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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Fotógrafo transforma esqueletos de animais em incríveis esculturas

O que acontece quando você solta um aclamado fotógrafo de bens luxuosos em meio a centenas de esqueletos anatômicos de animais mantidos em coleções de museus? A ideia, que parece não ser das melhores, pode tomar um novo sentido se esse fotógrafo for Patrick Gries.

O profissional teve acesso aos esqueletos do Museu de História Natural de Paris e o resultado foi uma série de 300 fotografias sóbrias que transformam espécimes científicos comuns e serenos em arte biológica.

Arte incrível – artista torna músculos invisíveis e colore o esqueleto de animais marinhos

Gries registrou as imagens para acompanhar o texto do oceanógrafo e documentarista Jean-Baptiste de Panafieu no livro “Evolution”, publicado por Xavier Barral. Elas foram recentemente apresentadas ao público no festival Photovisa, em Krasnodar, na Rússia. “Se você visita um museu, você verá milhares de esqueletos”, explica Gries. “Meu trabalho era pegar um espécime, isolá-lo e trabalhar com luz para fotografar esse espécime como se ele fosse uma escultura”.


O trabalho de De Panafieu conta a história da evolução passo a passo, com capítulos sobre adaptação, convergência, homologia e outros temas.

Ao mesmo tempo, porém, as imagens destacam as características anatômicas comuns partilhadas por todos os vertebrados. Despojados da pele e da carne, pode ser difícil identificar os esqueletos sem uma legenda. Por exemplo, sem orelhas, um coelho não parece muito diferente de um leopardo, e um crânio de um macaco difere apenas em escala do de um ser humano.

A criação das fotografias aparentemente simples foi muito mais difícil do que pode parecer, garante Gries. Os registros foram feitos ao longo de seis meses, com animais selecionados em grande parte por De Panafieu para que Gries pudesse ilustrar seus ensaios. A maioria era do museu de Paris, mas a dupla também visitou outras quatro coleções de museus na França para obter acesso aos esqueletos que eles queriam.

“Foi muito difícil trabalhar nos museus”, conta Gries. “Muitos dos pés dos esqueletos são pregados a tábuas de madeira e não podíamos tocar em nada, por isso tivemos que remover essas coisas com a ajuda da computação”.

Fazer os animais ficarem em uma posição como se estivessem em movimento, como De Panafieu queria para o livro, também foi bastante complicado. “Quando estamos falando de esqueletos, nada se move. Alguns parecem que estão em ação, contudo tudo é muito duro”, esclarece o fotógrafo. “Então, tivemos que usar pregos e arames para mantê-los no lugar”.

“Quando você olha para as fotos, parece alta tecnologia. Porém, o que tivemos de fazer envolvia bem pouca tecnologia”, afirma. “O que eu gosto é que você não iria nem perceber isso. Você olha para as fotos e acha que são apenas a forma como os esqueletos são apresentados. Não fica se perguntando, ‘Onde estão os pregos e os fios?’”.

As fotos ilustram conceitos como predação ou corridas armamentistas evolutivas – quando um predador, por exemplo, desenvolve uma adaptação que vai aumentar a sua vantagem e diminuir as chances de sobrevivência da presa. Estes tipos de situações são em grande parte compostas por duplas de animais apresentadas juntas nas exposições de museu reais.


“O que é mais interessante para mim é o cruzamento entre arte e ciência. Adoro trabalhar em projetos nos quais posso cruzar disciplinas”, confessa Gries. Embora isso não seja uma ideia muito radical nos EUA e em muitos outros países, Gries observa que ainda há resistência para a combinação destas duas coisas na França. “Eu acho que está começando a mudar, no entanto, e eu estou feliz”, comemora. “Eu não sou um cientista, mas eu aprendi muito durante este projeto, devido à chance que eu tive de trabalhar com um”.

Confira algumas das fotografias de Gries que ilustram o livro do pesquisador: 


Águia dourada prestes a pegar um coelho


Cascavel


Lêmure voador espreita do alto de sua árvore


Narval que parece nadar no ar


Leopardo no meio de sua corrida poderosa


Elefante africano


Humano montando a cavalo


Macaco-barrigudo, que vive na Amazônia brasileira


Gavião-da-europa preda um pardal-doméstico


Raposa vermelha se prepara para jantar uma ratazana comum


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