Ouvir o texto...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O Director-Regional de Cultura do Norte, António Ponte, faz um balanço muito positivo do primeiro ano à frente do organismo, um ano em que o número de visitantes dos museus e monumentos aumentou 50%. ( .pt )


Não será tudo graças aos turistas – tem havido um esforço para programar actividades regulares no património edificado. Essa política é para continuar e os modelos de candidatura aos financiamentos comunitários também. A novidade é que, depois do património edificado, a tutela vai voltar-se para o património imaterial. O processo de registo está em fase de arranque.

Em 2014 o número de visitantes dos museus e monumentos da Região Norte cresceu 50%. A que se deve este súbito interesse?
Há várias condicionantes que podem ter influenciado este resultado operacional dos museus e dos monumentos. Uma delas é o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelos responsáveis de cada um dos espaços – estamos a falar de sete museus e de monumentos espalhados por toda a região e com várias tutelas – e que passa por uma política de promoção de actividades culturais que acrescentam interesse à visitação. A outra é o esforço de divulgação que tem sido feito, não só das actividades mas da própria intervenção nos monumentos, o que também tem suscitado curiosidade. Acredito que, quando alertadas para o facto de estarem a acontecer coisas, as pessoas tem a tendência de ir ver.

Onde é que estão a acontecer essas coisas?
Está a haver um investimento muito relevante em todas tipologias em que temos responsabilidade: mosteiros e igrejas, catedrais, castelos, património arqueológico. E temos tido mais cuidado em promover as intervenções e, ao fazê-lo, estamos a suscitar a curiosidade das pessoas. 

Correndo o risco de ser uma curiosidade temporária. A casa das Artes, por exemplo, devolvida ao público há um ano, tem ficado aquém das expectativas, com uma ocupação “volátil”.
A Casa das Artes e Casa de Allen só foram integradas na Direcção-Geral da Cultura em 2012, e só ficou sem obras no final de 2013. O ano de 2014 foi um ano de apropriação dos equipamentos. Estabilizou-se uma programação de cinema, com o apoio do Cineclube do Porto, mas estamos a tentar um conjunto de parcerias com instituições da região, não só culturais mas também de ensino para criarmos uma programação mais regular. Espero que a Casa das Artes possa ser palco para jovens criadores, a diferentes níveis e nas diferentes disciplinas artísticas. Temos estabelecido contactos com escolas de formação, a ESMAE é uma delas, no sentido de podermos disponibilizar um espaço para que os jovens que saem da formação tenham um sitio onde se apresentar. E com o serviço educativo que já foi lançado queremos despertar interesse nos mais jovens para as diferentes disciplinas artísticas. O objectivo é que seja um serviço com amplitude nas diferentes áreas culturais.

A apresentação da programação está prevista para breve. O que pode adiantar?
A programação cultural da DRCN não se centra na Casa das Artes, nem no Porto. Estamos a tentar que ela se espalhe pelo território, se descentralize, animando não só espaços nossos dispersos pelo território, mas também espaços de outras entidades, nomeadamente de autarquias. A perspectiva é criar uma programação que dê regularidade aos espaços. 

Estamos a falar de que espaços? De igrejas e catedrais? 
Exactamente. Tivemos na Rota das Catedrais um ciclo de concertos – Do Advento ao Natal – com todas as [sete] catedrais completamente lotadas. E conseguimos com isto promover grupos de grande qualidade que existem no contexto regional. Em Março vai ser retomado o ciclo de concertos Espaços da Polifonia, com o qual, na mesma lógica, queremos promover o património arquitectónico mas também o musical. O esforço que se se faz na salvaguarda do património é muito relevante, mas é muito importante animá-lo, criar mecanismos que aumentem o interesse na visitação e frequência nesses espaços. Todos os investimentos que temos em curso e vamos lançar têm esse objectivo: o de garantir a salvaguarda da memória, preservando os espaços edificados, mas também dar às pessoas a possibilidade de usufruírem de espaços qualificados com uma actividade cultural. Estamos também a tentar interpretar os espaços, a procurar os seus contextos e história para a comunicar ao publico. A par das reabilitações em curso, andamos a produzir prospectos e a criar exposições, que façam a capacitação do conhecimento dos visitantes através dos monumentos que visita.

fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://www.publico.pt/local/noticia/a-grande-aposta-nao-e-recuperar-edificios-isolados-mas-criar-redes-de-visitacao-1686954

Nenhum comentário:

Postar um comentário