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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O Museu Russo de São Petersburgo abre uma exposição de quadros de Sylvester Stallone.

No museu estarão patentes 36 telas criadas pelo ator em 40 anos de exercícios com o pincel. Stallone chegou a São Petersburgo para assistir em pessoa à cerimônia de abertura da exposição.

Os comunistas russos protestaram veementemente contra a organização da exposição. “Para quem nasceu na União Soviética, o Rambo-Stallone permanecerá sempre um símbolo da guerra fria e da soldadesca americana matando combatentes russos e nossos camaradas vietnamitas”, diz-se em uma declaração emitida pelo Partido Comunista.

Museus situados em aglomerados urbanos da capital arquivam narrativas não encontradas em museus tradicionais

Outra ideia de alta cultura



Um dos conceitos-chave da obra do pensador francês Michel Foucault é a noção de heterotopia, a construção de “um lugar de todos os tempos, fora do tempo”. Um espaço que encerre, em um só lugar, todas as épocas, formas e gostos possíveis, grandes arquivos, em uma totalidade “arqueológica”. Uma das ilustrações mais possíveis deste conceito, para o filósofo, é o museu. É bem possível que ele tinha em mente os históricos locais que guardavam as narrativas consagradas de nosso tempo.


E é bem possível também que ele se deliciaria com a ideia da construção de museus em favelas, onde estão histórias nem sempre vistas pela “alta cultura”. Numa inesperada inversão, falamos de uma “cultura do alto”, dos morros e aglomerados urbanos que, assim como tudo que pulsa vida, também deixa rastros, também produz memória. “A importância destas iniciativas passa por colocar em foco narrativas que não são hegemônicas na história”, destaca Cíntia Oliveira, coordenadora do programa Ponto de Memória do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus). A instituição tem como objetivo apoiar ações e iniciativas de reconhecimento e valorização da memória social. “O que fazemos é possibilitar recursos para que eles também possam compartilhar sua memória. Atualmente existem pontos de memória de diversas temáticas: afro-brasileiras, LGBTT, indígenas, ciganas. O museu é o instrumento de preservação por excelência e um espaço onde essa memória fica acessível”.

Mas a memória é apenas uma das amarrações lógicas por trás dos discursos a respeito de museus em favelas. A própria ideia de um museu “tradicional” é tensionada em falas como a de Wellington Pedro da Silva, do conselho responsável pelo Museu do Taquaril, na região leste da capital mineira. Desde o início, em 2009, a proposta do grupo era colocar a comunidade do Taquaril no protagonismo do projeto. “Um museu tradicional é tido como aquele que seu processo museal está voltado para dentro do próprio museu. Nesse sentido teremos os museus de história, de memória. São guardiões de um passado, de um modo de vida, em sua grande maioria com bens materiais”, afirma. A ideia de um museu em favela é diferente: é entender que os processos que envolvem a construção desse arquivo são também pensar em novas formas de se analisar a sociedade de modo geral.

Silva se filia a um movimento chamado Nova Museologia. “Há um pouco mais de 40 anos, museólogos se reuniram em Santiago, Chile, atendendo a uma convocação da Unesco para discutir a importância e o desenvolvimento do museu no mundo contemporâneo”, explica Silva. “Essa reunião previa a continuidade de muitos padrões da Nova Museologia na tentativa de promover a noção de um museu integral e integrado. O museu integrado é visto como um elemento integral e orgânico de uma estrutura social e cultural maior, como um elo de uma corrente e não mais como uma fortaleza ou ilha com acesso restrito”. Como sintetiza Oliveira, “o compromisso é com a construção social, e não mais com uma instituição fechada em si. A ideia é capturar os entornos também”.

Social. Estes entornos são pautados por questões que ultrapassam a fruição estética proporcionada pelo museu. Se Foucault falava em uma “imobilidade cristalizadora”, que nos deixasse longe do mundo “lá fora” quando adentrássemos um museu, o movimento nas favelas é de mobilidade. Museus como agentes de mudança e promotores do desenvolvimento, que se tornem “plataformas sólidas de gestão com vistas a ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas”, como argumenta Silva.

