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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Novas galerias de arte em São Paulo buscam atingir público jovem

Embaladas pelo boom da arte de rua, novas galerias abrem espaço para novos artistas e se focam no público que está começando a se interessar pela arte, novos colecionadores ou apenas apreciadores. Em São Paulo, esse ano, dois novos nomes que reúnem o que existe de mais legal na produção nacional foram inaugurados, a Galeria Filtro e a Galeria LOGO.
Foto:
Flavio Samelo para Galeria LOGO (Foto: Reprodução) 
GALERIA LOGO

Na versão mais tradicional, com espaço físico fixo, a LOGO está voltada para a arte contemporânea. Baseia-se na união de três pontos de vista distintos representados por Carmo Marchetti, Lucas Ribeiro “Pexão” e Marcelo Secaf, responsáveis pela galeria localizada no bairro de Pinheiros. A proposta da LOGO é apresentar e discutir arte independente e urbana, que surge de locais que vão além de museus e galerias e foca na relevância das obras para a sociedade.

Foto:
Lucas Ribeiro, da Galeria LOGO (Foto: Reprodução)
Lucas Ribeiro conta mais sobre o trabalho desenvolvido pela galeria:

Criativa - De onde veio a ideia para a criação da LOGO? A Galeria tem algum objetivo específico?
Lucas Ribeiro - A galeria LOGO é o alinhamento da minha visão com as visões dos meus sócios, a Carmo Marchetti e o Marcelo Secaf. Eu já tenho uma galeria em Porto Alegre, desde 2003, mas conheci a Carmo quando fiz a curadoria da primeira edição da mostra TRANSFER, no Santander Cultural, em 2008. Ela foi visitar e escrever a respeito da mostra para uma revista. Um pouco depois a Carmo foi curadora de uma exposição bem impressionante em uma galeria em SP, que tinha bastante a ver com a minha pesquisa. Foi bem natural encararmos esse projeto juntos. Através dela conheci o Marcelo, que na época presidia o Conselho da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Conhecendo a coleção de arte particular do Marcelo, ficou claro que ele estava em sintonia com nossas ideias e acrescentaria muito ao projeto. Trabalhamos com arte contemporânea visual que emerge de circuitos paralelos. Queremos apresentar essa produção para o mercado da arte, colocar as obras em coleções importantes e viabilizar a carreira dos artistas, incentivando a pesquisa sobre todo um cenário artístico.

Como é feita a curadoria da LOGO, existe um critério determinado para seleção dos artistas que integram a galeria?
A curadoria surge de um diálogo entre os três sócios, nem que seja para convidar outro curador, como é o caso do argentino Tristan Rault que está fazendo a nossa próxima exposição. Os artistas representados pela galeria são nomes com os quais já trabalhamos em outros projetos ou acompanhamos o trabalho de perto faz um bom tempo. Nosso principal foco são artistas que possuem raízes em culturas urbanas como o skate, a street art, a produção de histórias em quadrinhos alternativas e a música independente, mas que já possuem um trabalho consistente produzido em ateliê, voltado para ser exposto em galerias e museus.

Nos últimos anos surgiram vários espaços pelo Brasil para promover a nova arte criada aqui. Você vê relação na abertura desses espaços com a popularização da street art, em especial o grafite?
É um cenário que provavelmente ajudou a reaproximar a arte dos cidadãos. Definitivamente a arte de rua influenciou o surgimento de novas galerias. A minha primeira galeria, em Porto Alegre, chamada Adesivo, é um exemplo disso. Mas ao longo do caminho começou a fazer sentido pensar mais nesses artistas urbanos, que emergem dessas subculturas da cidade, como artistas contemporâneos, pois o trabalho deles passou a existir e funcionar dentro de espaços expositivos. A galeria LOGO é um salto nessa direção.

Como a LOGO se relaciona com essas manifestações de arte urbana? É um formato explorado pela galeria?
Eu não acredito em arte de rua dentro de galeria ou museu. Arte de rua é na rua. Mas, no caso de alguns dos artistas com os quais trabalhamos, suas obras de ateliê são em parte influenciadas pelo que fazem ou enxergam nas ruas. Mas é uma produção distinta. Eu conspiro a favor de um conceito de "arte urbana" que englobe diversas expressões com raízes em movimentos que surgem nas cidades, essencialmente independentes e autodidatas, que não constam nos currículos de universidades de arte. Pelo menos por enquanto.

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