Ouvir o texto...

domingo, 12 de outubro de 2014

São Paulo recebe Portinari - 'Capela da Nonna' chega ao Museu de Arte Sacra

Buscar referências da capital e trazê-las ao interior do Estado é uma prática comum, especialmente no ramo da cultura. Mas as atrações de nossa região, aos poucos, também vêm confirmando seu valor nos grandes centros.


Angélica Fabbri em frente à réplica da Capela em SP (Foto: Divulgação)

Um exemplo disso é a exposição “Capela da ‘Nonna’: Fé, Religiosidade e Arte”, aberta ao público paulistano esta semana no Museu de Arte Sacra de São Paulo, instituição ligada à Secretaria de Estado da Cultura.

Realizada pela Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari Portinari (ACAM), que administra o espaço, em Brodowski, a mostra é um dos conjuntos mais importantes da obra sacra do pintor modernista e marca a primeira itinerância do museu à cidade de São Paulo.

“É uma alegria receber aqui obras dessa importância e estabelecer essa troca entre museus do interior e da capital”, diz o diretor executivo do Museu de Artes Sacras José Carlos Marçal de Barros.

De acordo Angelica Fabbri, diretora da ACAM Portinari, a mostra apresenta uma réplica da capela pintada por Portinari para sua “nonna” (avó em italiano) Pellegrina em 1941.

A aposentada Ernestina de Faria, que ficou emocionada com a exposição (Foto: Divulgação)

À época, a matriarca estava muito debilitada para ir à igreja e, para amenizar seu sofrimento, o neto separou um cômodo da casa para fazer uma capela, onde pintou Jesus, Santo Antonio de Pádua, São João Batista, Santa Luzia, São Pedro, São Francisco de Assis, A Sagrada Família e A Visitação.

As imagens com tamanhos naturais têm feições de parentes e amigos do pintor, tradição na pintura do século 15 retomada pelo artista.

“É maravilhoso! Ficaria muito feliz se meu neto fizesse uma capela assim pra mim”, diz emocionada Ernestina de Faria, 82 anos, uma das primeiras visitantes da instalação.

Padre Fábio de Melo

Quem estava de passagem pelo Museu de Artes Sacras e também ficou sensibilizado com a exposição foi o festejado padre Fábio de Melo. “Foi uma grata surpresa saber que isso aqui nasceu de uma fé muito singular. Uma atitude muito terna da parte do pintor”, comenta.

Foram necessários alguns meses e muito trabalho para que a atmosfera da capela de Brodowski fosse recriada na área externa da sede do Museu de Arte Sacra, que existe desde 1969.

Padre Fábio de Melo esteve presente na abertura do evento (Foto: Divulgação)
“Como essas obras estão em murais na cidade natal do artista, a reprodução fiel foi a maneira encontrada para apresentar sua obra com inspiração religiosa a novos públicos. Esperamos que isso motive visitas ao Museu Casa de Portinari”, explica Angelica.

Ela ainda conta que a “Capela da Nonna” tem um projeto especial de acessibilidade. Além dos recursos de luz e som e do vídeo institucional que apresenta o Museu Casa de Portinari, deficientes visuais e auditivos contam, respectivamente, com materiais em braile e libras. Diversas atividades educativas relativas à extensa obra de Portinari serão desenvolvidas até o fim da mostra, em dezembro.

“Queremos propor um diálogo entre as obras dele e de outros artistas expostos no museu. A ideia é montar um rota modernista pela temática religiosa”, adiantou Vanessa Costa Ribeiro, coordenadora de ações educativas do Museu de Artes Sacras.


