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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Para conectar coleções científicas

No dia 5 de novembro o diretor do Museu de História Natural de Londres, Michael Dixon, chegou ao Brasil com um roteiro de 10 dias que incluía São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília. O plano: conversar com pesquisadores, representantes de museus e de agências de fomento. A primeira parada foi na FAPESP, que já tem uma tradição em colaborações com o Reino Unido por meio de vários acordos assinados com universidades e com os Conselhos de Pesquisa do país. “A FAPESP tem um modelo específico para trabalhar de forma colaborativa com outras organizações internacionais, podemos olhar para isso e pensar em como desenvolver por parte do museu”, afirma Dixon. Para ele, o principal é que há semelhanças importantes entre os objetivos de sua instituição e os da FAPESP, tendo como cerne a relevância social.

Em sua visita brasileira, o diretor do museu londrino tinha um objetivo nada modesto: descobrir como as coisas funcionam neste país e como podem surgir colaborações criativas e efetivas em aspectos que envolvem desde pesquisa até exposições públicas. “E tudo o que houver no caminho”, completa.

Os resultados do primeiro dia de conversas ainda não são palpáveis, mas o interesse é recíproco. “Em 15 dias tivemos a visita do Kew Garden e dos museus de História Natural do Reino Unido e da França”, conta a bióloga Marie-Anne Van Sluys, da Universidade de São Paulo, coordenadora adjunta da área de Ciências da Vida da FAPESP.

“Em todos os casos temos laços estreitos e a FAPESP reconhece o valor das coleções como fonte de conhecimento da diversidade biológica, de investigação de processos evolutivos e o valor da disseminação do conhecimento através dos museus.”

Partindo do princípio de que no mundo moderno a pesquisa é muito mais produtiva se for colaborativa, Dixon busca pontos de contato com o Brasil a partir de conexões que já existem. Segundo ele, atualmente há cerca de 70 projetos envolvendo cientistas do Museu de História Natural de Londres (NHM) e do Brasil.

Além disso, a coleção de pesquisa alojada no edifício vitoriano de 1881 reúne 80 milhões de itens entre rochas, fósseis, espécimes animais e vegetais, que estão disponíveis para pesquisadores do mundo todo por meio de consultas no local ou de empréstimos.

Nos últimos dois anos, só o departamento de entomologia recebeu 32 visitas de 28 pesquisadores brasileiros, num total de 223 dias de trabalho. O mesmo departamento tem atualmente 66 empréstimos enviados ao Brasil: um total de 8.223 espécimes cedidos a 37 indivíduos em 17 instituições.

Com um planejamento mais cuidadoso, esses laços que já existem entre estudiosos dos dois países podem dar origem a colaborações mais frutíferas. Foi esse o foco das conversas na FAPESP e em outros locais visitados.

Esse planejamento pode envolver questões que já estejam sendo tratadas em São Paulo e em Londres, e para as quais a coleção do NHM possa contribuir. “Os pesquisadores sempre gravitam na direção de pessoas interessadas nas mesmas perguntas, mas procuramos saber se há valor em institucionalizar essa relação”, afirma.

Ele explica que em vez de deixar essas conexões se formarem de maneira fortuita, para a instituição pode valer a pena direcionar a pesquisa colaborativa. “A ciência tende a ir onde o dinheiro está.” Essa condução pode ser feita por meio de chamadas para projetos e de workshops que reúnam especialistas tanto no Brasil como no Reino Unido.

No que diz respeito a exposições voltadas para o público, Dixon conta que o NHM abrigou o lançamento mundial da exposição Gênesis, de Sebastião Salgado. Depois disso a mostra, com fotos de lugares explorados no mundo todo, esteve em cartaz no Rio de Janeiro e em São Paulo este ano. Seguindo essa inspiração, a ideia é trazer para o Brasil exposições montadas no museu londrino. “Para fazer exposições itinerantes, o ideal pode ser ter um único parceiro aqui, ou a melhor solução pode ser outra”, conta.

Em sua avaliação, o resultado mais provável de sua visita ao Brasil será identificar uma lista de propostas que poderiam ser realizadas, e duas ou três que realmente funcionem tanto para o lado britânico como para o lado brasileiro do acordo. Uma vez identificadas as oportunidades, ele mesmo ou outros podem voltar para desenvolver essas oportunidades. Se levadas adiante, essas ideias podem servir como brotos para novas iniciativas no futuro.


Por Maria Guimarães
Revista Pesquisa FAPESP

Museu do Café destacará 50 anos da OIC com exposição






O Museu do Café, instalado no Centro Histórico de Santos (SP), vai apresentar a exposição "50 anos da Organização Internacional do Café (OIC)", de 05 de dezembro até 31 de março de 2014. O objetivo é destacar a importância e a trajetória da entidade ao longo dos anos.

 

Fachada do Museu do Café, em Santos (SP) (Foto: Divulgação)


Nesses 50 anos, a OIC se tornou um órgão de cooperação entre países produtores e consumidores de café, com grande representatividade no cenário mundial. Desenvolveu papel fundamental na estabilidade do mercado, por meio da administração dos Convênios Internacionais do Café. Hoje, trabalha com o objetivo de fortalecer o setor cafeeiro global e promover sua expansão sustentável.

A exposição trará itens que estão diretamente relacionados com a atuação da indústria cafeeira, como sacas de café de diversos países e convênios assinados por representantes de várias nações. A mostra também irá disponibilizar trechos de entrevistas do projeto de história oral do Museu, em áudio e vídeo, de personalidades ligadas à corretagem e exportação e, como destaque, o depoimento do ex-ministro Delfim Netto. Complementando o discurso narrativo, imagens de marcos históricos - como a quebra da Bolsa em 1929, propagandas do Instituto Brasileiro do Café (IBC), Guerra do Vietnã, entre outros - contextualizam pelo viés político e econômico, a trajetória da OIC no século 20.


O Museu do Café fica na Rua XV de Novembro, 95, no Centro Histórico de Santos. Mais informações estão disponíveis no site www.museudocafe.org.br.