pura expressão acaba criando imagens pictóricas como a releitura de uma famosa tela do pré-rafaelista inglês John Everett Millais (1829-1896) que enfoca Ofélia, personagem de Hamlet se afogando no rio. A série foi realizada quatro anos depois de Klaus usar duas modelos para criar uma simulação de uma escultura de Rodin. O fotógrafo tem dois lados bem significativos, um entrosado na Bauhaus, bem organizado e outro vinculado a uma anarquia cromática bem tropical.

Observando a excelente montagem da exposição percebe-se que o perfeito entrosamento do espaço com as obras evidencia uma harmonia impecável.

Seis décadas de arte

A Bienal de São Paulo (Parque Ibirapuera) apresenta uma mostra que pretende dar um novo olhar de sua contribuição em 30 edições desde 1951. Nota-se de forma incisiva que as bienais proporcionaram um intercambio artístico promissor em todos os sentidos com o que acontecia no mundo.


 A “30X Bienal –Transformações na Arte Brasileira” reúne 111 artistas selecionados pelo curador Paulo Venâncio Filho, fazendo um recorte representativo, partindo do construtivismo, passando pela abstração informal, pela pop arte e por tantos movimentos que contribuíram para modificar a cena artística nacional nesses últimos anos, uma panorâmica expressiva, que pretende ser um sopro vital na memória. Observando mais atentamente percebe-se que algumas lacunas poderiam ser evitadas.

 A falta da arte postal (mail art), que na 16º Bienal ocupava uma grande área, tendo como curador Júlio Plaza, deveria ter um destaque na mostra, por ser um movimento que contribuiu para o desenvolvimento de novas linguagens. Oportunamente, farei uma apreciação desta propalada retrospectiva das Bienais. Paralelamente, aos efusivos questionamentos das Bienais, uma exposição individual que merece ser apreciada é a de Marta Minujin na Galeria Pilar (Rua Barão de Tatuí, 389, Santa Cecília) especialmente uma série fotográfica na qual a artista argentina aparece ao lado de Andy Warhol, ela entrega ao ícone da pop arte espigas de milho. 

O título da obra é bem sugestivo: “O Pagamento da Dívida Argentina”, outras peças também se destacam demonstrando a sua grande importância no contexto artístico da América Latina.

Artes Plásticas
Artes Plásticas



fonte:
http://www.dci.com.br/shopping-news/a-dinamica-dos-percursos-da-arte-id364809.html