Sua obra revela-se por meio desta exposição a partir de uma leitura original e aponta sua relevância para o contexto da escultura no Estado. Esta determina ainda um espaço no âmbito da arte brasileira que pode-se considerar como sendo indispensável para entendermos o significado da produção de artistas mulheres. A exposição traz à visibilidade a sua produção de 1968 a 2013, acentuando sua inclinação para a arte têxtil e culminando em suas obras mais recentes, do ano em que se realiza esta retrospectiva. A extensa publicação que a acompanha assinala as diversas facetas de sua produção ao longo deste período, mostrando em detalhes a complexidade estética e conceitual que seu trabalho engendra.
Ao longo do tempo, a obra de Ana Norogrando foi abordada criticamente dentro dos parâmetros restritivos da 'tapeçaria' ou 'arte têxtil'. Restritos porque circunscritos às prerrogativas da linguagem que determinam a experiência de transformar as obras em limitadoras de requisitos que foram demarcados por aquela modalidade artística: tecer, invocar tramas, fiar, desfiar, construir planos, utilizar fibras, introduzir maleabilidade ao 'tecido' construtivo do trabalho.
Contudo, enquadrar a obra da artista de meados dos anos de 1980 para cá nos parâmetros limitados da tapeçaria seria adotar uma visão reducionista de sua obra e desconsiderar sua contribuição maior para a produção contemporânea. Com o desenvolvimento de sua obra em direção à figuração e ao abandono das tramas e tessituras, o contemporâneo passou a ser, para muitos críticos, a única categoria de definição passível de ser adotada. Esta exposição abre, assim, outras interpretações para sua obra e amplia consideravelmente o panorama de sua contribuição.
fonte:
http://www.correiodopovo.com.br/ArteAgenda/?Noticia=516462
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