SERVIÇO
Capela da ‘Nonna’: Fé, Religiosidade e Arte
Até dezembro, no Museu de Artes Sacras de São Paulo
Avenida Tiradentes, 676 - Luz
De terça a sexta-feira, das 9h às 17h, sábados e domingos, das 10h às 18h
Ingresso: R$ 6 e grátis aos sábados
Inf.: (11) 3326-3336



fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://www.jornalacidade.com.br/lazerecultura/NOT,0,492,998536,Sao+Paulo+recebe+Portinari.aspx

Hermitage chega a 250 anos como preferido dos europeus

Um dos mais ricos museus do mundo e o maior acervo artístico da Rússia comemora este ano seu 250º aniversário. A Gazeta Russa soube dos planos do museu para os próximos anos.



Objetivo do Hermitage a longo prazo é a preservação do museu como repositório da experiência museológica mundial Foto: Seguêi Gunéiev/RIA Nóvosti

O Hermitage foi reconhecido, este ano, como o melhor museu da Europa pelos utilizadores do TripAdvisor, o maior portal turístico do mundo, deixando para trás os museus da Academia das Belas Artes de Florença e o parisiense d’Orsay.

Neste marcante aniversário, o Hermitage volta a florescer. Talvez só nos tempos da sua fundadora, Catarina 2a, o museu tenha vivido tão intenso desenvolvimento. Em 1764, a imperatriz deu início à coleção do Hermitage ao adquirir de um comerciante de Berlim 225 pinturas holandesas, flamengas e italianas.

Hoje em dia, o museu conserva 96 desses quadros, que primeiramente andaram por salas perdidas do palácio. Este fato deu origem ao nome do museu, já que a palavra francesa “hermitage” significa local solitário. Mas há muito que ele deixou de ser uma coleção particular, guardada em meia dúzia de salas. Como qualquer museu de renome mundial, o Hermitage tem suas filiais no exterior.

Para a cidade e para o mundo

A primeira delas foi inaugurada em 2000 na Somerset House de Londres (fechada em 2007). No ano seguinte, surgiu outra em Las Vegas (fechada em 2008), sendo seguidas pelas filiais de Amsterdã e Veneza.

No entanto, a mudança principal na vida do museu nas últimas décadas se deu na cidade que o viu nascer, São Petersburgo, quando lhe foi doado o edifício do antigo Estado Maior, do outro lado da Praça Dvortsóvaia. Os tacos de madeira dos chãos daquele edifício, construído em 1829, estavam habituados às botas dos militares, não ao calçado leve dos apreciadores de museus de belas artes.

Hermitage em números

2,5 milhões de visitantes por ano

Mais de 3 milhões de peças na coleção, incluindo achados pré-históricos, obras-primas da Antiguidade, arte oriental e do mundo eslavo

Mais de 600 mil peças artísticas da Europa Ocidental

A exposição permanente ocupa 120 salas divididas por 4 edifícios

No museu trabalham mais de 2.500 pessoas

Os novos espaços do Hermitage acolhem, anualmente, exposições que suscitam grande ressonância. Em 2012, por exemplo, o trabalho Jake e Dinos Chapman, “Fim do Regozijo”, na qual os autores estadunidenses exprimiam, de forma caricatural, sua visão de Auschwitz, provocou grande escândalo.

No ano passado foi a vez da “Arte Moderna do Japão”. A atenção dos visitantes foi cativada por um enorme labirinto de carreiras de sal no chão do edifício do Estado Maior pelo artista nipônico Motoi Yamamoto. “Manifesta”, a Bienal Europeia de Arte Moderna, marcou este ano.

“Nunca a Rússia presenciou um certame de tal nível e significado”, salienta Mikhail Piotrovski, diretor do Hermitage. “Até agora, organizávamos as nossas próprias exposições, umas melhores, outras piores. Agora, recebemos uma exposição criada na Europa e para a Europa, que pela primeira vez atravessou as fronteiras da União Europeia.”

Natália Semiónova, historiadora de arte, sublinha uma caraterística exclusiva do museu:

“Nenhum museu russo, a não ser o Hermitage, tem seus depósitos [instalações onde estão guardados os objetos não fazendo parte da exposição permanente] abertos ao público, que pode assim admirar uma quantidade enorme de obras de arte, no passado fechadas a sete chaves”. Aí se organizam visitas guiadas, conferências e palestras.