É difícil dissociar uma questão da outra. A gênese do Museu Muquifu, no Aglomerado Santa Lúcia, região sul de Belo Horizonte, vem de uma década atrás, no dia 10 de dezembro, quando uma bala disparada por alguém no local atingiu um policial militar. Como forma de repressão, os policiais ocuparam o local até o dia 24. Nesse período, assassinaram um morador local, que tinha o mesmo nome do suspeito de ter disparado o tiro no policial. “Um servente de pedreiro, (sem envolvimento com o tráfico) foi morto, próximo de onde hoje é o museu, na praça do Boi”, relata o Padre Mauro Luiz Silva, idealizador e curador do museu. “Essa situação de excessos da polícia gerou uma rearticulação da comunidade, com a intenção de fazer algo duradouro”. No ano seguinte nasceu a comissão Quilombo do Papagaio, que, anualmente, promove o evento Três Semanas de Paz e Cidadania, entre os dias 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) e 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos). Uma das edições tratou da questão da preservação da memória. “Já existia um vasto material produzido, escrito, fotográfico, e queríamos guardar isso em um lugar que não fosse nas gavetas. Decidimos criar um espaço, o Muquifo, onde essas coisas ficariam expostas”, lembra o pároco.

O inventário, portanto, é local e partilhável. Como aponta Oliveira, o acervo de um museu é algo próximo do que acontece com nossas famílias. “Mas nesse caso não é só para você, é para todos, para a comunidade. É a localização de repositórios de memória, do acervo que a comunidade vai decidindo”.


Visite
Museu do Taquaril
Rua Pedro de Cintra, 156. Taquaril A

Museu dos Quilombos e favelas Urbanos (Muquifu )
Beco Santa Inês, 30. Barragem Santa Lúcia



fonte:
http://www.otempo.com.br/divers%C3%A3o/magazine/outra-ideia-de-alta-cultura-1.737311

 

Arquitetura portuguesa mostra-se durante três dias em São Paulo

A arquitetura portuguesa vai estar em foco durante três dias, na X Bienal de Arquitetura de São Paulo, através de um programa de debates e palestras que começa na segunda-feira, no Museu da Casa Brasileira, com curadoria da Estratégia Urbana.

De acordo com a programação, a abertura está marcada para as 14:00, seguindo-se uma apresentação de escritórios de arquitetura do Brasil e de Portugal, contando-se entre eles os arquitetos Carlos Prata, Martim Corullon, Nuno Valentim e Nuno Griff.

Seguem-se vários debates e, às 19:00, está prevista a cerimónia oficial de entrega à cidade de São Paulo do Projeto Pavilhão Estratégia Urbana, criado pelos arquitetos portugueses Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura, ambos premiados com o Pritzker.

O pavilhão temporário tinha sido inicialmente projetado para ser construído no Parque Ibirapuera, para acolher as atividades daquele projeto de internacionalização da arquitetura portuguesa durante a Bienal.

Em setembro, o presidente da Estratégia Urbana, Nuno Sampaio, tinha revelado à agência Lusa que não tinham sido conseguidos apoios para a construção, e decidiram oferecê-lo à cidade para futura concretização do projeto.

Como o Pavilhão Estratégia Urbana acabou por não ser construído, a programação será apresentada no Museu da Casa Brasileira.

Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura - os dois únicos arquitetos portugueses galardoados até hoje com um Pritzker, o prémio mais importante para a arquitetura mundial ¿ foram convidados por Nuno Sampaio a desenhar o pavilhão, a par do engenheiro Rui Furtado.

O custo do projeto foi patrocinado pela empresa portuguesa Mota-Engil, e a Estratégia Urbana procurou apoios para a construção - orçamentada em 250 mil euros - mas sem êxito.

A programação intitula-se «Arquitetura Portuguesa - Discrição é a nova visibilidade» e tem por objetivo a internacionalização de Portugal através, entre outras iniciativas, de uma exposição audiovisual com uma seleção das 100 obras e sete projetos portugueses de referência, dos últimos vinte anos.

A curadoria deste projeto da Estratégia Urbana é também assinada por Miguel Judas, Luís T. Pereira e Fernando Serapião.

Na quarta-feira, último dia do programa, está previsto um debate intitulado «Encontro da Profissão», às 10:00 e, às 19:30, tem início a palestra de encerramento, com o arquiteto João Luís Carrilho da Graça.

A programação da Estratégia Urbana insere-se no âmbito do Ano de Portugal no Brasil e do Ano da Arquitetura, promovido pela Secretaria e Estado da Cultura, que apoia este projeto, na sequência de uma candidatura ao Fundo de Fomento Cultural.

Com curadoria de Guilherme Wisnik, Ana Luiza Nobre e Lígia Nobre, a X Bienal de São Paulo não irá ter representações nacionais, mas convidou alguns arquitetos e especialistas ligados ao urbanismo a apresentarem os seus trabalhos, práticas e propostas.

A X Bienal de Arquitetura de São Paulo, inaugurada a 12 de outubro, decorre até 01 de dezembro, com exposições, instalações, seminários e uma mostra de cinema, em nove espaços culturais da cidade, sob o tema «Cidade: Modos de Fazer, Modos de Usar», orientado para o debate sobre a mobilidade, escalas urbanas e apropriação da construção pelos habitantes.

