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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Afinal são várias as espécies de pré-humanos que coexistiram na mesma região

Investigadores apresentam descoberta de evidências fósseis e descrevem nova espécie de hominíneo que terá coexistido com a famosa Australopithecus afarensisou Lucy. As novas evidências põe em causa teorias antigas sobre a evolução humana.

© Cleveland Museum of Natural History

As contas dos antropólogos e arqueólogos começam a complicar-se por cada vez que surgem novas evidências sobre a possível existência de múltiplas espécies de hominíneos que terão coexistido na mesma região geográfica há cerca de 3,3 a 3,5 milhões de anos, antes do primeiro Homem moderno cujo surgimento data 2 milhões de anos. 

Agora é uma equipa de investigadores internacional, liderada por Yohannes Haile-Selassie, doCleveland Museum of Natural History, nos EUA, que publica na edição de hoje, 28 de maio, um artigo na revista científica Nature, onde descreve uma nova espécie de hominíneo que batizou deAustralopithecus deyiremeda e que terá vivido ao mesmo tempo e na mesma área geográfica que a espécie Australopithecus afarensis, a famosa Lucy descoberta em 1974, na Etiópia. 

No artigo agora publicado, os cientistas descrevem a nova espécie Australopithecus deyiremeda com base em um maxilar superior com dentes, descoberto a 4 de março de 2011 numa das localidades de Burtele, em Afar, na Etiópia, e dois maxilares inferiores encontrados na mesma data e no mesmo local assim como numa localidade vizinha denominada de Waytaleyta. 

Os investigadores revelam que a espécie Australopithecus deyiremeda difere da espécieAustralopithecus afarensis no que diz respeito à forma e dimensão dos dentes e na arquitetura robusta do maxilar inferior. Para além disso, os dentes anteriores são também mais pequenos indicando uma dieta diferente. 

De acordo com os cientistas, a nova espécie terá vivido há 3,3 a 3,5 milhões de anos. Beverly Saylor, da Case Western Reserve University e um dos autores do estudo explica, citado em comunicado doCleveland Museum of Natural History, que «a idade dos novos fósseis é muito bem limitada pela geologia regional, a datação radiométrica e os novos dados paleomagnéticos».

Yohannes Haile-Selassie, curador de antropologia física no Cleveland Museum of Natural History e autor principal do estudo, afirma que «a nova espécie é ainda outra confirmação que a espécie da Lucy, Australopithecus afarensis, não era a única potencial espécie ancestral humana que percorreu a região de Afar, na Etiópia, durante o Piloceno Médio». 

O especialista acredita que «evidência fóssil atual da área de estudo do Woranso-Mille mostra claramente que existiram pelo menos duas, senão três, espécies de pré-humanos que viveram ao mesmo tempo e numa localização geográfica próxima».

Há medida que se vão encontrando evidências de novas espécies de hominíneos, a árvore da evolução que deu origem ao Homem moderno complica-se com a adição de novos ramos. Estas novas evidências põe em causa a teoria geralmente aceite até ao final do século XX de que teria existido apenas uma espécie pré-humana há 3 a 4 milhões de anos, a qual terá dado posteriormente origem a outras novas espécies ao longo do tempo. 

Uma questão sobre a evolução que para o autor do estudo não pode mais ser ignorada. «Esta nova espécie da Etiópia leva o debate em curso sobre a diversidade inicial de hominíneos a outro nível», afirma Haile-Selassie e acrescenta que «alguns dos nossos colegas vão ficar céticos sobre esta nova espécie, o que não é invulgar».

«No entanto, penso que chegou a altura de olhar para as fases iniciais da nossa evolução com mente aberta e devemos examinar cuidadosamente a evidência de fósseis atualmente disponível em vez de dispensarmos de imediato os fósseis que não encaixam nas hipóteses que existem há muito tempo».

fonte: @edisonmariotti #edisonmarioti http://www.tvciencia.pt/tvcnot/pagnot/tvcnot03.asp?codpub=38&codnot=24

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