Na opinião de John Varoli, jornalista norte-americano, especialista em cultura da Rússia, onde viveu durante 13 anos, o fato do Hermitage ter por sede o incomparável Palácio de Inverno o diferencia com vantagem dos outros grandes museus.

“Por exemplo, a coleção do Louvre até será mais valiosa, mas está num edifício de linhas severas e pouco atrativas, enquanto o interior do Palácio de Inverno, casa soberba e acolhedora dos tsares russos, é impressionante. A atenção dos visitantes estrangeiros se prende, por vezes, mais aos interiores do que propriamente à coleção, sem dúvida uma das melhores do mundo.”

Tempos novos

O Hermitage vai festejar o seu 250º aniversário, como sempre, no dia 7 de dezembro.

“Vamos abrir tudo. A ala oriental do antigo Estado Maior, o novo edifício em Stáraia Derévnia, instalações do Pequeno Hermitage e o Edifício Secundário do Palácio de Inverno, ao lado do Teatro do Hermitage”, promete Piotrovski.




“Temos muitos projetos; a curto prazo, faremos grandes exposições: ‘Arqueologia no Hermitage’, ‘Novas Aquisições’ e ‘Restauração no Hermitage’, além de uma exposição de vitrinas e história de design arqueológico”, completa Piotrovski.

No entanto, segundo ele, o objetivo do Hermitage a longo prazo é a preservação do museu como repositório da experiência museológica mundial, tornando essa experiência o mais acessível que se possa, sem fins lucrativos.

“Em toda a parte se procura entender o que são critérios de êxito do museu, frequentemente associando isso ao resultado contabilístico”, releva Piotrovski.

“Na realidade, o êxito é medido pelo número de pessoas que compartilham a vida do museu, vivendo na mesma cidade ou no mesmo país. Sendo um museu muito grande, o Hermitage é uma instituição cultural muito democrática: une muita gente, é acessível a todos e as pessoas, por muito diferentes que sejam entre elas, nele sempre podem encontrar qualquer coisa de interesse.”

fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://br.rbth.com/arte/2014/10/12/hermitage_chega_a_250_anos_como_preferido_dos_europeus_27737.html

French feminist group demands removal of ‘sexual assault’ kiss sculpture

A statue of a sailor kissing a nurse – based on an iconic photo taken in Times Square at the end of World War 2 – has drawn protests from French feminist group Osez Le Feminisme (Dare to be Feminist).

The group has launched a petition demanding that the 25-foot sculpture be removed from its current location, a war memorial in Normandy, on the grounds that it portrays a sexual assault. The statue ‘Unconditional surrender’ by US artist Seward Johnson AFP PHOTO / DAMIEN MEYERDAMIEN MEYER/AFP/Getty Images

The original photo was taken by Alfred Eisenstaedt on 14 August 1945, as U.S. President Harry S. Truman announced the end of the war on Japan. According to Eisenstaedt, the sailor was ‘grabbing every female he could find and kissing them all’.

Osez Le Feminisme said: ‘We cannot accept that the Caen Memorial erected a sexual assault as a symbol of peace. We therefore request the removal of this sculpture as soon as possible.’

‘The sailor could have laughed with these women, hugged them, asked them if he could kiss them with joy.

‘No, he chose to grab them with a firm hand to kiss them. It was an assault.’

The identity of the nurse in the photograph has never been firmly established, although many women have come forward to claim it is them.

Edith Shain, the first person to identify herself as the subject of the picture, said she had let the sailor kiss her ‘because he had fought for his country’.

However, another possible candidate, Greta Zimmer Friedman, gave a more damning account in 2012: ‘Before I understand what is happening, I found myself gripped in a vice. You caught me. This man was very strong. I kissed it, it was he who kissed me.’

Carpet beetles can be problem pests for homes and museums


I got a couple of calls about carpet beetles recently. Carpet beetle larvae are small, about a quarter-inch long and carrot-shaped with long hairs.



