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terça-feira, 31 de maio de 2011

Encontro com Clay Shirky - “Excedente Cognitivo”

Clay Shirky, que está no Brasil para participa do encontro A Sociedade em Rede e a Economia Criativa, realizado pelo Instituto Vivo e Fundação Telefônica. Ele é o autor de Cognitive Surplus, ou “Excedente Cognitivo” em tradução literal.

O título brasileiro “A Cultura da Participação – Criatividade e Generosidade no Mundo Conectado” dedica-se a analisar as mudanças comportamentais que lançam o cidadão contemporâneo a uma nova atitude em relação ao seu tempo livre.
Da febre de consumo de gim na Inglaterra do século XVIII à embriaguez do telespectador da segunda metade do século XX, Shirky apresenta os novos padrões de comportamento dos seres digitais contemporâneos: proativos, protagonistas, em busca de “autonomia como motivação pessoal intrínseca”.
Recheados de casos e estudos de psicologia e economia comportamentais, Shirky tenta compreender as motivações e usos dos mecanismos digitais em torno da cultura participativa. Ele fala de uma nova economia gerada a partir de processos colaborativos, desenvolvida e incentivada por amadores (que fazem por amor) e um tipo de recompensa que transcende as relações comerciais de mercado.
Sem nos apresentar prognósticos sobre o futuro da produção do conhecimento, apresenta uma nova ótica para compreender e avaliar a tensão gerada entre os provedores de conteúdos amadores e profissionais, a partir de exemplos que demonstram a simples satisfação dos cidadãos contemporâneos (ele refuta a tese do conflito geracional XYZ) de participar ativamente de algo que simplesmente o tire da relação passiva com a mídia.
O professor do Programa de Telecomunicações da Universidade Nova York e consultor de empresas como Nokia, BBC, News-Corp, nos apresenta o “excedente cognitivo” como um novo e potente capital social, permitindo o engajamento, o compromisso social e a melhor utilização do tempo em tarefas coletivas, que façam sentido a grupos de afinidade antes confinados à clausura passiva da televisão.
Nosso ambiente de mídia (ou seja, nosso tecido conjuntivo) mudou. Num histórico piscar de olhos, passamos de um mundo com dois modelos diferentes de mídias – transmissões públicas por profissionais e conversas privadas entre pares de pessoas – para um mundo no qual se mesclam a comunicação social pública e a privada, em que produção profissional e a amadora se confundem e em que a participação pública voluntária passou de inexistente a fundamental.
O livro nos ajuda muito a compreender os movimentos dessa nova indústria cultural, que vem sendo forjada a partir de grandes negociações entre conglomerados de mídia e empresas digitais como MySpace (adquirido pela News-Corp), YouTube (e seus acordos operacionais com a Warner), Skype (recém-adquirida pela Microsoft). Mas não o suficiente para traçar prognósticos precisos sobre a relação dessa economia espontânea e criativa com uma velha economia baseada na exploração de franquias baseadas na propriedade intelectual.
“A Cultura Participativa” dialoga e complementa com outras publicações do gênero, como “A Cauda Longa” e “Cultura da Convergência”, entre outras, e nos oferece ferramentas concretas para o uso das tecnologias de informação e comunicação a serviço de empreendimentos criativos.
A mídia da qual somos alvo, mas não nos inclui, não merece ser tolerada”.

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