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domingo, 13 de abril de 2014

'Desencaixotando' o MIS

Por anos o museu vem apresentando problemas, de sede inapropriada a acervo preservado de forma improvisada




O diretor Ewaldo Arantes ao lado de acervo, ainda mal acondicionado MIS Ribeirão Preto (Foto: F.L. Piton / A Cidade)




O Museu da Imagem e do Som de Ribeirão Preto comemora 36 anos de existência com uma série de eventos nesta semana [veja programação abaixo], porém, o fato é que boa parte do público ribeirão-pretano sequer sabe que ele existe.

Por anos o MIS apresentou problemas, que incluíam desde uma sede inapropriada até um acervo preservado de forma improvisada.

Em 2012, a reportagem esteve no local, que fica na Casa da Cultura, sede da Secretaria Municipal da Cultura, e comprovou que o museu mais parecia um depósito. Grande parte do acervo estava enfileirada em prateleiras, com as peças embaladas ao lado de arquivos de aço que guardavam fitas de VHS, papéis e outros materiais. Em outra sala, latas com películas antigas estavam amontoadas umas em cima das outras. Filmes eram mantidos precariamente.

Porém, o novo diretor, Ewaldo Arantes, garante que isso é coisa do passado. Desde que assumiu o cargo, ele afirma que deu início a uma série de ações com a proposta inicial de salvar o acervo do museu.

“Nosso objetivo é desencaixotar o MIS”, resume o diretor.

Providências

De acordo com Ewaldo, entre as providências tomadas estão catalogação, higienização e digitalização do acervo; parceria para produção de documentários e filmes; criação do Conselho Curador e implantação de laboratório e sala de pesquisa, além de parceria com o Cineclube Cauim para exibição de filmes.

Neste período, o MIS recebeu doações como o acervo do Jornal Enfim, o documentário de 1954 com imagens inéditas de Sinhá Junqueira, arquivos da família Roxo; documentos antigos da política local e filmes antigos

“Hoje, todas as doações são feitas de forma organizada, em que o doador assina um papel e uma equipe técnica examina o material”, garante Ewaldo.

O diretor afirma ainda que, no próximo mês, o museu deve receber a visita de alunos da rede pública, com a 12ª Semana de Museus, e o Ponto MIS, que vai permitir a exibição de filmes e documentários de forma gratuita, em parceria com o Governo do Estado.

“Eu devolvo o MIS para visitação do público em geral até o final do ano”, garante Ewaldo, que concorda que a sede atual está longe do ideal. “A prioridade é recuperar o acervo, mas o sonho é sair daqui”, comenta.

Algumas das prateleiras ocupadas com acervo de fitas do MIS Ribeirão: ‘deveria se pensar mais na tecnologia digital’, opina Hossame (Foto: F.L.Piton / A Cidade)

Cineasta defende mais tecnologia

Para alguns especialistas de Ribeirão Preto, a procura por umanova sede do Museu da Imagem e do Som não é a resposta para os problemas enfrentados pelo museu.

“Não acredito no MIS só como estrutura física, mas como uma proposta mais virtual. Deveria se pensar mais nas tecnologias digitais por meio do armazenamento das informações e compartilhamento de dados”, diz o produtor e diretor de documentários Hossame Nakamura, que integrará uma das mesas de debates que integram a programação comemorativa de 36 anos do museu.

Para ele, o importante agora é tentar reinventar o MIS diante das novas tecnologias e planejar uma ação de longo prazo para recuperação de acervos dentro e fora do museu. “Se a discussão ficar em torno do lugar que ele ocupa, a conversa nunca vai acabar porque sempre vai faltar grana, principalmente em transições de governos. O que acho mesmo é que o MIS deveria entrar na história do 2.0 e mandar bala”, argumenta.

O jornalista Fernando Braga, que doou uma cópia em DVD com imagens raras de Sinhá Junqueira, figura célebre da história local, acha que o MIS precisaria ter mais ações e exposições para atrair o público em geral. “Acompanhei de perto o trabalho do MIS de São Paulo na época em que morei na cidade [nos anos 1980]. Lá existia um dinamismo na programação que trazia as pessoas para o museu”, conta.

Oficinas

A fotógrafa Ana Carla Vannucchi, presidente do Conselho Curador do MIS, diz que o museu deu início a uma programação de oficinas e exposições para atrair um público maior de Ribeirão e região. A presidente afirma que o objetivo também é “colocar a casa em ordem” ainda em 2014.

“O Ibram [Instituto Brasileiro de Museus] deu um prazo até este ano para que todos os museus funcionem de forma adequada. Se isso não ocorrer, em 2015, a prefeitura pode ser multada”, informa a fotógrafa, que está finalizando um projeto para a captação de verbas para a reforma do espaço.

“Estamos em busca de parcerias para garantir um plano de vida para o MIS. Porém, temos um mar de urgências”, conclui.

Programação de aniversário

Segunda-feira
8h às 18h: Oficina Introdução à conservação de imagens em movimento
20h: Mesa Redonda “Por que o MIS? Sua Criação e Formação”
21h: Abertura da Exposição Fotográfica “Gorlovka”

Dia 15
19h: Mesa Redonda “Para quê o MIS?”

Dia 16
8h às 18h: Projeto “A Cara de Ribeirão”

No Centro Cultural Palace (rua Álvares Cabral, 322)

Entrada gratuita
Inf.: (16) 3636-9187 ou 3636-1206, ramal 228

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