Richard Fagerlund




The varied carpet beetle (Anthrenus verbasci) feeds on anything that is made from animals, including fabrics, furniture and carpets. They will also feed on wool products and other items such as linen, cotton, silk or rayon that may be stained with animal excretions, which are nutritious to carpet beetles. These beetles are common in museums where they feed on animal hair and feathers.

The other species in our area, the black carpet beetle (Attagenus unicolor), will feed on seeds, grains and flour products in the larval stage. The adults are small and round. The varied carpet beetle is black with lighter markings.

You can tell you have carpet beetles when you find the cast-off skins of the larvae after they molt, along with fine, sandlike fecal pellets. The larvae can eat large, irregular holes in fabric, but prefer to graze on the surface. They also will eat holes in packaging to get to food. On furs, they will eat the hairs, but not the hide. The varied carpet beetle larvae also feed on dead insects and spiders.

The best method for controlling carpet beetles is by completely cleaning everything. Steam clean the carpets if possible, as well as any upholstered furniture. Vacuum under all furniture as carpet beetles can survive feeding on dust bunnies. Accumulations of hairs, dead insects or spiders should be removed from windowsills, light fixtures and corners. Soiled clothing should be cleaned. Of course, all of your window and door screens should be in good shape.

Keep a bottle of Greenbug for Indoors available to spray any adults or larvae you find. If you can’t get Greenbug, you can use EcoSmart products as they are EPA-exempt and safe to use. Some stores sell them. Google “Greenbug” to find the source.

Carpet beetles are also found in the nests of birds, rodents, bees and wasps.

Adult carpet beetles feed on nectar in flowers so they don’t do any damage beyond breeding indoors. If you have flowers blooming near your house, you will attract them. Make sure there aren’t any ways for them to get into your house. The beetle’s life span is about three weeks. The larval stage can be around from one to three years.

There are two other closely related pests we should discuss.

The hide beetle (Dermestes maculatus) is brown on top and white on the bottom and the larder beetle (Dermestes lardarius) is brown with a broad cream-colored band across the front of the abdomen. Both are about twice as big as carpet beetles and are oblong instead of round.

These beetles prefer animal products such as leather goods, hides, skins, dried fish, bacon, cheese and feathers. They can be a major pest in museums. In homes, their presence can be attributed to bird or rodent carcasses, old bees or wasps nests or plants with a high protein level. Sanitation is important and sticky traps can be used on flat surfaces to catch adult and larval dermestid beeetles.

The problem these beetles can cause is the dried cast-off larval skins will break down, releasing the tiny hairs on them. If the hairs move come in contact with your skin and become imbedded in a pore, you can get a serious rash. This is not something that happens very often, but it is a possibility.

If you have pest questions or need any insects identified (for free), contact me at askthebugman2013@gmail.com

fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://www.abqjournal.com/478167/opinion/carpet-beetles-can-be-problem-pests-for-homes-and-museums.html

Musée du Louvre : le Maroc Médiéval s’expose








C’est à partir du 17 octobre prochain que le musée du Louvre ouvrira ses portes à une exposition consacrée au Maroc Médiéval.











Le célèbre musée parisien du Louvre va accueillir une exposition qui va couvrir l’histoire des trois dynasties arabo-berbères qui ont construit un territoire politique idéologique économique qui va du Mali jusqu’en Andalousie, une période allant du XIe au XVe siècle, communément qualifiée de « l’âge d’or marocain ».

C’est la première fois en France qu’une exposition se focalise sur cette période, une période relativement méconnue.

Cette exposition sera l’occasion de découvrir 500 objets qui illustrent cette époque, par exemple le grand lustre de la mosquée al Qarawiyyin, la plus ancienne et la plus grande mosquée marocaine. Ce lustre monumental, d’une tonne, tout en cuivre n’avait jusqu’à présent jamais quitté le Maroc.

