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sexta-feira, 11 de abril de 2014

Governos têm alinhamento pelo Masp

Ângelo Oswaldo, presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), órgão do Ministério da Cultura, disse ao jornal o Estado de S.Paulo que foi acertado um "alinhamento" do governo federal com os governos do município e do Estado de São Paulo (os secretários Juca Ferreira e Marcelo Araujo) para apoiar o Masp em sua crise. "Mas na expectativa de mudanças, porque a crise se acentuou e se aprofundou", arguiu.

O presidente do Ibram atribuiu a um "grupo hegemônico" que estaria tentando se manter na direção do museu a gestação da crise, mas elogiou a atual presidente, Beatriz Pimenta Camargo, dizendo que ela teve um "gesto lúcido e corajoso" no sentido de abrir as portas do museu à solução da crise.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Comissão de Educação discute situação dos museus no Brasil

O Instituto Brasileiro de Museus divulgou em 2011 que havia no país 3025 museus. De acordo com a publicação Museus em Números, nas Regiões Sul e Sudeste estão concentrados 67% deles. No estado de São Paulo há 517 museus, seguido do Rio Grande do Sul, com 397 e Minas Gerais, com 319. Nas Regiões Norte e Centro-Oeste estão 12% dos museus. São seis em Roraima e nove no Amapá.

A situação desses museus vai ser debatida em uma audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) na terça-feira (15), a partir de 10h, com a ministra da Cultura, Marta Suplicy.

A publicação do Instituto mostra também que dos 5.564 municípios, em 78,9% deles não há museus. Ainda assim, há hoje cinco vezes mais museus no país do que havia na década de 1970 e duas vezes mais do que no início dos anos 1990. A maior parte deles (67,2%) é administrada pelo Poder Público.

Na audiência pública, a ministra Marta Suplicy vai expor as diretrizes e as prioridades do ministério que comanda. A senadora licenciada está à frente do Ministério da Cultura desde setembro de 2012. Uma das ações recentes do ministério começou nesta sexta-feira (11), com o Curto Circuito da Juventude. O encontro reúne jovens de todo o país para debater as prioridades culturais dos jovens.

A audiência foi pedida pelos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Cyro Miranda (PSDB-GO) e Ana Amélia (PP-RS).


Agência Senado

Públicos de cultura no Brasil

Na última quarta-feira (9/4), o Sesc e a Fundação Perseu Abramo apresentaram os números preliminares da pesquisa Públicos de Cultura – Hábitos e Demandas. O objetivo era ampliar o conhecimento sobre o público e orientar ações do setor. Para isso, foram investigados o comportamento, a disponibilidade e a frequência com que os entrevistados consomem ou produzem cultura, em 139 municípios em área urbana de 25 estados, das cinco regiões que compõem o país.

Alguns resultados chamam a atenção, em especial os que dizem respeito ao que não está no leque de atividades culturais dos entrevistados: 61% nunca foram a uma peça de teatro em qualquer local (61%) e 57% nunca assistiram uma peça no teatro; 75% nunca foram a espetáculos de dança ou balé no teatro; 71% nunca estiveram em exposições de pintura, escultura e outras artes em museus ou outros locais; 89% nunca foram a um concerto de ópera ou música clássica em sala de espetáculo e 83% em qualquer outro local; e 70% nunca foram a uma exposição de fotografia.

Os motivos para a não frequência a essas atividades se equilibram entre o não gostar e o não existir algumas delas na cidade. É considerável a proporção de respostas que indicam o fato de não terem costume e/ou não acharem interessantes/importantes alguns desses tipos de atividades. 26% dos entrevistados afirmam que não gostam de exposições artísticas e outros 26% que não sabem ou nunca foram a uma.

No que diz respeito à leitura, por exemplo, a maioria (58%) não leu nenhum livro nos últimos seis meses e os que leram possuem uma média de apenas 1,2 livros lidos no período. Os temas literários mais procurados são romance ou ficção, seguidos pela bíblia e por livros de cunho religioso e espiritualista.

As atividades cuja maior parte das pessoas entrevistadas afirmou já ter realizado foram: assistir a um filme em casa ou outro lugar diferente do cinema (91%), dançar em bailes e baladas (80%), ir ao cinema (78%) e ao circo (72%), ler um livro por prazer (69%), assistir a um show de música em casa ou outro local diferente de casas de espetáculos (69%) e ir a bibliotecas (58%).

