Em 1995, ele fundou o Museu Internacional de Arte Naïf (Mian), para compartilhá-las e divulgá-las. Em 2008, aos 76 anos, morreu desgostoso, vítima de um ataque cardíaco, ao ver o museu fechado, por falta de patrocínio. Nos anos seguintes, o funcionamento foi irregular, possível somente com o agendamento prévio, a despeito dos esforços de sua diretora, Jacqueline Finkelstein, filha de Lucien.
Sua neta Tatiana Levy trabalha agora para dar uma gestão mais profissional ao espaço, reaberto há vinte dias graças a investimentos nacional e estrangeiro. A intenção é perpetuar sua existência. A localização é superprivilegiada: o casarão centenário, tombado, fica colado à estação do trenzinho que leva os visitantes ao Corcovado, no Cosme Velho.
Por conta disso, e pela inclusão do destino em guias turísticos da cidade, a coleção é visitada principalmente por quem vem de fora (somente 30% do público é de moradores). O Mian tem ainda um potencial pouco explorado que está ganhando força com Tatiana, egressa da área pedagógica: a interação com as crianças, que se identificam facilmente com a pintura e a escultura de nascimento espontâneo, que não seguem escolas artísticas e cujos criadores são autodidatas.
Um programa educativo foi desenhado ao mesmo tempo em que o espaço expositivo era modernizado: três janelões, sobre os quais antes pendiam quadros improvisadamente, foram fechados com painéis de MDF, de modo a uniformizar a parede principal do salão e aumentá-la em 4 metros de altura e 7 metros de extensão. No subsolo, as vitrines foram abolidas, deixando as telas mais agradáveis aos olhos.
O museu está ganhando nova identidade visual. A iluminação foi suavizada e agora tem filtro UV. Outra novidade é o audioguia - por enquanto, apenas em português. Legendas em braile estão para chegar. A partir de agosto, o funcionamento deve se estender pelos fins de semana.
A reserva técnica, inundada em 2010 por conta de chuvas fortes, que derrubaram o telhado, foi recuperada, e ganhou exaustores e desumidificadores. As 300 telas danificadas pela água ainda estão comprometidas.
A verba para a recuperação estrutural, de 35 mil euros (R$ 87,5 mil) veio do fundo holandês Prince Claus, destinado a socorrer acervos que sofrem com desastres naturais. Outros R$ 400 mil, usados para as demais melhorias, vieram da prefeitura do Rio, que no passado fazia repasses ao Mian.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.