Suspendu très bas, les visiteurs pourront admirer la virtuosité des artisans qui l’ont décoré de calligraphies et de lignes géométriques.

Hormis ce lustre, il sera possible de découvrir des minbars hauts de trois mètres, l’équivalent pour les dignitaires musulmans des chairs des églises. Il s’agit tout simplement des plus anciens minbars conservés dans le monde islamique.

Cette exposition sur le Maroc Médiéval est donc à découvrir au Louvre, à partir du 17 octobre.

fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://www.biladi.fr/musee-du-louvre-maroc-medieval-sexpose/

La réouverture du musée Moreau reportée à janvier 2015


Le musée national Gustave Moreau rouvrira ses portes le 14 janvier prochain, après plus d’un an de travaux effectués dans le cadre du plan Musées 2011-2014, instauré par le ministère de la Culture et de la Communication.





Gustave Moreau, Narcisse, aquarelle, H : 53 cm, L : 61 cm, musée Gustave Moreau, Paris (RMN-GP/René-Gabriel Ojéda). L’œuvre sera présentée dans l’ancienne salle à manger, transformée en cabinet d’arts graphiques.





Situé au 14, rue de La Rochefoucauld (IXe arrondissement de Paris), dans l'ancien atelier du peintre symboliste, le musée réhabilité devait initialement être inauguré le 19 novembre. C'est finalement avec deux mois de retard que s'achèveront les opérations de rénovation et d'agrandissement, confiées aux architectes Bernard Bauchet et Sabine Kranz, visant à la restauration des six pièces du rez-de-chaussée, fermées depuis 2002, et à la création d'une extension de 176 m2 en sous-sol et d'un cabinet d'arts graphiques. Le réaménagement des espaces rendra possible la présentation d'une partie de la collection absente des cimaises depuis plus de dix ans, composée de près de quatre cents peintures, de centaines de dessins et d'un ensemble d'aquarelles. Les maîtres d'oeuvre en charge de la réhabilitation ont tenté de ne pas dénaturer la muséographie, restée inchangée depuis l'ouverture du musée en 1903, et le projet muséal de Gustave Moreau, qui souhaitait « garder toujours, ou au moins aussi longtemps que possible, cette collection, en lui conservant son caractère d'ensemble ».


fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://www.connaissancedesarts.com/peinture-sculpture/actus/la-reouverture-du-musee-moreau-reportee-a-janvier-2015-108459.php

Os museus na era do ‘selfie’


As pinacotecas mais visitadas buscam fórmulas para administrar
o excesso de turistas




Turistas fotografam a Monalisa. / singapore press holdings


A Monalisa, no Museu do Louvre, em Paris, é seguramente a imagem mais famosa do mundo ao lado da criação de Adão (o dedo de Deus) na Capela Sistina. As duas obras-primas do Renascimento, de Leonardo da Vinci e Michelangelo, têm um valor simbólico que vai muito além da arte; mas dividem o mesmo problema: o excesso de visitantes. A sala da Gioconda vive submersa em um constante marasmo, cheia de turistas que dão as costas ao quadro enquanto fazem selfies no meio do rumor constante da multidão, e na capela onde os papas são eleitos se embolam, em qualquer hora do dia em que estejam abertos os Museus do Vaticano, umas 2.000 pessoas (são recebidos cerca de 22.000 turistas por dia).

"O problema de 99% dos museus do mundo é o oposto, ter poucas visitas", explica Luis Alfredo Grau Lobo, diretor do Museu de León e presidente da seção espanhola do Conselho Internacional de Museus (ICOM, na sigla em inglês). "O excesso de visitantes afeta poucos museus e, dentro desses museus, muito poucas salas. Mas todo mundo que já esteve diante da Monalisa deixou de ver o quadro nas condições adequadas para contemplar uma obra de arte". As avalanches se concentram em poucas cidades –Paris, Londres, Roma, Florença, Nova York– embora tenham chegado a Madri no ano passado com a exposição de Dalí no Reina Sofía, a quarta mais visitada do mundo (732.000 pessoas / 6.615 por dia), segundo a lista elaborada a cada verão pela revista The Art Newspaper, que coloca o Centro de Arte Reina Sofía no décimo segundo posto dos mais visitados (3,18 milhões).