Capital cultural - Para o sociólogo Sérgio Micelli, presente no seminário de apresentação da pesquisa, a falta de repertório adequado para o consumo de cultura é uma das principais causas do que os entrevistados chamam de “não gostar” de determinadas atividades. “A pesquisa mostra a prática cultural brasileira tal qual ela se dá. O problema não é só de acesso, é de repertório. E o que está acontecendo é a constituição de um padrão de consumo que não tem muito a ver com os equipamentos. Os equipamentos se tornaram nichos para clientelas reduzidas. O retrato social da audiência é muito peculiar e depende do cumprimento de uma série de exigências de repertório”, afirmou.

Além disso, há a concorrência com os meios digitais. “A possibilidade de acessar o que antes exigiria ir ao Louvre, ou comprar uma enciclopédia ilustrada, se tornou relativamente muito mais banal, embora a experiência online não seja a mesma. Mas o acesso à cultura está franqueado, a pessoa pode ter da sua casa, ou do seu celular. Há uma mudança acontecendo e os efeitos sociais e culturais ainda não estão claros”, disse o coordenador da pesquisa, Gustavo Venturi.

A mobilidade social e material, tão falada nos últimos anos e também apontada pela pesquisa, não se refletiu na mobilidade do ponto de vista cultural, como também indicou Venturi. “Isso mostra que no plano dos valores mais amplos essa mobilidade não foi suficiente. Nesse sentido, as políticas culturais são fundamentais para uma mudança efetiva da sociedade. Não basta, ainda que seja necessário e legítimo, elevar a qualidade de vida do ponto de vista material da população, os horizontes de transformação social ainda estão distantes e me parece que é difícil chegarmos lá sem mexermos nessa questão do capital cultural.”

Como os gestores de cultura podem direcionar suas atividades nesse caminho, então? Segundo Micelli, promovendo a exposição continuada, com um padrão, o que terá consequências em termos de política cultural. “A arena da atividade cultural é de enfrentamento e competição. Há diversas instâncias em luta e rivalidade, hostis, em relação ao poder e à legitimação. A televisão está o tempo todo dizendo que a visão dela é a certa. É um enfrentamento. E ele não será resolvido por reconciliações imaginárias. A indústria cultural espelha uma prática cultural dominante na sociedade brasileira”, alertou o professor.

Para Venturi, o investimento nos equipamentos culturais é um dos modelos a serem adotados. “É o questionamento desse modelo que nos permitirá ir além da indústria cultural.”

Indústria cultural – No que concerne à TV, 62% dos entrevistados afirmam assistir apenas aos canais abertos e 28% tanto a TV aberta quanto a por assinatura. Os principais produtos culturais vistos na TV são as novelas (54%), filmes (52%) e os jornais de notícias (44%). Entre os filmes prediletos, estão os de aventura (39%), comédia (38%) e romance (29%), com preferência pelo cinema americano (45%) e menos pelo nacional (33%). Cerca de 65% das pessoas vêem filmes nacionais de vez em quando, enquanto 22% sempre e 14% disseram nunca assisti-los.

Com relação aos gostos musicais, os gêneros mais mencionados foram: sertanejo, MPB, Forró, Gospel e Pagode; e as principais danças foram o Forró, a Dança de salão, Samba e Street Dance/Rap. No que diz respeito aos gêneros de teatro, o preferido, com grande distância, é a comédia. Com relação a outros tipos de apresentação, destacam-se o circo, as comédias stand up e os teatros de bonecos.

A maioria das pessoas entrevistadas afirma gostar de observar os principais elementos culturais e artísticos da cidade, tais como parques (89%), arquitetura em geral (73%), luzes artísticas e decorativas (70%), monumentos e estátuas (68%), propaganda e publicidade (54%) e grafites/murais (49%).

Os principais locais visitados quando se deseja fazer alguma atividade cultural nos fins de semana são os shoppings, cinemas, parques, igrejas, teatros, restaurantes e outros espaços de alimentação e praças. A maior parcela se dedica, nos lugares citados, a atividades de entretenimento e atividades culturais, com uma pequena participação de atividades esportivas e religiosas. Um dado curioso é que, na percepção de 51% dos entrevistados, nenhuma atividade cultural é feita por eles aos fins de semana. Essa proporção chega a 85% entre segunda e sexta-feira, de forma que a principal atividade cultural citada passa ser a ida a igrejas e outros locais religiosos.

“Cada vez mais eu vejo que temos muitos capitais culturais. Não existe um único caminho. Passa pela construção e mudanças dos diversos capitais culturais, a partir de uma troca efetiva entre eles”, concluiu Marta Colabone, gerente da Gerência de Estudos e Desenvolvimento do Sesc São Paulo.

