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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Patrimónios para uma cultura democrática

O Dia Internacional dos Museus, 18 de Maio, criado para divulgar o trabalho museológico junto do grande público, é este ano, por decisão do Conselho Internacional de Museus (ICOM), organismo da UNESCO, dedicado ao tema: Museus: As colecções criam conexões.


Nesta frase está plasmada a ideia da comunicação privilegiada que o museu desenvolve com os seus públicos através do património móvel que integra o respectivo acervo. Não importa se o diálogo se estabelece através do conhecimento objectivo e racional, ou se através de relacionamento emocional. Em qualquer caso, o veículo de comunicação é o real, o factual. A linguagem das coisas afinal é a palavra dos homens, na sua expressão mais sintética, mais depurada e abrangente, a poética.

Os museus nascem com a primordial função de conservar as memórias do Passado, materializadas nos mais diversos suportes. Constituem arquivos indispensáveis à preservação do nossa história colectiva e dos referenciais de memória que nos permitem a qualquer momento uma localização nas escalas espaciais do universo, cruzadas com a dimensão temporal. Podemos imaginar o que seria a nossa sociedade sem estas e outras fontes de memória, se pensarmos na doença de Alzheimer que retira aos pacientes a consciência de si próprios e por conseguinte todas as capacidades de decisão. 


Há muitos anos, tive como colega de mestrado em museologia a então directora do “Museu da Pessoa”, em S. Paulo, um museu virtual de primeira geração; um dos constrangimentos que mais a inquietava era, sem dúvida, a volatilidade do acervo. Confidenciou-me que ficava sem palavras quando algum utente do museu lhe telefonava a pedir uma visita. Muito tempo decorreu desde essa data; o património imaterial foi reconhecido pela Unesco e objecto de regulamentação pelos países membros; novas formas de registo e de conservação patrimoniais e o reconhecimento da criação de memória futura por intervenção qualificada do Presente são hoje conceitos genericamente assimilados.





Nos quarenta anos de vida da nossa jovem democracia, houve um importante movimento de criação de museus, associado à legitimação cultural do Poder Local; um deles, pioneiro, o Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS), verdadeiro barómetro dos avanços e recuos do novo regime democrático, tem árdua e persistentemente lutado pela defesa do património, contra o esquecimento, contra a intolerância e o atraso civilizacional.

Assim, no domingo dia 18 de Maio, as portas do MAEDS abrir-se-ão gratuitamente para todos, no respeito pelo direito universal à fruição cultural, em convite para mais uma aventura pelos caminhos do património azulejar de Setúbal. O azulejo é uma marca inconfundível da nossa paisagem urbana, conquistando nos finais do século XIX e inícios do XX, uma extraordinária proximidade e convivialidade com as gentes da cidade. Desde os novos bairros Salgado e Santos Nicolau, aos Passeios do Lago e da Praia, as fachadas modernistas exibem esse saber estar no seu tempo, tão característico das cidades portuárias, abertas à inovação.

fonte:
http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=21248

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