O Governo francês anunciou nessa semana a intenção de que em 2015 o Louvre –o museu mais frequentado do mundo, com 9,3 milhões de visitantes em 2013– abra 362 dias ao ano, sete dias por semana "para melhorar a acessibilidade das obras e melhorar a acolhida ao público". Os Museus do Vaticano, por outro lado, têm previsto pôr em funcionamento nas próximas semanas um novo sistema de ventilação na Capela Sistina para garantir sua preservação em meio às massas. "Na Espanha não chegamos a esse ponto tão dramático", explica Miguel Zugaza, diretor do Museu do Prado, que recebeu 2,3 milhões de visitantes em 2013. "Tratam-se de obras icônicas, que recebem uma enorme atenção. É uma espécie de perversão do fanatismo das visitas", acrescenta.


Segundo a lista da revista The Art Newspaper, depois do Louvre, que ocupa de longe o primeiro lugar, os museus mais visitados do mundo são o Museu Britânico (Londres, 6,7 milhões); o Metropolitan Museum of Art (Nova York, 6,2 milhões); a National Gallery (Londres, 6,3 milhões), os Museus do Vaticano (Roma, 5,4 milhões); a Tate Moderm (Londres, 4,8 milhões); o National Palace Museum (Taipé, 4,5 milhões); a National Gallery of Art (Washington DC, 4 milhões); o Centro Pompidou (Paris, 3,7 milhões) e o Museu d'Orsay (Paris, 3,5 milhões).

Como acontece com todos os problemas provocados pelo turismo massivo, não é algo que tenha fácil solução, nem do ponto vista ético, nem do ponto de vista econômico. Como explica a professora de Museologia da Universidade Complutense de Madri, Francisca Hernández, "herdamos o patrimônio, por isso nosso dever é a conservação. Mas também também temos de usufruir dele". "É difícil", acrescenta. "Não se pode admitir tanta gente, mas ao mesmo tempo é lógico que todo mundo queira ver as obras de arte". Manuel Boirja-Villel, diretor do Reina Sofía de Madri, está convencido de que o problema tem solução: "A crescente popularização dos museus provocou um efeito negativo: que o sucesso dessas instituições seja medido unicamente por meio de cifras. Mas também estamos conscientes de que representa uma oportunidade e um desafio. Nunca antes a cultura foi tão popular. Os museus são lugares de encontro, espaços de relação. Devemos tratar de garantir o acesso à arte e à cultura ao maior número de pessoas e temos de ser capazes também de criar mecanismos que regulem os fluxos de público e que possibilitem aos visitantes fazer suas as narrações que o museu propõe".




Multidão de turistas contempla os frescos de Michelangelo. / Agencia Corbis

Não é fácil negar a visita ou estabelecer cotas fechadas para restringir o número de pessoas em cada sala –como faz a galeria Borghese em Roma, por exemplo, ou fez o Reina Sofía durante a exposição de Dalí–, especialmente para turistas que vêm em alguns casos do outro lado do mundo (13,3% dos visitantes do Louvre são dos EUA, 4,1% do Japão e 3,8% da China, segundo dados da instituição). E também há a questão econômica. No caso do grande museu parisiense, a entrada custa 12 euros (16 com as exposições temporárias), mais os gastos que se possam ter nas lojas ou bares (mais do que possíveis durante uma visita que dura em média duas horas e quarenta e dois minutos). Tudo isso multiplicado por 9,3 milhões de pessoas é muito dinheiro. A porta-voz do Louvre, Christine Cuny, indicou que o museu pôs em prática um projeto de reforma da famosa pirâmide da entrada: quando foi inaugurada, estava previsto que fosse utilizada por quatro milhões de visitantes no máximo. "A reorganização dos acessos sob a pirâmide trará soluções para melhorar a qualidade da visita", garante o memorial do projeto, apresentado em setembro. As obras começaram neste trimestre e se prolongarão até 2017.

