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sexta-feira, 7 de março de 2014

Feira em NY apresenta lado estridente e iconoclasta da arte chinesa

NOVA YORK, EUA, 5 de março (Folhapress) - Longe das pinturas, muitas delas de gosto duvidoso, e da arte política do ativista Ai Weiwei, que domina as manchetes sobre a arte contemporânea chinesa, um recorte de jovens galerias do gigante asiático chama a atenção na Armory Show, feira de arte que vai até domingo em Nova York. 

Um dos estandes mais concorridos da feira é o da galeria Space Station, de Pequim, em que o coletivo Double Fly Art Center armou um misto de boate com gincana de festa junina. Convidados da feira podem pagar US$ 50 para jogar um bambolê sobre uma série de objetos no chão. Quem acerta um deles com o aro de plástico pode levar o brinde para casa. 


Enquanto isso, uma tela mostra um clipe de música do grupo. Eles cantam um rap em chinês com frases como "reconhecemos em Mao nosso único líder", em referência ao líder comunista Mao Tsé-Tung, mas entoam os versos só de cueca e mascarados enquanto simulam orgias. 


"Queremos fazer arte sobre nada", diz Lehua Zhang, um dos membros do Double Fly. "Fugimos da estética da arte contemporânea para nos aproximar do entretenimento. E usamos a política para montar nossos discursos. Se fosse um artista sozinho fazendo isso, não daria certo. Mas em grupo temos mais força." 


Mesmo sozinho, Xu Zhen, um dos artistas com mais espaço na ala chinesa da feira a China é o país homenageado da Armory neste ano também provoca o mercado da arte com uma espécie de performance oculta. 


Dentro de um cubo branco de faces cegas, mas sem teto, Zhen comanda um grupo de atores que arremessam estranhos objetos para o alto. Visitantes do lado de fora só veem por segundos os vultos das "obras", uma alusão à experiência de passar rápido pelos corredores de uma feira de arte, em que o objetivo é vender. 


Outra obra um tanto iconoclasta é uma série de retratos de líderes comunistas, como Marx, Engels, Stalin e Mao, que aparecem com o rosto amassado nas telas de Jin Feng. O artista conta que amassou pôsteres dos pensadores e pintou de forma realista as feições distorcidas deles. 


"Essas são figuras que vemos o tempo todo, estão nas paredes de todas as escolas chinesas", diz Feng, em entrevista à Folha. "Mas esse é meu entendimento de como essas imagens devem ser percebidas hoje."



fonte: Por Silas Martí, Enviado especial
http://www.diariodeguarapuava.com.br/noticias/cultura/22,50830,06,03,feira-em-ny-apresenta-lado-estridente-e-iconoclasta-da-arte-chinesa.shtml

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