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quarta-feira, 16 de abril de 2014

Aprender a pensar, não (apenas) a executar ( .pt )

As práticas de aprendizagem informal, saídas de campo, visitas guiadas a museus, jardins botânicos devem ser estimuladas porque podem levar a aprendizagens mais intensas e sistemáticas sobre o mundo real.

Após a publicação do quinto volume do relatório do PISA, verifica-se que Portugal está na média dos países da OCDE. No entanto, os estudantes portugueses são ágeis em planear e a executar, mas não a questionar, pensar e experimentar alternativas. Falta-lhes capacidade de trabalho autónomo, curiosidade para colocar questões, saber partilhar o seu conhecimento em grupo e competências necessárias ao desenvolvimento de uma cidadania activa. E isto adquire-se com métodos de aprendizagens activas.

Durante este período de crise económica, o crescimento deve estar mais dependente de investimentos em melhores práticas pedagógicas, autonomia das escolas e incentivos aos docentes do que em trabalho burocrático.

A experiência que o Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural e da Ciência – Universidade de Lisboa – e o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra obtiveram nos últimos três anos com a oferta de oficinas de formação sobre a aplicação do método de aprendizagem activa (IBSE – Inquiry Based Science Education) no ensino da biodiversidade, permitiu o lançamento de um documento estratégico dividido em duas partes: (i) uma mensagem política, dirigida a entidades responsáveis pelo ensino, pais, encarregados de educação e instituições de ensino, com propostas que permitam medir o sucesso educativo; (ii) medidas estratégicas com metas a serem implementadas a médio/longo prazo (vide www.inquirebotany.org/pt).

A mensagem política. Repensar a educação com vista a melhores práticas de ensino.

1. Clarificar o significado de aprendizagem activa. Importa treinar docentes e incentivar a sua formação a título individual e a nível das comunidades escolares, aumentando a reflexão sobre a sua própria aprendizagem e as suas práticas lectivas. A metodologia IBSE estimula os estudantes a desenvolver os seus conhecimentos epistemológicos, competências sociais e, simultaneamente, a compreensão sobre a complexidade da ciência.

2. Estabelecer pontes entre educação formal e informal. Há evidências concretas e comprovadas de que a educação informal, desde que concebida de forma planeada e adequada, oferece excelentes oportunidades de aprendizagem, particularmente por permitir a ligação a conteúdos lectivos dados em sala de aula.

3. Envolver a comunidade e as famílias em todo o processo de aprendizagem. O envolvimento de um público alargado num projecto educativo requer um sistema educativo que privilegie a formação contínua dos professores e a melhoria da relação entre escola e associação de pais, comunidade científica e cultural. E isto implica maior autonomia das escolas.

4. Valorizar o papel dos educadores. Aos monitores, guias ou educadores dos espaços de aprendizagem fora da sala de aula, enquanto “comunicadores de saberes”, deve-lhes ser conferido reconhecimento profissional e de mérito.

As medidas estratégicas - Identificação de objectivos (três) e metas (dez) centrais à reforma educativa.

Objectivo 1: Métodos educacionais

1. “Motivação dos estudantes” como indicador de “melhor sucesso”. As escolas necessitam de trocar experiências de como motivar os estudantes e promover a sua criatividade.

2. Promoção e divulgação do trabalho de investigação individual de cada estudante. O sistema educativo deve ser reorientado de modo a conferir competências aos estudantes no saber colocar questões científicas e a incentivar a comunicação de resultados.

3. Repercussões sociais da educação. As escolas devem ter papel relevante a nível local e regional para estimular a cidadania e o envolvimento da comunidade, envolvendo os estudantes e as suas famílias no processo de aprendizagem e no progresso educativo.

4. Aprendizagem activa. O estímulo de metodologias pedagógicas intelectualmente mais estimulantes e diversificadas pode levar à criação de novas ideias, à melhoria da literacia científica e a hábitos de cidadania activa entre os jovens.

Objectivo 2: Autonomia das escolas

5. Aumento de responsabilidades. As escolas devem estimular os docentes a desenvolver metodologias pedagógicas inovadoras desde que previamente planeadas, justificadas e posteriormente autorizadas.

6. Quebrar de barreiras entre disciplinas. As escolas devem encorajar a troca de conhecimentos e experiências pedagógicas entre docentes e motivar a partilha e interacção de conteúdos científicos.

7. Interacção escola/associação de pais. O planeamento escolar deve ser apresentado no início de cada ano aos pais, promovendo a discussão aberta dos problemas e vantagens das opções tomadas.

Objectivo 3: Aprendizagens diversificadas

fonte:

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/aprender-a-pensar-nao-apenas-a-executar-1632258

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