Com a nova exposição sobre Maya Deren, pioneira do cinema experimental nos Estados Unidos, inaugurada dia 01 de outubro, o
Johann Jacobs Museum, em Zurique, dá mais um passo na consolidação da estratégia de desenvolver uma rede alternativa do circuito dominante das artes. Entre as atrações, o evento conta com a exibição de 6 minutos de um filme inédito rodado pela artista no Haiti, além da obra “Meditation on violence” (Meditação sobre a violência), de 1948.
A artista, que nasceu em 1917 na Ucrânia e em 1922 migrou com a família para os Estados Unidos, acreditava que a função do cinema é gerar novas experiências, sensações, emoções. Trouxe para seus trabalhos elementos da dança, do vodu haitiano, da psicologia, entre outros. Usava e abusava dos diversos recursos de filmagem e edição, desenvolvendo assim uma nova linguagem.
Os rituais de vodu
O trabalho da dançarina Katherine Dunham, que escreveu em 1939 uma tese sobre as danças rituais no Haiti, foi uma das inspirações de Deren. Em 1947, a artista também estudou filmagem etnográfica com Gregory Bateson, em Bali, que pertencia a um grupo de antropólogos que acabou influenciando o trabalho e a ida da artista ao Haiti.
Em setembro de 1947, Deren mudou-se por 9 meses para o país do Caribe. Após esse período, voltou várias vezes. Filmou, fotografou e participou de várias cerimonias de vodu. São praticamente 5.500 metros de filme rodados pela artista. Na exposição, os visitantes poderão assistir cerca de 6 minutos da obra inédita rodada no Haiti e o filme “Meditation on violence”, este último produzido na fase em que a artista se aproximou do grupo de antropólogos formado por Margareth Mead, Gregory Bateson, entre outros.
Exposição
The Haitian Rushes, by Maya Deren
Quando: De 01 de outubro de 2015 a 17 de janeiro de 2016
Onde: Johann Jacobs Museum, Zurique
Mais detalhes: www.johannjacobs.com
A exposição conta ainda com objetos e banners de vodu do início dos anos 50, que compõem o “cenário” do Haiti como um cruzamento de rotas, raças – um meio (antropológico e de contracultura) em que Deren operava. O sentido da exposição, segundo os organizadores, é cruzar arte e antropologia de maneira a se criar uma ideia ou imagem dos encontros transculturais que perpassam a história do Haiti e a própria exploração de Deren.
Maya Deren.
(AFP)
O material, deixado por Deren praticamente sem edição, será restaurado num projeto que prevê a colaboração do Museu com o Anthology Film Archives, de Nova Iorque, e a cineasta Martina Kudlácek, em Viena. O resultado desse trabalho será apresentado ao público em 2017. Em 2018, o filme completo será apresentado na exposição sobre antropologia e arte no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri.