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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Carpinteiros navais restauram cútter que faz parte do acervo do Museu Nacional do Mar


Vindos do Maranhão, profissionais especializados recuperam a embarcação que foi atacada pela ação do tempo e de cupins e integra acervo de museu de São Francisco do Sul


Batente. Otavionilson e James Dea trabalham diariamente para que em dezembro o Lindo Horizonte 2 esteja totalmente restaurado





Criado em 1992, o Museu Nacional do Mar, em São Francisco do Sul, guarda tesouros da história marítima brasileira. Com o objetivo de reunir a representatividade marítima do patrimônio naval brasileiro, abriga 91 embarcações originais vindas de todo o país e cerca de 150 miniaturas, que estão divididas nas 18 salas do museu.


De todas as embarcações que lá estão, podemos citar as canoas, botes, baleeiras e o personagem principal desta reportagem: o cútter Lindo Horizonte 2. A embarcação, que faz parte do acervo do museu há cerca de 20 anos, está recebendo um tratamento especial para recuperá-lo do estado de danificação em que se encontrava pela ação do tempo e dos cupins. A restauração começou no fim de setembro e está sendo feita por dois carpinteiros navais vindo do Maranhão especialmente para este trabalho.


Até o dia 23 de dezembro, Otávionilson Nogueira e James Dea esperam entregar um Lindo Horizonte ainda mais lindo. A embarcação de origem maranhense tem 13,20m x 3,65m e, de acordo com Marina Brusch, coordenadora do museu, esta restauração é importante pelo fato de não se fabricar mais este estilo de cútter


Expectativa. Marina Bruschi, coordenadora do Museu Nacional do Mar, aguarda o fim do trabalho



A coordenadora também explica que a vinda dos profissionais maranhenses para o restauro era imprescindível, já que eles são da mesma região do cútter. “Não adiantava ser um carpinteiro do Sul. Tinha que ser profissionais típicos do Maranhão, até mesmo pelo Estado em que o cútter estava”, ressalta Marina.


O restauro é uma parceria entre a Prefeitura de São Francisco do Sul, a Fundação Cultural de São Francisco do Sul, a FCC (Fundação Catarinense de Cultura), o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e a Associação dos Amigos do Museu, que são mantenedores do espaço.

Os “doutores” responsáveis por reavivá-lo

Há quase dois meses fora de casa, os dois maranhenses que sequer conheciam o Sul estão instalados em São Francisco do Sul para esta que é uma das principais missões de suas vidas: “curar” o cútter Lindo Horizonte 2 das doenças que o acometiam. A cada dia, Otavionilson Nogueira e James Dea vão, aos poucos, trazendo a embarcação de volta à vida. Ela não retornará aos velhos tempos de navegação, mas ficará renovada com o tratamento especial que vem recebendo.


Fabio Santos/Divulgação/ND

Otavionilson Nogueira não vê a hora de retornar ao Maranhão e poder reencontrar a família.




Ambos são professores no CVTEE (Centro Vocacional Tecnológico Estaleiro-Escola) do Maranhão. Segundo Nogueira, o trabalho não está sendo difícil, apesar de a embarcação estar bastante danificada. “Nós temos conhecimento para esse tipo de restauro e conhecemos bem a técnica de construção. Então, não se torna um trabalho difícil”, conta o carpinteiro, que não vê a hora de ver o trabalho concluído e retornar para sua terra e rever as duas filhas.
Já James Dea não está com muita pressa de retornar. Ele diz que está “curtindo” a vida à beira da Babitonga. “É uma ótima oportunidade de conhecer o Sul. Não estou com pressa de voltar, não”, diz Dea, carregando em seu sotaque nordestino.




Em casa. James Dea está gostando dos ares do Sul e não expressa nenhuma pressa em partir.





