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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Pintura sacra oculta há mais de 80 anos é apresentada em Alagoas


imageImagem de Nossa Senhora dos Anjos
Descoberta mostra pintura que ficou oculta durante os últimos 80 anos
Uma pintura sacra do século 18 que estava coberta de tinta havia mais de 80 anos pode ser visitada a partir do sábado (30) no altar-mor da Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, na cidade histórica de Penedo (156 km de Maceió).
A imagem de Nossa Senhora dos Anjos com o menino Jesus pintado no ventre foi resgatada após o trabalho de restauração do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e está completamente recuperada, segundo traços e pinturas originais. A imagem de Maria grávida de Jesus faz parte do conjunto de obras artísticas do cruzeiro do altar-mor da igreja do Convento Franciscano de Penedo.

Segundo o guardião do complexo conventual, frei José Teixeira, conhecido como frei Zezinho, a reforma e a restauração da Igreja foram necessárias devido à ação do tempo, que trouxe fungos na madeira e o desaparecimento do verniz.
Além do ataque de cupins, que arruinou a madeira das juntas dos altares e do forro do teto, outros espaços, como os altares, o púlpito, a escadaria e capitéis da igreja foram restaurados.

Imagens escondidas

A pintura do menino Jesus desapareceu na década de 1930, quando um frei alemão, guardião do convento à época, mandou cobrir todas as peças que tivessem alguma parte íntima à mostra.
Segundo frei Zezinho, por pudor, o frei alemão mandou cobrir de tinta o vestido da santa por inteiro para esconder a imagem de Jesus na barriga de Maria. Além disso, em outro altar, algumas imagens de índias desnudas e genitálias de todos os anjos que estavam à vista também foram cobertas.
Na década de 50, a igreja de Nossa Senhora dos Anjos passou por uma nova intervenção e perdeu sua originalidade. As cores rosa e azul, imitando o estilo da Igreja de Nossa Senhora das Correntes, também em Penedo, cobriram parte do emadeirado do local.
Mas devido ao bom estado de conservação em que se encontravam as pinturas e a forma em que a cobertura das imagens ocorreu, toda a beleza secular foi recuperada.

“O pintor atendeu às ordens do frei, mas deixou por escrito nos livros da igreja quais peças haviam sido alteradas, ele sabia da importância histórica e religiosa de cada uma. O pintor escreveu que tinha usado uma tinta diferente da original para que um dia, quando alguém resolvesse descobrir as pinturas, ficasse menos complicada a restauração”, informou frei Zezinho
Segundo ele, a igreja de Nossa Senhora dos Anjos é a segunda igreja católica do Nordeste que mais possui elementos decorativos nos estilos barroco moderno e português. “Perde apenas para outra em Salvador. Mas a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos tem uma beleza espetacular.”
De acordo com o Iphan, a recuperação da imagem original de Maria, bem como outras pinturas e peças sacras da igreja de Nossa Senhora dos Anjos, ocorreu após um trabalho minucioso.
Foram empregadas técnicas de decapagem e higienização para restaurar várias pinturas e imagens da igreja. Dessa forma, os técnicos conseguiram trazer de volta as cores originais de diversas peças e pinturas do local.
Os trabalhos de restauração da Igreja de Nossa Senhora dos Anjos custaram R$ 1,5 milhão, pagos pelo Programa Monumenta e pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para cidades históricas.

Ressagração

Depois de ficar um ano e dois meses fechada para a reforma, a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos deverá passar pela ressagração neste sábado (30), a partir das 19 horas. A cerimônia seguindo a liturgia católica, terá nova benção do bispo diocesano, dom Valério Brêda, que dará o tradicional beijo no piso e fará a consagração nas portas.

Além da ressagração, a igreja dará início ao Tríduo de Nossa Senhora dos Anjos, padroeira do convento, em comemoração ao dia da santa, 2 de agosto. Bispos e padres de Alagoas, além dos seis últimos guardiões do convento, deverão estar presentes na celebração.
A construção do Convento Franciscano de Penedo é datada no século 17. O local já abrigou um hospital e depois que passou por uma reforma voltou a abrigar atividades religiosas, com o nome de Convento Frei Camillo Lellis.

Junto a ele, no século 18 foi construída a igreja de Nossa Senhora dos Anjos e o prédio da Terceira Ordem – que contém uma capela de uso exclusivo dos frades franciscanos. Todo o complexo conventual fica localizado no centro histórico de Penedo e foi tombado pelo Iphan em 1941.
Os traços arquitetônicos do convento e da igreja são da época colonial portuguesa. A arte barroca está presente no altar-mor. Os espaços fazem parte de uma linguagem artística que chama a atenção pela conjuntura de todos os elementos do local, que são integrados à arquitetura histórica.
Os altares e o altar-mor reluzem o brilho dourado de finas camadas de ouro, que revestem peças e pinturas. Para não estragar o brilho do ouro não é permitido o uso de flash para as fotografias.

Penedo

Penedo é uma joia da arquitetura da época do Brasil colonial à beira do rio São Francisco. O município reúne igrejas, museus, teatro, além do casario histórico - que fazem parte do centro histórico-cultural da cidade.
O nome Penedo originou-se de um imenso rochedo que se encontra à margem do Rio São Francisco e batizou o primeiro povoado alagoano, ao sul do Estado.
A cidade tem parte do patrimônio histórico preservado, tombado pelo Iphan. Além das Igrejas de Nossa Senhora dos Anjos (barroco moderno), Penedo possui outras igrejas que compõem a arquitetura religiosa.
Destacam-se a Igreja de Nossa Senhora da Corrente, a Igreja de São Gonçalo Garcia, a Catedral Diocesana Penedo e Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.

Penedo viveu parte dos grandes acontecimentos históricos mais importantes do Brasil colonial, como a Invasão Holandesa, em 1637, e a visita de Dom Pedro II, em 1859.
Os holandeses, liderados por Maurício de Nassau, teriam invadido a Vila do Penedo pelas águas do Rio São Francisco para fincar o projeto de ocupação de todo o Norte e Nordeste brasileiros.
Oito anos depois, em 1645, os penedenses, auxilidados por forças baianas, expulsaram os holandeses das terras da capitania de Pernambuco, à qual Penedo pertencia, antes de Alagoas se tornar um Estado independente.
O museu Paço Imperial foi o local que hospedou o imperador dom Pedro 2º, em 1859, e até hoje resgata a história ao reunir peças em porcelanas, objetos e mobiliário que contam parte da história da estadia real.



fonte:

http://www.correiodopovo-al.com.br/v3/penedo/1055640014-Pintura-sacra-oculta-mais-anos-apresentada-Alagoas.html

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