Clique aqui para acessar o site com os dados da pesquisa e o vídeo do seminário de apresentação.



fonte: http://www.culturaemercado.com.br/noticias/publicos-de-cultura-no-brasil/
 Enviado por    abril 11, 2014 •  DESTAQUE ,NOTÍCIAS  0 Comentários

Art Cologne, feira de arte mais antiga do mundo, tem início em Colônia


Depois de passar por séria crise, Art Cologne se recupera e volta a atrair grandes galerias internacionais. Segredo está na oferta, qualidade e ligação com o local, diz diretor.





'A pequena distância entre dois pontos', obra de Rayyane Tabet, à venda na Art Cologne


Considerada a mais antiga feira de arte do mundo, a Art Cologne abriu mais uma vez as suas portas nesta quarta-feira (09/04) na metrópole renana. Este ano, as expectativas dos mais de 200 galeristas provenientes de 25 países são bem altas em Colônia.

Até o próximo domingo, os expositores da maior feira de arte da Alemanha esperam concretizar um faturamento milionário. Entre as obras de arte à venda destacam-se duas naturezas-mortas do pintor Ernst Ludwig Kirchner, uma série de nus de George Grosz, como também a aquarela Soubrette, de Otto Dix, que se encontrava desaparecida há vários anos.

Os preços variam de 100 euros até quantias milionárias, disse o diretor da Art Cologne, o americano Daniel Hug. Entre as obras mais caras está o quadro O medo da lebre, pintado em 1912 pelo alemão Franz Marc. O galerista Raimund Thomas está oferecendo a pintura por 9,4 milhões de euros. Segundo Thomas, um colecionador particular alemão e uma coleção privada estrangeira já mostraram interesse.


Daniel Hug trouxe novo brilho à feira

A galeria Henze & Ketterer está vendendo a pintura Pastor de montanha no outono, de Ernst Ludwig Kirchner, por 2,5 milhões de euros. Atualmente, obras da modernidade clássica são avaliadas como blue chip, ou seja, um investimento seguro para colecionadores. Mas quantias como essa são antes uma exceção na Art Cologne. A feira atrai principalmente colecionadores dispostos a comprar obras de até 100 mil euros.

Altas expectativas na Art Cologne

Muitos deles vêm da própria região alemã da Renânia, que continua famosa pelo interesse de seus colecionadores. Além disso, desde que a feira internacional de arte berlinense Artforum deixou de existir, em 2010, a feira de Colônia ganhou novamente em importância.

Após uma dura crise há cerca de dez anos, desde 2008 a feira coloniana tem se recuperado de forma espetacular sob a direção de Hug, que antes era galerista em Los Angeles. Atualmente, os galeristas berlinenses também marcam presença na Art Cologne.

Galerias famosas como a de David Zwirner, de Nova York, também voltaram a expor na Art Cologne. O pai do galerista nova-iorquino, Rudolf Zwirner, está entre os iniciadores da feira que surgiu em 1967 com o nome de Kölner Kunstmark (mercado de arte de Colônia).



'O medo da lebre', de Franz Marc, está sendo oferecido por 9,4 milhões de euros

Na edição deste ano, a Art Cologne também traz uma novidade: pela primeira vez há um setor para filmes. Hug afirmou sempre ter querido um formato para a arte das imagens em movimento. Segundo o diretor da feira, a maioria dos filmes é de curta duração, de forma que os visitantes podem assistir-lhes facilmente.

Oferta, qualidade e local

Um dos segredos do renascimento da Art Cologne foi a redução do número de expositores. Neste ano, somente 221 galerias receberam a licença para expor na feira. A metade vem da Alemanha. "Neste ano, superamos a já alta qualidade de oferta do ano passado", disse Hug. Para ele, um dos segredos do sucesso é fortalecer o aspecto local. "Somos internacionais, mas com foco na Alemanha. Para nós, três pontos são importantes: boa oferta, qualidade e a relação com o local."



Fotos com flores de Ai Weiwei recebem os visitantes da feira

No ano passado, a feira atraiu 55 mil visitantes. Desta vez, os aficionados da arte estão sendo recepcionados no saguão por uma obra que o artista chinês Ai Weiwei concebeu especialmente para a Art Cologne.

Expostas sobre uma parede estão fotos de buquês de flores que o mais célebre artista chinês coloca todas as manhãs, desde o ano passado, na cesta de uma bicicleta estacionada em frente ao seu ateliê em Pequim, para protestar contra a proibição de deixar o país, imposta a ele. Apesar de abrir a feira de arte de Colônia, a obra de Ai Weiwei não está à venda.

DW.DE