Na escola que está localizada em São Luís do Maranhão, entre outros cursos que são oferecidos, os professores ensinam técnicas de construção de embarcações, marcenaria, veleria e velejaria. Técnicas que os professores/carpinteiros também aprenderam na mesma escola em que atualmente lecionam. “Eu não me considero um grande profissional, mas sei de tudo um pouco”, confessa, humilde, Dea.






Embarcação exótica construída em um só tronco 


O cútter do Maranhão é popularmente conhecido como canoa costeira e é um dos barcos mais tradicionais, eficientes e bonitos do país. Não se sabe ao certo a data de construção do Lindo Horizonte 2, mas ele é considerado uma das embarcações mais exóticas do país e faz parte do acervo do Museu Nacional do Mar há 21 anos.








Miniatura confeccionado pelos carpinteiros serve de modelo para o restauro


Uma das curiosidades sobre a embarcação é que antigamente ela era construída em um mesmo tronco, passando a ser confeccionada com tabuado e cavername – que é o conjunto de costelas que formam o esqueleto de uma embarcação -, embora ainda existam exemplares com o fundo do casco em uma única peça.


O convés é fechado, arrematado por cabine rebaixada. Na proa, há um alongado gurupés - pau de giba, que se localiza avante da proa e a bita - é em forma de cabeça humana. Os estais - cabos que sustentam o mastro - são fartos. O mastro é inclinado para ré e em breve, assim que estiver pronta, a canoa costeira receberá novamente as suas cores vivas, com leme e a vela triangular.

A recuperação
Como a madeira original não pode ser trazida do Maranhão, os carpinteiros estão utilizando o que a região oferece. De acordo com Nogueira, a madeira que está sendo utilizada é a tatajuba para o tabuado do casco e pequi para a coberta do convés.
Com o passar dos anos, a embarcação foi constantemente acometida por ataques de cupins e como ficou durante anos instalada na parte externa do museu, devido às intempéries, a madeira apodreceu.


Divulgação/ND

Sala do Maranhão. Embarcações típicas do estado nordestino possuem uma sala especial no museu




Para que isso não volte a acontecer, Nogueira explica que além da pintura na parte externa, que irá evitar a umidade na embarcação, a parte interna receberá uma boa dose de veneno para cupim.


Ele diz que agora falta pouco para que o Lindo Horizonte 2 reine majestoso e recuperado com suas cores vibrantes e carrancas, na companhia de outras embarcações na sala Maranhão do Museu Nacional do Mar.

Serviço
O Museu Nacional do Mar – Embarcações Brasileiras está preparado para receber grupos de estudantes e turistas em geral. Para isso, observe as informações sobre agendamento, horário de funcionamento, cobrança de ingressos, endereço e telefone.



Horário de Funcionamento: de terça a sexta-feira, das 9h às 18h. Sábados e domingos, das 10h às 18h. A bilheteria fecha sempre às 17h30min.
Ingressos: R$ 5 inteira ou R$ 2 meia-entrada com carteirinha de estudante (entre 8 e 17 anos), estudante universitário (carteirinha com validade).


Gratuidades: entrada sem cobrança de ingresso para associados da Associação dos Amigos do Museu Nacional do Mar, deficientes, guias com grupos ou carteirinha, grupos escolares da Rede Pública com agendamento prévio, professores (mediante apresentação de documento comprobatório), crianças de até sete anos e idosos com mais de 60 anos, marinheiros, Policiais e Militares (uniformizados ou com documento comprobatório) e motoristas acompanhando escolas ou excursões. Aos sábados e domingos, moradores de São Francisco do Sul que levarem comprovante de residência não pagam entrada.


fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://ndonline.com.br/joinville/plural/213948-carpinteiros-navais-restauram-cutter-que-faz-parte-do-acervo-do-museu-nacional-do-mar.html


Endereço: Rua Manoel Lourenço de Andrade, 133 - Centro - São Francisco do Sul - SC Contato: (47) 3481-2155 / 3481-2156 / 3461-1567 / faleconoscomnm@fcc.sc.gov.br / agendamentomnm@fcc.sc.gov.br

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