São Paulo - “Direito de ser traduzido, reproduzido e deformado em todas as línguas” era a frase que vinha na folha de rosto da edição original do romance Serafim Ponte Grande, do modernista Oswald de Andrade. Com a citação, o escritor paulistano entrava em 1933 na vanguarda das controversas discussões sobre direitos autorais. A mensagem também foi usada para abrir a exposição sobre o autor no Museu da Língua Portuguesa, na capital paulista.
“Em 1933, ele já era a favor da cultura livre, quase uma ideia do Creative Commons, comenta o curador adjunto da mostra, Cacá Machado. “Hoje em dia, a gente ainda tem resistência a esse tipo de pensamento. Então, isso é muito radical na postura de um homem de cultura, das letras”, acrescenta.
Aberta no último dia 27, a exposição com o título Oswald de Andrade: O Culpado de Tudo usa elementos de linguagem contemporâneos para retratar a vida e a obra, elementos indissociáveis, do artista. “Há uma dimensão poético-literária, um histórico e uma dimensão pouco conhecida que é a ensaísta”, explica Machado.
A inspiração para a organização vem do poema As Quatro Gares, onde o escritor reflete sobre as quatro fases da vida. “Nossa função foi revelar Oswald de Andrade. Foi trazer a literatura dele e, como essa literatura está muito atrelada à sua vida, não tinha como não falar da vida do Oswald”, conta o curador.
Colocando esse pensamento em prática, a mostra convidou o grafiteiro Ganu para reproduzir nas paredes da exposição trechos da fase utopista do escritor que, na velhice, passou a se dedicar a reflexões sobre cultura e comportamento. “É como se fossem hieroglifos. Ao mesmo tempo, é uma relação com a rua”, explica Machado.
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