Com organização geral da responsabilidade do Instituto de Arquitetos do Brasil, a X Bienal vai centrar-se, sobretudo, no Centro Cultural São Paulo, mas também vai apresentar trabalhos, práticas e propostas noutros espaços, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP).

fonte:
http://www.lux.iol.pt/nacionais/arquitetura-portuguesa-mostra-se-durante-tres-dias-em-sao-paulo-arquitetura-bienal-sao-paulo-siza-vieira-souto-moura/1503396-4996.html

Editora Medianiz lança em Goiânia o livro "Gestão de Museus, um desafio contemporâneo" da professora Manuelina Duarte Cândido

Na atual circunstância em que os museus brasileiros se preparam para atender ao Estatuto de Museus, e a elaboração de seus planos museológicos até 2014, é muito oportuna a indicação das diretrizes trazidas no livro Gestão de museus, um desafio contemporâneo: diagnóstico museológico e planejamento, da museóloga Manuelina Maria Duarte Cândido, lançamento da Editora Medianiz.

Um dos grandes desafios da museologia contemporânea é a elaboração de um diagnóstico adequado ao planejamento e à gestão de museus. Com essa afirmação e experiência na área, a autora apresenta os resultados da força do diagnóstico museológico como um instrumento necessário à qualificação dos museus. Seu ponto de partida é a reflexão sobre a conexão profunda entre teoria e a prática na gestão de museus, concluindo que os desafios maiores são a sistematização dos diagnósticos para a gestão e o planejamento; o desvendamento do possível descompasso entre teoria museológica e as práticas nos museus; e a dificuldade em fixar os mesmos parâmetros diagnósticos para instituições tão diferentes.

Organizado em cinco capítulos, o livro apresenta a trajetória dos museus e da Museologia, exemplos de avaliações museológicas, vasta bibliografia, um rico levantamento de diagnósticos feitos em diversas instituições e uma matriz para ser aplicada nos diagnósticos museológicos e planejamentos institucionais.

O primeiro capítulo analisa a trajetória dos museus e da Museologia, identificando aproximações e paralelos entre o fazer museal e a produção do conhecimento em Museológica. O segundo faz um mergulho em possíveis descompassos e apresenta como um pequeno universo de museus se relaciona com o campo do saber da Museologia. O terceiro busca perceber a abertura dos museus à avaliação, traçando um panorama de diversos tipos de avaliações setoriais. O capítulo seguinte trabalha a bibliografia disponível sobre gestão de museus, em suas múltiplas áreas, mapeando os aspectos considerados relevantes para a análise ou constituição de museus. Por fim, o quinto capítulo apresenta o levantamento e a análise de diagnósticos realizados em diversas instituições.

No lugar da criação de regras que possam ser utilizadas para a realização do diagnóstico, a autora envereda pela reafirmação de um conhecimento museológico “capaz de desenvolver no ‘diagnosticador’ os elementos imponderáveis: faro, golpe de vista, intuição”, como propõe o historiador italiano Carlo Ginzburg, como condição para a aproximação com o museu como objeto de avaliação global que se denomina diagnóstico museológico.

manuelinaSobre a autora - Manuelina Maria Duarte Cândido é professora de Museologia da Universidade Federal de Goiás, desde 2009, obteve o título de doutora em Museologia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa (2012). Graduada em História pela Universidade Estadual do Ceará (1997), com especialização Organização de Arquivos (1997) e Museologia pela Universidade de São Paulo (2000), onde realizou o mestrado em Arqueologia (2004). Coordenou o Núcleo de Ação Educativa do Centro Cultural São Paulo (2004) e dirigiu o Museu da Imagem e do Som do Ceará (2007-2008). Recebeu a Medalha de Honra ao Mérito 80 Anos da Escola de Museologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), em 2012, e integrou a Comissão Conceitual da 23ª Conferência Geral do Conselho Internacional de Museus (ICOM), realizada no Rio de Janeiro (agosto de 2013).

Título: Gestão de museus, um desafio contemporâneo: diagnóstico museológico e planejamento
Autora: Manuelina Maria Duarte Cândido
Número de páginas: 240
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 40,00
ISBN: 978-85-64713-07-92

Lançamento de Gestão de museus, um desafio contemporâneo
Data: Segunda-feira, 28 de outubro, às 20h
Local: Fnac do Shopping Flamboyant
Av. Jamel Cecílio, 3.300 - Goiânia (GO)

Mais informações sobre as publicações da Editora Medianiz estão disponíveis no site www.editoramedianiz.com.br