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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Lisboa Palácio em Xabregas prepara-se para ser escola e galeria de arte

A lista de 'nãos' ia longa quando Dilen e Eurica Magan se tornaram inquilinos num palácio de Xabregas (Lisboa), onde oferecem aulas, planeiam a reabilitação do edifício e abrem as portas a qualquer projeto artístico.                                             
                             
Nas salas amplas, os azulejos setecentistas têm a companhia de instalações artísticas desde a inauguração do espaço, no final de setembro, assim como do material de trabalho de um tatuador mexicano, que prolongou a sua estadia.
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Há ainda pátios, uma sala com material de som, onde decorre aos domingos a "baby disco" (discoteca para crianças/famílias). E um espaço com um bar e sofás, onde os fundadores do EKA explicam como querem partilhar o palácio com a população do bairro e do mundo.

Com experiências artísticas enquanto dirigiu profissionalmente duas empresas de telecomunicações em Londres (Inglaterra), Dilen Magan percebeu como gerir projetos "low cost [a baixo custo] e conseguir ter retorno": "Do nada, fazer alguma coisa", resumiu o músico à agência Lusa, defendendo que a arte pode ser um negócio.

Com o que viu pela Europa, Dilen critica a noção portuguesa generalizada de que "a arte vive do Estado" e, por isso, contactou com juntas de freguesia, câmaras e associações para apresentar a sua visão de que arte é também um serviço.

Da Santa Casa da Misericórdia recebeu a possibilidade de usar a Capela do Grilo, onde agora funciona o 'EKA chapel', que "oferece serviços de qualidade por um valor reduzido, nas áreas de vídeo, som, fotografia e eventos", além de aulas gratuitas de yoga para a terceira idade.

Apesar dos vários 'nãos' para conseguirem um local barato e dos fracassos de parcerias com instituições, Dilen e Eurica somaram participações em festivais nacionais de música, como em Sines e no Boom (Idanha-a-Nova), e procuraram arrendar um espaço "aberto da toda a gente".

Em conversa de café chegaram ao proprietário do palácio, que está ligado à construção civil, pelo que assegura a reabilitação estrutural, enquanto o coletivo EKA garante o resto, o que inclui os espaços ao redor do palácio para alugar a "preços low cost" para ateliês e residências artísticas.

No local, onde já funcionou uma escola primária e ocupado agora a "preço simbólico" pelos fundadores do EKA, também haverá um gabinete de empreendedorismo para apoiar quem quer criar o seu negócio, como artistas.

Nas tais salas com azulejos históricos vão funcionar workshops e formações, além de exposições, mas o EKA "não vai ficar com 70% ou 75% do resultado das vendas como as galerias", asseguram os fundadores.

Por ali também já passam estagiários de universidades e inscritos no centro de emprego para aprenderem a fazer um projeto de mapping, vídeo, a pôr música ou a pintar. Por concretizar em breve está um projeto de um desempregado, que ficará responsável pela estampagem de roupa.

Com a inauguração do espaço, o EKA Palace, foram bater àquela porta muitos artistas que se querem mostrar e, por isso, o EKA parou em outubro para calendarizar eventos em novembro e garantir que todos ali têm espaço para criar e mostrar.

Na apresentação do projeto, na página da Câmara Municipal de Lisboa, explica-se que na antiga vila operária, com uma área de 10 mil metros quadrados, há "tudo o que é preciso para começar a criar uma revolução cultural".
 
 

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