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sábado, 27 de setembro de 2014

Patrimônio cultural da Síria está em perigo

Nas regiões da Síria e do Iraque, ocupadas pelas forças extremistas, se assiste ao aniquilamento sistemático do patrimônio cultural desses dois países. As estatísticas avançadas pela UNESCO falam por si: ultimamente foram perdidas ou danificadas centenas de instalações históricas, bem como roubadas muitas amostras dos museus antigos.




Foto: RIA Novosti/Andrey Stenin
Foto de arquivo



O problema diz respeito não apenas à Síria e ao Iraque. A Primavera árabe veio afetar o legado cultural de outros países. As perdas sofridas por museus egípcios, sobretudo, nas zonas rurais, são bem conhecidas. Na Líbia, foram destruídas em parte as antigas vilas de Sabratha e Leptis Magna, fundadas por fenícios e consideradas “museus ao ar livre”.

Mas o maior prejuízo tem sido causado aos monumentos culturais da Síria e do Iraque. Nas últimas semanas foram devastados os museus de Mossul em que se encontravam coleções abrangendo os períodos históricos diversos – sumério, assírio, babilônico e islâmico. Foi igualmente demolida a maior parte do túmulo do profeta Yunus (Jonas) e da mesquita de Nabi Jonah.

Na Síria, segundo os dados do Fundo de Patrimônio Mundial, na sequência de operações militares e atos de vandalismo, foram danificados todos os objetos integrados na lista do Patrimônio Mundial. Cinco dos seis objetos dessa lista, incluindo a antiga cidade de Palmyra, o templo de cruzados Krak dos Cavaleiros e uns bairros de Antiga Aleppo foram igualmente afetados.

Os detalhes foram revelados à Voz da Rússia por Mamoon Abdul Karim, diretor-geral do Departamento de Patrimônio Cultural da Síria:

“A extinção do património cultural está cada vez mais iminente. Um exército de 2.500 funcionários e colaboradores do nosso departamento, trabalhando em diferentes províncias, têm arriscado suas vidas para inverter esta situação calamitosa. Nessa área, contudo, estamos sendo apoiados por entidades públicas e habitantes do país, apreensivos com o destino de monumentos antigos valiosos.

Infelizmente, hoje, no século XXI, vieram à tona as forças iletradas e malignas que podem, sem os remorsos de consciência, destruir legado cultural de um país inteiro. Eles querem que nós voltemos à época das trevas e barbaridades. Seus princípios dogmáticos e a mundividência menosprezam e desrespeitam as culturas antigas, motivo pelo qual foram destruídas várias regiões históricas da Síria, tendo sido atingidos os monumentos em Deir ez-Zor, os monumentos assírios no sul da vila de Al-Hasakah, a sepultura Shah Hamdan em Aleppo, construída no século I antes de Cristo e muitos outros monumentos”.

Os antigos artefatos procedentes de museus roubados e de escavações ilegais são transportados ilegalmente para o extrior. As amostras dos museus estão sendo procuradas em nível internacional. Algumas delas já foram repatriadas e devolvidas aos donos. Mas a “preza de arqueólogos negros” parece ter sido irrecuperável.

Apenas os esforços conjuntos da comunidade mundial podem vir a entravar estes processos negativos, prossegue Mamoon Abdul Karim:

“Apelamos a todos os países para, apesar de divergências políticas, se darem conta de uma enorme importância da civilização síria. Através dos esforços conjugados, compete-nos a nós, salvaguardar seus monumentos antigos”.

No melhor dos cenários, esta tarefa nobre ajudará, cedo ou tarde, a encontrar uma linguagem comum e estabelecer a paz na Síria. Enquanto a guerra não declarada continuar, a esfera cultural será a mais afetada.

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