"O grande problema é que existem alguns museus massificados e outros vazios", prossegue a professora Hernández. "Em todos os países está acontecendo a mesma coisa. Existem pequenos museus aos quais ninguém vai e macromuseus que estão lotados. Mas muitas vezes não há pedagogia, é o quadro pelo quadro". As câmeras fotográficas dos telefones celulares não fazem mais do que acrescentar uma nota absurda ao caos, porque milhares de visitantes dão as costas ao quadro que em teoria foram ver para fotografar-se com ele. No Prado, explica Miguel Zugaza, as fotos são proibidas para melhorar a qualidade da visita. Nos museus britânicos ou franceses as fotos são permitidas, embora comecem a surgir vozes contrárias. Peter Bazalgette, presidente do Arts Council do Reino Unido, fez uma proposta recentemente: que assim como foram estabelecidos vagões silenciosos nos trens, se decretem horas livres de selfies nas galerias. "Permitamos a fotografia, mas que cada sala tenha uma hora ao dia sem fotos", afirmou em uma conferência na qual defendeu que o público compartilhe imagens das obras de arte "tanto quanto seja possível", mas deixando algum oásis de tranquilidade. "Não somos muito partidários das proibições", afirma por seu lado Borja-Villel. "Os museus devem se adaptar às novas dinâmicas da sociedade, neste caso às novas modas que as tecnologias geram. Acreditamos que o verdadeiramente importante é sensibilizar os visitantes sobre a importância de respeitar as demais pessoas que estão visitando o museu".




Filas quilométricas na praça de Sánchez Bustillo para a exposição de Dalí no Reina Sofía. / Carlos Rosillo

Estabelecer um regime de visitas pautadas tampouco garante uma solução ao problema. A galeria dos Uffizi, pinacoteca florentina que alberga uma das coleções de quadros mais importantes do mundo, tem um sistema de venda de entradas por hora, administrado por meio de uma empresa privada. Contudo, uma vez dentro, a visita é um calvário de calor e multidões. O problema é que o edifício não está preparado para ser um museu e nem para permitir que enormes massas humanas transitem por seus corredores e salas. O professor de história da arte e ensaísta italiano Tomaso Montanari propõe em seu livro Le pietre e il popolo (As pedras e o povo, em tradução livre) uma solução drástica: Mudar a galeria dos Uffizi para os arredores de Florença. "É um museu que poderia ser tudo o que os Uffizi nunca serão no magnífico edifício de Giorgio Vasari", afirma em uma conversa por e-mail. "Poderia ter um grande auditório, uma parte dedicada às crianças. Poderia ser um museu para os cidadãos, para sua vida diária e seu futuro, não uma máquina de fazer dinheiro para turistas".

Existe um debate sobre esse crescente problema, assim como acontece com o turismo de massas? “Não, infelizmente não”, afirma Montanari. “Ainda não existem estudos sérios sobre o assunto”, afirma por seu lado Francisca Hernández. Gaël de Guichen, uma das grandes especialistas mundiais em conservação, explica: “Não basta ver as obras de arte. Os visitantes devem sair enriquecidos. Aí está a chave". De Guichen relata que anos atrás conversava com um ex-diretor dos Museus do Vaticano que lhe explicou que gostaria de ter um restaurante e fazer os clientes passarem pela balança depois de comer para comprovar se tinham ganhado peso. “Explicou-me que gostaria de ter uma balança assim no museu, comprovar se as pessoas tinham mudado, se tinham se enriquecido”, relata De Guichen. A pergunta é se isso é possível no meio das multidões e dos selfies.
 
 
fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://brasil.elpais.com/brasil/2014/10/05/cultura/1412517551_429563.html